Você já ouviu falar no Vale do Catimbau? Até poucas semanas eu sequer sabia da existência desse lugar cheio de paisagens incríveis e de pinturas rupestres riquíssimas no interior de Pernambuco.
Em tempos de pandemia de Covid-19, cheguei ao Vale do Catimbau graças às pesquisas que realizei em busca de algum destino interessante, fora dos circuitos mais badalados e com as atrações concentradas em espaço aberto, a fim de evitar aglomerações.
Pois eu achei o local perfeito e vou te contar tudo neste post.
Então, se você gosta de natureza, belas paisagens, história e cultura, o Vale do Catimbau reúne tudo isso em um só lugar!
Vamos conhecer?!
Vale do Catimbau, PE
O Vale do Catimbau dá nome a um extenso Parque Nacional criado no ano de 2002 e que se espalha por quatro municípios do agreste pernambucano, sendo que o ponto de partida para visitá-lo é a Vila do Catimbau, distrito do município de Buíque – PE.
Aqui neste post, você vai ver:
- Como chegar ao Vale do Catimbau?
- O que fazer e ver no Parque Nacional do Vale do Catimbau?
- Roteiro de 3 dias no Vale do Catimbau
- Onde se hospedar no Vale do Catimbau?
- Quando ir ao Vale do Catimbau?
- Dicas e curiosidades do Vale do Catimbau
Vamos lá?
Como chegar ao Vale do Catimbau?
Para quem chega a Pernambuco de avião, como eu, o aeroporto mais próximo do Parque Nacional é o Internacional de Recife/Guararapes.
Do Recife, a melhor opção para se chegar à Vila do Catimbau é de carro, e foi essa a forma que escolhemos. Alugamos um carro com antecedência, marcamos para pegar numa das várias locadoras do Aeroporto Internacional do Recife e seguimos numa viagem de cerca de 4 horas, percorrendo 287 km.
O primeiro trecho segue pela BR 232, em bom estado de conservação. Já quase no final da viagem, no município de Arcoverde, entramos na PE 270 (um trecho de 26 km com alguns buracos, que exigem atenção) e seguimos até Buíque. De lá, por fim, seguimos de Buíque à Vila do Catimbau, por uma estrada nova e bem sinalizada, com extensão de cerca de 10 Km.
Há também a possibilidade de ir de ônibus, porém é uma viagem um pouco trabalhosa, visto que não há ônibus do Recife à Vila do Catimbau, e os horários entre as baldeações são poucos e desencontrados.
É necessário embarcar em um ônibus da Viação Progresso até Buíque (R$78,76 – apenas um horário por dia), e de lá tomar uma lotação até a Vila (R$5,00). Não há linhas de ônibus entre a sede do município e a Vila do Catimbau.
Outra vantagem do carro, é o fato de as trilhas do parque serem relativamente distantes da Vila, e estar com um carro alugado ajuda bastante nos deslocamentos.
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O que fazer e ver no Parque Nacional do Vale do Catimbau?
Enfim, vamos ao que mais interessa!
O Parque possui dezenas de trilhas, de leves a moderadas. Algumas trilhas se destinam à contemplação de belas paisagens, outras à apreciação de pinturas rupestres, e outras oferecem essas duas experiências num só roteiro.
As trilhas são acessíveis na companhia de guias devidamente cadastrados pelo ICMBio e registrados na Associação de Guias do parque.
A sede da associação fica na única praça da Vila, e é de lá que normalmente partem os passeios. A diária dos guias têm um preço padrão total de R$ 150,00 (valores novembro/2020).
Éramos duas pessoas, então o custo do guia ficou em R$ 75,00 para cada um de nós. Há também uma pequena taxa por visitante que deve ser paga aos proprietários das terras onde se encontram as atrações, que varia entre R$ 2,00 e R$5,00.
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Roteiro de 3 dias no Vale do Catimbau
Vamos aos detalhes do nosso roteiro de três dias pelo Vale do Catimbau, PE:
Vale do Catimbau – Dia 1
Manhã – Trilha das Torres
A Trilha das Flores foi a primeira trilha que escolhemos fazer. Nela percorremos cerca de 4 km, com duração de 4 horas, com muitas paradas para fotos, explicações do guia e descanso.
Nessa trilha conjugam-se o belo visual do alto das treze torres de arenito e a visita aos sítios arqueológicos da Loka da Cinzas (tradição Agreste e Nordeste, datadas de 6 mil anos) e ao sítio Casa de Farinha (tradição Nordeste).
Vale destacar que ao final desse roteiro ainda nos surpreendemos com um imenso paredão de arenito com diferentes cores em tons que vão do amarelo ao vermelho.
