O Samba de Coco
Raízes de Arcoverde mantém a tradição do coco na forma mais pura e original. Com
influência das culturas negra e indígena, o grupo representa o amor pelas raízes
culturais entre duas famílias, pois para os Gomes e os Calixto, o samba de coco
é mais do que música, é um modo de vida.
A Mazurca antecedeu o ritmo acelerado
do trupé, e assim como o samba de coco feito com roda, aquele conhecido por
Selma do Coco por exemplo, difere muito do coco feito pelo Raízes de Arcoverde.
Vejamos os porquês: antes do trupé, o ritmo era tocado basicamente pelo ganzá, e
antes disso, era tocado com um maracá, o que explica sua origem indígena. No
litoral, sempre se usou mais tambores e congas, além da zabumba, numa
dança mais solta e com menos pisada. Para a
sonoridade de tambor, o Samba de Coco Raízes de Arcoverde usa um bombo e, de
maneira autoral, o trupé. Este instrumento foi para eles uma evolução do ritmo,
sendo o diferencial do coco feito pelo grupo – o pandeiro é então usado de
maneira menos acelerada, com marcação feita pelo trupé e triângulo, e com a
resposta (coro feminino).
O xaxado, o samba de roda e ritmos
indígenas são fortes influências no coco feito pelo grupo. As letras compostas
por Assis, Damião e pelo falecido Lula Calixto, além de Cícero Gomes (foto
abaixo), são um retrato da vida simples do povo sertanejo, cantando os
animais, a natureza, a alegria ou os sofrimentos, o amor e a religiosidade do
povo simples, trazendo muitas lembranças de vida. Também há duas categorias de
dança no Samba de Coco Raízes de Arcoverde: o coco trocado, quando se dança em
parelha de mãos dadas, indo para um lado diferente do acompanhante, e o coco de
lenço, onde cada parceiro segura um lenço, fazendo os mesmo movimentos da outra
categoria.
Mais Coco Raízes de
Arcoverde:
Baixe: http://tramavirtual.uol.com.br/artistas/samba_de_coco_raizes_de_arcoverde
Ouça: http://www.myspace.com/cocoraizesdearcoverde
Samba de Coco Raízes de Arcoverde no
Alto do Cruzeiro, Arcoverde - PE |
Era 1916 quando as tataravós das irmãs
Lopes começaram a cantar e dançar o samba de coco em Arcoverde, cidade chamada
de Portal do Sertão. Em 1947, a família foi morar no Cruzeiro, bairro simples de
Arcoverde, onde surgiu o Samba de Coco das Irmãs Lopes de Arcoverde. Dona
Joventina Lopes e seus 15 filhos deram início a essa tradição na cidade, e em
meados dos anos 50, Ivo Lopes, um dos filhos de Joventina, assumiu a linha de
frente do grupo, junto às irmãs. Posteriormente o Mestre Biu Neguinho, Tonho
Moura, Zé Feitosa, Romeiro, Cícero Gomes e outros amigos se juntaram ao grupo.
Ivo Lopes faleceu e suas irmãs, as Irmãs Lopes (também membros da família Gomes)
deram continuidade ao samba de coco, dando origem em 1992, junto à família
Calixto, ao Samba de Coco Raízes de Arcoverde.
Caravana Ivo Lopes
/ Ivo Lopes - Clique para melhor visualizar |
Os irmãos Calixto, Luiz (Lula), Damião
e Francisco (Assis), nascidos em Sertânia, no sertão pernambucano, chegaram em
Arcoverde por volta de 1952. Assis Calixto (foto), um dos principais
autores das loas (músicas) do grupo, já possua uma vivência com o coco alagoano
e maranhense, por ter tido contato com alguns cantores. O irmão Lula Calixto foi
quem criou o trupé, um tamanco de madeira que serviu para dar força às pisadas
do samba de coco, característica do Samba de Coco Raízes de Arcoverde. Cícero
Gomes, que começou com as Irmãs Lopes, explica que no início só existia o ganzá,
e que nos anos 1970 foram introduzidos o pandeiro, o surdo e o triângulo. Antes
de o trupé ser inventado, o que se dançava era um samba de coco com pisada menos
rápida, chamado por eles de Mazurca.
