terça-feira, 7 de junho de 2011

Cinzas de vulcão chileno chegam ao Sul do Brasil

Há presença de cinzas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mas chuva atenua efeitos e nuvens tendem a desaparecer nas próximas horas

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontou nesta terça-feira a presença de cinzas do vulcão chileno Puyehue nas regiões oeste, centro e sul do Rio Grande do Sul e no oeste de Santa Catarina. “Chove muito nessas regiões, e as cinzas se misturam com a forte nebulosidade, tornando-se quase imperceptíveis", disse à Agência Brasil o meteorologista Flávio Varone, do 8º Distrito do Inmet, em Porto Alegre.

Segundo Varone, à medida que a nebulosidade se afasta em direção ao mar, movimento previsto para as próximas horas, as nuvens de cinzas também tendem a desaparecer. Uma massa de ar frio chegará à Região Sul na noite desta terça-feira, trazendo geadas e temperaturas negativas no Rio Grande do Sul, Paraná e em Santa Catarina.

O professor de geologia da Universidade Federal do Paraná Luiz Eduardo Mantovani acredita que as cinzas devem atingir também o Paraná, mas, segundo ele, o teor de sílica (mineral presente nas cinzas vulcânicas) é insignificante, não trazendo nenhum risco à população.

Aviões sujo de cinzas vulcânicas é visto no aeroporto de San Carlos de Bariloche, no sul da Argentina (07/06)
Foto: AP

Aviões sujo de cinzas vulcânicas é visto no aeroporto de San Carlos de Bariloche, no sul da Argentina (07/06)

Cancelamento de voos

Os aeroportos de Buenos Aires voltaram a operar na tarde desta terça-feira, após terem sido superadas as más condições provocadas pela nuvem de cinzas expelida pelo vulcão, informou a Aviação Civil do país. Dezenas de voos que haviam sido cancelados durante o dia, incluindo 30 internacionais, começaram a ser reprogramados. Apesar disso, continuam suspensos os voos a várias cidades da Patagônia, no sul do país.

"O aeroporto de Ezeiza e o Aeroparque Jorge Newbery se encontram abertos e operantes. Em Ezeiza estão reprogramados vários voos ao exterior", disse a Administração Nacional da Aviação Civil (Anac) em sua página na web.

As empresas locais Aerolineas Argentinas e sua subsidiária Austral informaram que, "tendo em vista a melhora das condições meteorológicas pela dispersão da nuvem vulcânica e por se encontrarem plenamente garantidas as condições de segurança, serão retomadas paulatinamente as operações".

Uma nuvem de cinzas havia percorrido o território argentino na direção sudoeste-noroeste, desde o sábado, quando entrou em erupção o vulcão Puyehue (Chile), causando diversos transtornos às localidades turísticas cordilheiras e forçando a suspensão dos voos em Buenos Aires e em outras cidades.

Efeitos no Brasil

Durante o dia, as nuvens de cinza do vulcão, que dificultam a visibilidade, forçaram o cancelamento da maioria dos voos do Brasil programados para esta terça-feira com destino aos aeroportos de Buenos Aires, Montevidéu, Assunção e Santiago do Chile.

Segundo boletim atualizado pela Infraero às 18h, 56 dos 146 voos internacionais partindo do Brasil com decolagem ou aterrissagem previstas para a manhã e a tarde desta terça-feira (ou 38,4%) foram cancelados por diferentes razões.

A assessoria de imprensa da Infraero esclareceu que o cancelamento da maioria dos voos obedeceu decisão das companhias aéreas de abster-se de voar para as regiões com dificuldades de visibilidade pela expansão das cinzas lançadas pelo Puyehue.

A companhia aérea mais prejudicada foi a TAM, que informou em comunicado que, pelo menos até as 12h30 desta terça-feira, cancelou um total de 35 voos, 11 que sairiam de São Paulo e nove de Buenos Aires. Os voos cancelados pela TAM também estavam programados para deixar Assunção (seis), Rio de Janeiro (quatro), Santiago do Chile (dois), Montevidéu (dois) e Porto Alegre (um) e seu cancelamento acabou afetando alguns que fariam escala em Ciudad del Este (Paraguai) e nas cidades bolivianas de Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra.

A TAM atribuiu as suspensões ao fechamento dos aeroportos de Buenos Aires, à previsão de fechamento do aeroporto de Assunção e, para garantir a segurança de seus clientes, à obstrução nas rotas de voo entre Brasil e Uruguai e Chile.

A empresa acrescentou que analisa permanentemente as informações disponíveis sobre a densidade e o deslocamento da nuvem de cinzas, e avalia que, neste momento, há riscos para a operação nessas rotas.

A companhia aérea afirmou que, como as condições meteorológicas e a atividade do vulcão estão mudando permanentemente, continuará avaliando a situação para definir quando poderá normalizar suas operações. A Gol cancelou 11 voos que sairiam de São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre e Santiago do Chile com destino a Buenos Aires, além de todos seus voos com saída da capital argentina.

*Com Agência Brasil, EFE e AFP

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