Tarde – Trilha das Umburanas
Essa trilha tem cerca de 1,5 Km percorridos entre formações rochosas esculpidas pela ação dos ventos e chuvas. Tais formações lembram diferentes figuras (e aí fica por conta do poder de abstração de cada um rs).
Além disso há uma bela vegetação, que havia florido recentemente por conta das chuvas que ocorriam na região. Mas o ponto alto, ao meu ver, foi o mirante que nos permitiu ver uma imensa planície em que fazem fronteira o agreste e o sertão pernambucanos.
Chovia nessas duas regiões, e confesso que ver e ouvir a chuva ao longe, numa região tão necessitada de água, foi muito emocionante.
Vale do Catimbau – Dia 2
Uma particularidade no segundo dia foi a chuva persistente, o que limitou nosso roteiro. Fizemos apenas uma trilha, mas que valeu muito a pena.
Trilha da Alcobaça
Trata-se de um roteiro distante da Vila do Catimbau, e para alcançá-la demos a volta de carro em uma imensa serra até chegarmos ao distrito de Barro Preto.
A trilha é leve, caminhando no meio de uma belíssima vegetação, cheia de cactos enormes, como o Mandacaru! Por fim, chegamos a um enorme paredão, repleto de pinturas rupestres de tradição Nordeste (e algumas da tradição Itaquatiara) sobrepostas por povos que passaram por ali em diferentes épocas, com formas geométricas desafiadoras à imaginação.
Ali também encontra-se um cemitério em contínua escavação, onde foram encontrados esqueletos com diferentes datações, entre dois e seis mil anos de idade.
Vale do Catimbau – Dia 3
Esse foi o dia mais intenso, pois queríamos fazer as trilhas que não conseguimos fazer no dia anterior, por conta da chuva. Contudo, fizemos tudo que pretendíamos sem correria.
Manhã: Trilha do Cânion
Trilha curta, de grau médio de dificuldade, que percorre belíssimas formações rochosas e termina no alto de um cânion exuberante, ao som do vento e dos pássaros.
Trilha da Igrejinha
Trilha leve, que nos levou a uma formação incrível. Uma torre esculpida pelo tempo, numa coloração amarela, e com uma enorme fenda no meio, que remete ao imenso portal de uma igreja.
Trilha dos Breus
Trilha leve em que visitamos uma caverna com registros rupestres da tradição Itaquatiara, que datam de 2 mil anos. Destaque para as pedras furadas que emolduram a paisagem do vale abaixo e rendem belas fotos.
“Rei da Paz”
Ainda sobre a trilha dos Breus, cabe um parêntese: ela fica dentro de uma fazenda chamada “Porto Seguro”, e nela vivem algumas famílias que receberam tais terras de um homem que se auto declarava “Rei da Paz”, que tinha como missão receber ensinamentos de “Deus Pai”, a fim de formar uma nova humanidade para o terceiro milênio, em decorrência das revelações de que o planeta seria dizimado por crises e guerras.
Sabendo dessa história super interessante, conhecemos uma das moradoras da comunidade, que nos apresentou o “palácio” do “Rei da Paz”, a sua história e seu túmulo.
Sadabe, o “Rei da Paz”, morreu em 1999, aos 116 anos, de causas naturais.
Seus ensinamentos perduram até hoje, com direito a vasto repertório de escritos doutrinários e hinos, que fazem parte de suas celebrações. Foi fascinante conhecer essa mini “Canudos” contemporânea, e saber que a tradição sebastianista/messiânica ainda perdura em nosso país!
Tarde: Trilha dos Homens sem Cabeça
Essa trilha nos levou a uma viagem de 6 mil anos, em que um pequeno painel rupestre de tradição Nordeste nos apresentava a complexa cena de uma batalha entre dois grupos que disputavam aquele território.
A riqueza de detalhes, figuras e movimentos nos permitiram imaginar a vida destes moradores ancestrais, possivelmente “pais” de algumas das etnias indígenas que ainda hoje habitam o Vale do Catimbau, como os Kapinawás e os Fulni-ô.
Trilha do Chapadão
Para encerrar o dia e nossa experiência no Parque Nacional Vale do Catimbau, escolhemos o cenário arrebatador do Chapadão, facilmente acessível pela Trilha dos Homens sem Cabeça.
Esse caminho nos leva ao topo de um planalto em forma de ferradura que abraça uma enorme planície coberta pela caatinga, de onde se ouve apenas o som do vento e dos sininhos das cabras que se alimentam naquelas terras agrestes.
Uma experiência mágica para a visão e a audição!
Onde se hospedar no Vale do Catimbau?
Há opções de hospedagem na pequena Buíque, sede do município, e onde encontram-se os postos de combustíveis, agência bancárias e pequenos restaurantes.
Contudo, escolhemos nos hospedar na Vila do Catimbau.