Irmãos Calixto:
Lula, Assis e Damião - Clique para melhor
visualizar |
Samba de Coco
Raízes de Arcoverde em Porto Alegre, em 2010.
Cícero Gomes |
Apesar de
ter surgido em 1992, nessa época ainda junto às irmãs Lopes, que hoje fazem
trabalho separadamente, o Samba de Coco Raízes de Arcoverde só ficou conhecido
em 1996, quando começaram a viajar para fazer apresentações. O grupo já viajou
para Bélgica, França, Itália, além de várias cidades brasileiras. Em 2005, a
caravana foi selecionada no projeto Rumos da Música, do Itaú
Cultural, que dá espaço a produção contemporânea de arte e cultura do
Brasil. Assista ao vídeo a seguir, que contém trechos da apresentação e
entrevistas com os irmãos Calixto:
Itaú Cultural,
Rumos Música 2004/2005 - Entrevistas e apresentação
Em 1999, Lula Calixto falece, aos 57
anos. Todos os anos a família recebe amigos e visitantes para comemorar o
aniversário do mestre, no mês de Novembro, o que originou em 2005 o Festival Lula
Calixto. A primeira edição do
festival ocorreu em frente à casa da família, sem patrocínios, com a presença
das Irmãs Lopes, Grupo Afoxé Oyá Alaxé, entre outros. Atualmente, o evento
ganhou grande repercussão e passou a ser um evento importante na cidade de
Arcoverde, com oficinas, palestras, palcos para apresentações de grupos e
artistas de várias regiões.
O grupo tem 3 CDs gravados. O primeiro “Samba de Coco Raízes de Arcoverde”, lançado em 2000, tem 12 faixas, entre os sucessos Seu Maia, Loruá, Acorda Criança e A Caravana não morreu. O segundo CD, intitulado “Godê Pavão”, de 2003, possui 15 faixas, entre elas: Abelha Aripuá, Galinha Zabelê e Despedida de amor. Em 2010, com a contemplação do Prêmio Circuito Funarte de Música Popular, pela Funarte e Ministério da Cultura, o grupo lançou “A caravana não morreu”, com 12 faixas.
Primeiro e segundo CDs do Raízes de Arcoverde - Clique para melhor visualizar |
O grupo tem 3 CDs gravados. O primeiro “Samba de Coco Raízes de Arcoverde”, lançado em 2000, tem 12 faixas, entre os sucessos Seu Maia, Loruá, Acorda Criança e A Caravana não morreu. O segundo CD, intitulado “Godê Pavão”, de 2003, possui 15 faixas, entre elas: Abelha Aripuá, Galinha Zabelê e Despedida de amor. Em 2010, com a contemplação do Prêmio Circuito Funarte de Música Popular, pela Funarte e Ministério da Cultura, o grupo lançou “A caravana não morreu”, com 12 faixas.
A Caravana não morreu - Clique na imagem para melhor visualizá-a |
A casa de
Lula Calixto hoje é a sede do grupo e pequeno museu do Samba de Coco Raízes de
Arcoverde. Damião Calixto e Assis Calixto estão à frente do Samba de Coco Raízes
de Arcoverde, junto aos filhos, irmãos e sobrinhos, preservando o ritmo e a
poesia do coco de trupé.
Baixe: http://tramavirtual.uol.com.br/artistas/samba_de_coco_raizes_de_arcoverde
Ouça: http://www.myspace.com/cocoraizesdearcoverde
gostaria de fazer uma oficina com o grupo samba de coco de arcoverde como faço?
ResponderExcluir