sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

12º Festival Lula Calixto celebra coco de Arcoverde em formato virtual



A tradição que une famílias no município do Sertão pernambucano é repassada por gerações (Foto: Divulgação)

As pisadas fortes e ritmadas nos tamancos de madeiras, que fincaram raízes em Arcoverde, no Sertão pernambucano, no início dos anos 1900, fizeram do samba de coco uma paixão de família, repassada por gerações à frente. Grupo que mantém viva a tradição, o Coco Raízes de Arcoverde realiza, de hoje a domingo, a 12ª edição do Festival Lula Calixto, com o tema Do Sertão para o universo. Será a primeira versão virtual, com shows, oficinas e programas com registros históricos transmitidos pelo YouTube. O evento surgiu em 2005, com o intuito de homenagear o compositor e mestre coquista Lula Calixto, fundador do conjunto.

Eram nos roçados que os primeiros representantes das famílias Gomes e Lopes entoavam músicas de coco em 1916, fazendo a alegria dos moradores da região. A musicalidade ficou esquecida por décadas, sendo resgatada 70 anos mais tarde por Lula Calixto. “Ele que começou a fazer o resgate histórico do samba de coco de Arcoverde, através de oficinas de dança e percussão nas escolas. Alguns anos depois, entrou em contato com coquistas das famílias Lopes e Gomes e, junto com os demais Calixtos, decidiram fundar um grupo de coco”, diz a cantora Iran Calixto, sobrinha de Lula.

O movimento de retomada ocorreu em 1992, desaguando na realização do primeiro show do Coco Raízes de Arcoverde em 1998, com as três famílias reunidas. “Eu não tenho nem palavras para falar sobre a importância do que o meu tio fez para a cultura pernambucana. Tudo começou através dele. Pena que ele não chegou a gravar nenhuma música, mas fizemos de tudo para dar continuidade a essa história reiniciada por ele”, destaca Iran. Lula faleceu em 1999.

Além do Raízes, o movimento de resgate também fez surgir o Coco das Irmãs Lopes e o Coco Trupé, fortalecendo o cenário da cultura popular e consagrando Arcoverde como a Terra do Samba de Coco. Após o cancelamento da edição de 2020, o festival se adapta ao virtual para realizar um encontro neste ano. “Estamos felizes, porque achava que não ia dar para fazer o nosso festival. Vai ser difícil fazer sem sentir o calor, sem ver o povo. Fico até sem saber o que falar”, explica Iran.

A apresentação será transmitida da sede do samba de coco, no bairro de Sucupira, em Arcoverde. Para além do festival, a pandemia impactou a produção artística do coco arcoverdense. “Somos uma família que vive de shows, temos passado dificuldade. Tanto os jovens, quanto os mais idosos. Como pagar as contas sem show? Pelo menos com os editais temos conseguido dar uma segurada”, desabafa. O festival Lula Calixto tem incentivo da Lei Aldir Blanc em Pernambuco.

CAVALINHO DE BARRO
Dentro da programação, será lançado, no domingo, às 17h, o disco Cavalinho de barro, um álbum de coco voltado para crianças. O trabalho é assinado pelo mestre Assis Calixto, um Patrimônio Vivo de Pernambuco, que organizou um coral de crianças para acompanhá-lo. O trabalho conta com participação dos grupos juvenis Coco Erêmin, Toque da Lata, Coco Fulô de Barro, Estrelinhas do Coco, Coco da Terra, Tsumbe Maliya e Coco Raízes de Arcoverde.

O projeto gráfico tem ilustrações inspiradas nos bonecos de madeira entalhados e pintados pelo próprio mestre Assis. Para apoiar a difusão do disco, foi lançado um videoclipe - com tradução em libras - da música Pega pega - que é sobre brincadeiras de rua, filmado em frente à casa-atelier do mestre. O intuito é estabelecer um marco criativo e pedagógico que possa ser inspirador para outros mestres e artistas, para a comunidade e para a sua própria história.

Programação

Sexta-feira (26)
18h15 - Documentário O tamanco do samba de coco
19h - Grupo de Coco de Mestre Borges Lucas
19h30 - Samba de Coco Origem do Ororubá de Mestre Pirrilha

Sábado (27)
18h15 - Samba de Coco Irmãs Lopes
19h - Cavalo Marinho Boi Teimoso
19h30 - Coco de Trupé de Ciço Gomes

Domingo (28)
17h - Mestre Assis Calixto com Coco Erêmin – apresentação do CD Cavalinho de Barro
17h45 - Grupo de Coco de Negros e Negras de Carapuça de Leitão
18h15 - Oficina Trupé Coco Raízes
19h - Coco Raízes de Arcoverde
Fonte: diariodepernambuco.com.br

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