A Pousada e Restaurante Serra Dourada foi a nossa opção, por ser a única com uma boa área externa arborizada, com redário e piscina, o que faz a diferença para um refresco entre as trilhas da manhã e da tarde.
Além disso, a diária custa R$70,00 por pessoa, com um reforçado café da manhã incluso, e opção de pagar a parte pelas refeições (R$20,00 cada).
Essa flexibilidade nos permitiu optar por sair noite para comer ótima pizza em Buíque, quando aproveitávamos para abastecer o carro e sacar dinheiro.
Destaque para o hospitalidade do Sr Rinaldo e sua esposa, além do bom sinal de Wi-fi. Se você optar por ficar lá, avisa que viu a pousada deles aqui no blog Turista Profissional, que eles vão te dar uma atenção especial!
Podemos indicar a Pousada Santos, que tem wi-fi e estacionamento gratuitos.
Os quartos da pousada estão equipados com TV, ar-condicionado e banheiro privativo, com um ótimo café da manhã.
A Pousada Santos fica bem localizada para quem vai visitar o Vale do Catimbau, tendo um ótimo custo x benefício.
Quando ir ao Vale do Catimbau?
O Parque Nacional se situa na divisa entre o agreste e o sertão pernambucano, o que permite a visitação o ano todo. Porém, a paisagem varia bastante de acordo com o regime das chuvas, e os passeios, todos ao ar livre, podem ficar comprometidos nas épocas de maior pluviosidade.
Os meses de dezembro a junho são os meses com maior possibilidade de chuvas, com destaque para o mês de maio. Mas cabe destacar que pegamos chuvas esparsas durante dois dias de novembro, com destaque para um dia quase inteiro chuvoso.
Os dias são quentes, mas não abafados. E, como característica do clima do agreste, as noites geralmente são frias, portanto, não esqueça de levar um agasalho.
Dicas e curiosidades do Vale do Catimbau
1) De acordo com seu ritmo e preparo físico você deve definir com o guia quantas e quais trilhas deseja fazer por dia, com margem para mudança de roteiro de acordo com o clima e o seu interesse.
2) Sugiro o aluguel de um carro alto. Alugamos um Sandero Stepway, e este nos atendeu perfeitamente. Mas estar sem carro não é um impeditivo para visitar o Vale do Catimbau, pois alguns guias possuem veículos que levam os turistas para as trilhas. Nesse caso, além da diária do guia, é necessário pagar um valor a mais pelo serviço de transporte.
3) Conhecer a Fazenda Porto Seguro e a história do “Rei Sadabe” requer um pouco de insistência. Alguns guias, por suas crenças religiosas, ou por supor a crença religiosa dos turistas, sequer mencionam tal história.
4) Serra do Catimbau ou Vale do Catimbau? Eis a questão!
Embora o parque seja repleto de serras e esteja na altitude em relação ao nível do mar, ele se situa em um imenso vale que um dia foi coberto de água, o que pode ser comprovado pelos sedimentos e fósseis encontrados por lá. Por isso que o parque se chama Vale do Catimbau.
5) As ‘cachoeiras’ do Vale do Catimbau.
Nas minhas pesquisas para construção da viagem encontrei informações e imagens de belas cachoeiras no Vale do Catimbau. Que maravilha, né?! Só que não rs! Segundo os guias locais, tais cachoeiras se formam apenas para escoamento da água de chuvas fortes, que ocorrem com pouca frequência na região. E de fato não vi uma cachoeira sequer!
Uma das riquezas da arte rupestre do Parque é a variedade de povos que por ali passaram e deixaram seus registros. Entenda:
I – A Tradição Nordeste diz respeito a pinturas que representam de maneira bastante direta imagens da vida e cotidiano de quem ali viveu, com cenas de caça, celebrações, batalhas, etc. Essa tradição pode ser encontrada em outros sítios do nordeste, como na Serra da Capivara, por exemplo.
II – Já a Tradição Agreste é peculiar ao Vale do Catimbau, com figuras abstratas, geométricas, ainda pouco compreendidas pelos estudiosos do assunto.
III – Por sua vez, a Tradição Itaquatiara difere radicalmente das tradições Nordeste e Agreste; enquanto estas duas são pintadas nos paredões, a Itaquatiara é entalhada nas pedras, com riscos e gravuras em profundidade.
7) Embora estivéssemos ainda com restrições em decorrência da pandemia de Covid-19, o turismo já havia sido retomado no Vale do Catimbau, com observância às regras de prevenção do contágio.
As fotos sem máscara foram feitas por mim e meu colega de viagem, em pontos vazios (fizemos as trilhas no meio da semana) e distantes do guia. Fora dessa condição específica, a utilização de máscara e álcool 70% era indispensável.
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Então o que achou do Vale do Catimbau? Não vale uma visita??
Boa viagem!
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