Embarcação tinha cerca de 4 mil pessoas e 53 brasileiros a bordo. Três corpos foram resgatados e equipes buscam desaparecidos
O navio Costa Concordia, que levava 4.000 pessoas, naufragou após bater em banco de areia próximo à ilha de Giglio (Itália)
Um navio de cruzeiro de luxo que levava mais de 4 mil pessoas naufragou na noite desta sexta-feira na costa da Itália. Inicialmente as autoridades italianas divulgaram que pelo menos seis pessoas haviam morrido, mas somente três corpos, de dois franceses e um peruano, foram resgatados até agora. Várias pessoas ficaram feridas, incluindo duas gravemente. Durantes as buscas, um casal foi encontrado vivo dentro do navio, mas, segundo informações da agência de notícias italiana ANSA, eles ainda não foram resgatados. O consulado do Brasil em Roma confirmou que 53 brasileiros estavam a bordo. Na noite deste sábado, o Itamaraty confirmou que nenhum deles está entre as vítimas do acidente. "A informação que temos do consulado em Roma é que todos estão bem", comunicou o Ministério de Relações Exteriores.
Calculado inicialmente em 70 pessoas, o número de desaparecidos foi reduzido em algumas contagens. O cálculo da capitania do porto de Livorno, envolvida nos trabalhos de resgate, aponta que a diferença entre pessoas identificadas em terra e a lista de passageiros seria de 40 pessoas "não localizadas". A capitania não quis usar o termo "desaparecido", alegando que parte dessas pessoas poderiam estar a salvo, porém sem terem sido devidamente identificadas.
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O acidente com o navio Costa Concordia ocorreu próximo à ilha de Giglio, por volta das 21h30 de sexta-feira no horário local (18h30 em Brasília). O cruzeiro já havia inclinado cerca de 20 graus quando as pessoas começaram a deixar a embarcação em botes salva-vidas ou nadando.
A Costa Cruzeiros confirmou que havia 47 passageiros brasileiros a bordo, além de seis tripulantes. Também informou que, no total, foram evacuados 3.200 passageiros e 1.000 tripulantes. A empresa acrescentou que cerca de 1.000 passageiros são italianos, 500 alemães e 160 franceses.
O presidente da operadora de cruzeiros, Gianni Onorato, declarou que o navio teria se chocado contra uma rocha gigante. De acordo com o executivo, a retirada de passageiros começou a ser feita imediatamente após o choque, mas foi prejudicada pela inclinação repentina do navio. A embarcação já havia inclinado cerca de 20 graus quando as pessoas começaram a deixá-la em botes salva-vidas ou nadando." A inclinação gradual do navio tornou a retirada dos passageiros extremamente difícil", afirma o comunicado da empresa.
Imagens mostram um rasgo de pelo menos 50 metros no casco da embarcação. Especialistas e responsáveis pelas investigações apontam prováveis causas, como erro humano e falha elétrica. Uma das hipóteses é a de que o navio, por algum motivo, estava perto demais da costa e se chocou contra uma rocha.
Operação
Uma grande operação de busca foi lançada nos arredores do naufrágio. Equipes de resgate, incluindo mergulhadores, fizeram buscas de cabine em cabine, procurando possíveis sobreviventes, enquanto navios da guarda costeira vasculharam as águas ao redor do navio. Helicópteros foram usados para retirar pessoas que se refugiaram no deck do navio e se encontravam em situação delicada. Porém, a retirada dos últimos passageiros e de membros da tripulação apresentou complicações. Uma fenda se abriu, causando vazamento dentro da embarcação, que inclinou.
Os passageiros e tripulação foram levados para a ilha de Giglio e colocados em escolas, casas e igrejas para passar a noite. No início da noite de sábado, muitos já seguiam para outras partes da Itália para seguirem ao seu país de origem.
A operação de resgate prosseguia horas depois do naufrágio. "Ttemos cerca de 40 homens no trabalho e aguardamos a chegada de equipes especializadas em mergulho para checar todo o interior do navio", disse o porta-voz da corporação de bombeiros, Luca Cari.
Mais tarde, a imprensa italiana confirmou que o comandante do navio, Francesco Schettino, foi detido para prestar esclarecimentos sobre o acidente. O conteúdo do interrogatório, no entanto, não foi fornecido. Outros membros da tripulação também seriam submetidos a interrogatório, segundo as autoridades encarregadas das operações de resgate. Inicialmente, Schettino havia dito que o cruziero bateu em uma rocha em um trecho do mar que, segundo as coordenadas, era seguro de se navegar.
Veja imagens do navio naufragado
Pânico
Luciano Castro, um dos passageiros, disse à imprensa italiana que "todos estavam jantando quando a luz apagou, houve um tranco e os pratos caíram da mesa". Quando a luz voltou, o comandante anunciou uma avaria no gerador elétrico e garantiu um conserto rápido, mas o barco começou a adernar. A tripulação pediu que todos colocassem os coletes salva-vidas e logo veio a ordem para abandonar o navio, revelou Castro.
Outra passageira, Mara Parmegiani, afirmou à mídia italiana que houve "cenas de pânico" no navio. "Estávamos sentados para jantar e ouvimos aquele grande estrondo. Acho que ele bateu em algumas rochas. Houve muito pânico, as mesas viraram, os copos voaram para todos os lados e nós corremos para os decks onde colocamos nossos coletes salva-vidas. Estávamos muito assustados e congelando, porque ninguém teve tempo de tomar mais roupas. Eles nos deram cobertores, mas não havia em quantidade suficiente", disse.
O Costa Concordia é o maior cruzeiro de luxo da Costa Crociere, braço italiano da operadora internacional de cruzeiros. O transatlântico tem 290 metros de comprimento, 35 metros de largura e pesa 112 mil toneladas. No total, são 1500 cabines, 500 delas com sacada. A embarcação tem capacidade para até 4.800 pessoas, sendo 3.700 passageiros e 1100 tripulantes. Ele faz parte de uma nova “classe” de navios da companhia, uma categoria mais luxuosa de cruzeiros voltada para a diversão.
No Costa Concordia, os passageiros podiam encontrar mais de 10 bares e 5 restaurantes; o navio conta também com 5 jacuzzis, 4 piscinas (duas delas com cobertura retrátil), um cinema em 4D e um teatro de três andares.
O navio partiu do porto de Civitavecchia, perto de Roma, na sexta-feira para um cruzeiro pelo Mediterrâneo. A viagem deveria terminar em sete dias em Marselha, na França, após passar por portos da Sicília, da Sardenha e da Espanha.
Onde o navio naufragou.
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