O Parque Nacional do Vale do Catimbau em Pernambuco vem caindo no gosto dos viajantes que gostam de trilhas, história e belezas naturais.
São mais de 62 mil hectares e 13 trilhas no Vale do Catimbau, que podem ser exploradas pelos visitantes acompanhados de um guia.
Nesse post, vamos te contar tudo sobre as trilhas do Vale do Catimbau. Quais são as principais trilhas, o nível de dificuldade, quais trilhas podem ser combinadas, e quais os principais atrativos de cada trilha.
E a gente ainda tem mais um post aqui no blog com dicas gerais do Vale do Catimbau, pra te ajudar a planejar uma viagem completa e inesquecível para esse lugar cheio de riqueza e beleza natural em Pernambuco.
Trilhas do Vale do Catimbau: uma introdução
O Vale do Catimbau tem neste momento 13 trilhas catalogadas e que podem ser exploradas pelo visitante (embora esse número ainda possa crescer nos próximos anos, já que o parque é imenso e muitas regiões ainda não entraram no circuito de trilhas).
Funcionamento do parque e guias
O Parque Nacional do Vale do Catimbau abre todos os dias para visitação. Todas as trilhas realizadas dentro do parque acontecem de forma guiada.
Na praça principal da Vila do Catimbau, tem uma associação de guias locais, onde você pode contratar um guia credenciado para te acompanhar.
Outra opção é entrar diretamente em contato com um guia indicado por um amigo que já fez trilhas no Vale do Catimbau.
Nós fizemos todos os passeios no Catimbau e recomendamos muito a experiência (mesmo).
Para entrar no parque, você pode ir com seu carro mesmo. O guia te espera na praça da vila do Catimbau, e daí vai no seu carro com você até o parque e nas trilhas.
Prepare-se para dirigir em bastante estrada de chão, e com vários trechos de areia.
Quem viaja sem carro, pode contratar um carro na vila. Fale com seu guia.
Como organizar um roteiro de trilhas
No Vale do Catimbau, o planejamento normal é você fazer 2 saídas para trilhas por dia, uma pela manhã (por volta das 8h, 8:30h), e outra saída a tarde (por volta das 15h).
Dependendo da sua disposição, essas saídas podem ser para trilhas simples ou para fazer uma combinação de trilhas próximas no mesmo período (por exemplo, a trilha dos homens sem cabeça e do chapadão podem ser feitas juntas em uma tarde).
O ideal é sair cedo para conseguir acabar a trilha da manhã antes do horário de pico do sol. O calor no sertão pernambucano pode ser um verdadeiro castigo.
No horário do meio do dia, é sempre feita uma parada para almoçar e descansar em um dos restaurantes que servem como base de apoio no Vale do Catimbau.
Em geral são estruturas simples, gerenciadas por moradores da área do próprio parque.
Quanto tempo ficar no Vale do Catimbau?
Para fazer as trilhas com calma, o ideal é separar 3 ou 4 dias no Vale do Catimbau.
Muita gente também visita o Catimbau em um final de semana, geralmente em grupos que vem com agências de turismo de Recife.
Fica uma viagem cansativa, mas dá pra aproveitar e fazer várias trilhas no parque. Nesse caso, procure optar pelas trilhas menores /com menos grau de dificuldade).
Mas não pense que dá pra conhecer o parque todo em 2 dias. Nós ficamos 2 dias e meio no Vale do Catimbau, fazendo trilhas em todos os períodos, e fizemos 8 trilhas.
Foi intenso? Foi. Imprimimos um ritmo puxado, quase sempre combinando mais de uma trilha por período. Mas valeu a pena cada segundo.
Ao planejar uma viagem para o Vale do Catimbau, respeite seu ritmo e o desafio de trilhas no sol do sertão. Considere seu condicionamento físico e não pense em fazer todo o parque em um curto espaço de tempo.
Mais do que conhecer todo o parque, vale a pena aproveitar a jornada, a beleza e a magia do Catimbau.
Trilhas do Vale do Catimbau: conheça as 13 trilhas catalogadas
O Parque Nacional do Vale do Catimbau tem 13 trilhas catalogadas, como comentei acima. Destas, a gente percorreu 8.
Para descrever as outras 5, contei com as informações e fotos do nosso guia. Já falei que recomendo demais o trabalho dele? É sério.
Umburanas
Extensão: 1,2 km | Dificuldade: fácil a moderado
Foi a nossa primeira trilha no Vale do Catimbau. Fizemos na parte da tarde, logo que chegamos no vale.
É uma trilha circular, sem grandes desafios. Apenas algumas subidas em terrenos irregulares e com pedras.
Ao longo do percurso, a gente começa a se conectar com a vegetação, percebendo as características do agreste e do sertão.
As formações geológicas do Vale do Catimbau também se apresentam de forma mnuito especial na trilha Umburanas. Muitas pedras com formatos diferentes, que lembram animais, pessoas… Solte sua criatividade e aprecie!
Ao final da trilha, temos a possibilidade de subir numa pedra mais alta e contemplar a beleza da caatinga a perder de vista.
É uma boa trilha pro seu guia sentir seu ritmo e entender quais trilhas você vai conseguir fazer no Catimbau, e em quanto tempo.
Pedra da Igrejinha
Extensão: 0,70km | Dificuldade: fácil
Dá pra dizer que a trilha da Pedra da Igrejinha no Vale do Catimbau é o cartão-postal do Parque.
A trilha é realmente muito fácil. Você estaciona o carro na entrada da trilha e caminha no máximo 10 minutos em terreno de areia fofa, mas plano, até chegar no atrativo.
Por isso, fizemos essa trilha combinada com Umburanas. Logo depois de Umburanas, viemos para Igrejinha pra ver o por do sol.
A “pedra furada” do Catimbau é um dos cenários mais bonitos e mais fotografados do parque. Seu formato único costuma ser associado com a entrada de uma igreja, daí o nome.
O por do sol costuma ser a hora preferida dos visitantes, primeiro pela beleza das cores que se apresentam nas pedras, e depois pela facilidade do caminho de volta até o carro depois que o sol se vai.
Trilha do Santuário
Extensão: 5km | Dificuldade: média
Provavelmente uma das trilhas mais bonitas do Vale do Catimbau.
A trilha do Santuário te leva para conhecer um majestoso santuário de pedras, onde provavelmente eram realizados rituais por povos muito antigos que habitaram essa região.
Na trilha, você também passa pela curiosa formação geológica dos “cascos de tartaruga”, que está presente em pouquíssimos lugares do mundo.
A geologia impressiona: ao redor da arena do santuário, as pedras em formato de casco de tartaruga lembram um pouco crânios humanos. É místico, impressionante, surpreendente.
As rochas realmente lembram cascos de tartarugas gigantescas. É lindo de ver e rende fotos impressionantes.
A trilha é um pouco cansativa. Fizemos de manhã, e o ideal é começar bem cedo porque é uma trilha longa. Fuja do sol de meio dia no Catimbau!
Homens sem Cabeça
Extensão: 1,5km | Dificuldade: média
O Parque Nacional do Catimbau é considerado o segundo maior parque arqueológico do Brasil, ficando atrás somente da Serra da Capivara, no Piauí.
São pelo menos 30 sítios arqueológicos catalogados no parque, que possui em sua área registros de pinturas rupestres e artefatos da ocupação pré-histórica datados de pelo menos 6000 anos.
O primeiro sítio arqueológico que nós visitamos no Catimbau foi este: o sítio arqueológico dos Homens Sem Cabeça.
Existem três tipos de pinturas rupestres no Vale do Catimbau: tradição agreste, nordeste e itacoatiara.
Nesse painel, podemos encontrar pinturas da tradição nordeste. Vemos uma possível cena de batalha, e há várias suposições de porque um dos grupos está representado “sem cabeça”.
Pode ser que este tenha sido o grupo perdedor, ou que os cabelos dos homens fossem tão grandes que eles pareciam “sem cabeça” nos desenhos.
A trilha é curta, sem grandes dificuldades. Fizemos a trilha de modo circular, combinada com a Trilha do Chapadão.
Trilha do Chapadão
Extensão: 2,5km | Dificuldade: fácil
Outro cartão-postal do Vale do Catimbau. O Chapadão tem esse nome porque, ao chegar no seu ponto final, você terá uma vista privilegiada da imensa área do parque.
A clássica foto de cima do chapadão mostra você em cima do paredão em formato de ferradura, e toda a vegetação da caatinga lá embaixo, no Brejo de São José.
Também é uma ótima trilha para ser feita no final da tarde, terminando com o por do sol.
Pela facilidade da trilha, esse acaba sendo um dos pontos mais concorridos para ver o por do sol no Vale do Catimbau aos finais de semana, junto com a Pedra da Igrejinha.
Se puder, vá durante a semana.
Trilha do Canyon
Extensão: 2km | Dificuldade: média
A trilha do Canyon vai te levar pra conhecer o inacreditável canyon do Vale do Catimbau. É uma trilha moderada, com vários desníveis, subidas e descidas em terreno irregular e pedras.
Ao longo da trilha, vamos vendo várias formações rochosas interessantes, como o jacaré de pedra, o guerreiro, e em alguns lugares você tem uma vista preliminar, ou parcial, do cânion.
Até chegar frente a frente com o cânion propriamente dito e apreciar toda sua beleza.
A trilha do Canyon foi a mais desafiadora do nosso roteiro. Ela por si só não chega a ser o problema.
Mas como fizemos a trilha circular, combinando a trilha do cânion combinada com a Toca do Veado, passamos por muitas subidas e decidas e demoramos bastante no caminho. Acabamos pegando sol de 11h nas costas na volta e foi bem cansativo.
Toca do Veado
Extensão: 3,5km | Dificuldade: média
A Toca do Veado é um sítio arqueológico impressionante e super preservado. É realmente um lugar privilegiado e muito interessante, e valeu todo o cansaço para ir e voltar até aqui.
Fizemos a trilha pela manhã, combinando com a trilha do Cânion.
Foi bem cansativo pelas subidas e descidas, que exigiram um pouco mais que as trilhas que tínhamos feito até então, e pelo sol de quase meio dia que levamos na volta. Mas vale a pena visitar.
Trilha das Torres
Extensão: 2km | Dificuldade: moderada
Foi nossa última trilha no Vale do Catimbau, e fechou nosso passeio com chave de ouro.
A trilha das Torres é uma das mais bonitas do Vale do Catimbau.
Você vai passar por diversos terrenos: areia, solo “casco de tartaruga”, e apreciar diversas formações de rocha, como a Pedra do Cachorro, as torres do Catimbau e os magníficos e coloridos lapiais.
Pode ser combinada com a trilha da Casa de Farinha e a Loca das Cinzas, fazendo uma trilha circular para ver mais um sítio arqueológico do Catimbau com suas pinturas rupestres.
Casa de Farinha
Extensão: 3,5km | Dificuldade: modernado
Na trilha da Casa de Farinha você vai caminhar até uma antiga casa de farinha da região.
O curioso é que na parede do lugar havia várias pinturas rupestres da tradição agreste, datadas de 4700 anos.
Como o pessoal da região antigamente não tinha noção da importância arqueológica das pinturas, acabou construindo um forno de casa de farinha no lugar (que pode ser visto até hoje).
Infelizmente, as atividades da casa de farinha acabaram danificando as pinturas rupestres deste sítio. A visita vale muito a pena, tanto pela riqueza arqueológica quanto pela referência cultural que ambienta toda sua história.
Loca das Cinzas
Extensão: 7km | Dificuldade: moderado
A Loca das Cinzas fica bem próxima da casa de farinha, e aqui também encontramos um painel de pintura rupestres da tradição nordeste, a mesma tradição que vimos no painel dos Homens sem Cabeça.
O nome vem do cristal de quartzo leitos encontrado no paredão, que dá uma tonalizada acinzentada a pedra.
Pedra do Cachorro
Extensão: 0,5km | Dificuldade: fácil
A Pedra do Cachorro é um dos cartões-postais do Vale do Catimbau, e para chegar lá a trilha é bem leve.
As escavações mostraram que no local existia um cemitério indígena, datado de cerca de 3500 anos, segundo os pesquisadores da UFPE.
Alcobaça
Extensão: 3km | Dificuldade: média
Alcobaça é o maior sítio arqueológico do Vale do Catimbau. Elel fica localizado no distrito de Carneiros e a trilha para chegar até ele é intermediária.
O paredão das pinturas tem aproximadamente 60 metros de extensão, e lembra a forma de um anfiteatro. A tradição das pinturas rupestres nesse sítio segue a tradição agreste.
Trilha dos Breus
Extensão: 1km | Dificuldade: fácil
Na trilha dos Breus, você encontra a penúltima camada de sedimentos da Bacia do Jatobá, achados geomorfológicos relacionados possivelmente a era paleozóica.
Lá você encontra sítios com pinturas rupestres da tradição Itacoatiara, que são gravuras de baixo relevo, pigmentadas na própria rocha.
Como escolher as trilhas no Vale do Catimbau?
Como deu pra ver no post, a diversidade de trilhas e atrativos no Parque Nacional do Vale do Catimbau é bem grande.
Eu diria que tem duas trilhas imperdíveis: a da Pedra da Igrejinha e a trilha do Chapadão. São trilhas fáceis, que podem ser feitas por praticamente todos os visitantes e representam cartões-postais do parque.
Depois disso, diria pra você escolher de acordo com o seu tempo no Catimbau e preferências. O que você quer ver no Catimbau?
Sítios arqueológicos? Homens sem Cabeça, Toca do Veado, Alcobaça, Casa de Farinha e Loca das Cinzas
Paisagens espetaculares? Cânion, Santuário, Torres.
Converse com seu guia sobre seu preparo físico e suas preferências, e escute as recomendações.
Para mais dicas do Vale do Catimbau, confira nosso post para planejamento de viagem: Vale do Catimbau: guia completo e dicas
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