BAÚ DE HISTÓRIAS QUE O POVO CONTA

Quem AMA Arcoverde, para e ler essa Crônica.


Autor(a): William Pôrto


“ O trem apitando na curva da Boa Vista e logo chegando à Estação. Gente chegando e gente partindo. Pessoas procurando os jornais, moças esperando os noivo...s e senhoras comprando fascículos do ‘Direto de Nascer’ e a garotada gibis. Picolés, sorvetes, cocadas, doces e laranjadas sendo oferecidos nas janelas do trem, e quando este dava partida lenços brancos acenavam em despedida e os moleques mais corajosos ‘morcegavam’ o trem até à Rua da Linha”. 

“O Bar de Noé com as velhas inscrições que tomavam todas as paredes: NO MUNDO VENCE OS QUE TÊM CALMA E FRACASSAM OS VIOLENTOS OU QUE SE DESESPERAM ANTES DO TEMPO. FOI ASSIM QUE HITLER PERDEU E CHURCHIL GANHOU, MAS FOI A GUERRA. Um freguês entrando arretado da vida e reclamando que havia achado um pedaço da gravata do proprietário dentro de um picolé. E Noé mordaz, respondendo: - E pelo preço que você pagou pelo picolé queria uma gravata inteira? Bodão arrumando os sorvetes e picolés numa vasilha e as casquinhas noutra menor e partindo para a luta”. 

“O Ponto Certo do Caboré: café, cartolas, bolos, doces, refrigerantes e lanches em geral, menos bebidas alcoólicas, Isabel tomando conta de tudo e na parede atrás do birô um quadro com uma frase de Rui Barbosa: De tanto ver triunfar as nulidades... Na Rua Velha funcionava a fábrica de guaraná Caboré, dirigida por Bezinho”. 

“O engarrafamento da Bituri de Zé Leite, Valdir tomando grande parte da produção”. 

“A venda de Seu Olímpio: estudantes, bêbados, empregadas domésticas, uns comprando, outros discutindo, alguns estudantes jogando botão e dois cantadores de viola em pleno desafio. Aquela zorra toda e o proprietário só observando”. 

“A Tipografia e Livraria Prima: o velho Napoelão Arcoverde sério e carrancudo criticando o que estava errado e só vendendo os livros se se levasse a nota da escola”. 

“O Esporte Clube de Arcoverde (salve o Esporte, o campeão, o clube que mora no meu coração): festas maravilhosas, carnavais inesquecíveis e, de repente, a polícia fechando o clube sob a alegativa de subversão”. 

“O Democrático funcionando onde hoje é o Souto Maior. E num dos carnavais, no auge da folia, o Dr. Gumercindo querendo que a orquestra parasse de tocar frevo e tocasse uma valsa”. 

“A Pharmácia Oswaldo Cruz, de Florismundo Oliveira: os contrários sentados nos bancos e conversando civilizadamente. Era a ONU da cidade”. “O Escondidinho: o fiteiro de Seu Américo, onde ele jogava gamão com o Dr. Gumercindo, a sorveteria e o bar propriamente dito onde havia uma divisão chamada Escondidinho. A mocidade tomando suas carraspanas e Benedito Freitas, e depois Caranguejo, cantando suas emboladas”. 

“O cinema de Pedrosa, o Cine Rio Branco: passando os dramalhões italianos (Amadeu Nazari e Yvone Sanson) e antes do filme o jornal Atualidades Francesas narrado por um locutor fanhoso”. 

“O cartório de Clóvis Padilha: o tabelião falando de todo mundo, não poupando ninguém”. “O Cine Bandeirante, o Gigante da Praça da Bandeira, dirigido por Otacílio e Armando Pacheco. Zezito vestido de Rocky Lane e com uma pilha mostrando as cadeiras vazias. O Serviço de Alto Falantes Bandeirante cobrindo toda a cidade, nas vozes de Paulo Cardoso, Rossini Moura, Flamarion Moreno, Roberto Carvalho, João do Cruzeiro, Justo Rodrigues, Odair Oliveira. A juventude passeando e namorando na praça do cinema”. 

“O Itapoã: mulheres bonitas, música ao vivo, as mortes, brigas, confusões, os amores, ciúmes e xexos”. 

“No meio da noite, nas calçadas, de porta em porta, o cego, Seu Esmeraldino, discursando e desacatando os poderosos”. 

“A Festa do Comércio: parques de diversões, feira da Madureira, jogos de azar, bingos, barraca dos shows com Rossini Moura anunciando Nerize Paiva, a Bomba Atômica dos auditórios”. ]

“O Carnaval: blocos nas ruas, rainhas, turma do coça-coça, o trator de Bila, o Boi do Mangangá, o quartel general do frevo animado por Reginaldo Silva (Nadinho)”. 

“O coco de Ivo Preto”. 

“Zé Véio e a filharada todos bêbados e vivendo sua vida”. 

“As novenas de maio: missas, girandolas de fogos, balões subindo, banda de música, frio gostoso e nas barracas ao lado da prefeitura umas lapadinhas para cortar o frio”. 

“A casa do Major Wilson: sempre invadida pela polícia quando havia um estremecimento no país”. 

“A Escola de Dona Laura: muito ensino, menção de honra, festas, desfiles e a diretora dizendo: - Seja Deus louvado e engrandecido, e a gente respondendo: - Para sempre seja louvado”. 

“Dr. Coelho em sua casa lendo muito, sempre atento aos acontecimentos no país e no mundo e se tornando um mito na cidade”. 

“A Casa Branca: Dr. Rui sempre elegantemente trajado, fumando muito, conversando com uma plateia selecionada e, às vezes, gozando os medalhões da política”. 

“Doutor Dario defendendo a candidatura de Fernando Ferrari”. 

“Antonio Lomba em cima do palanque, defronte da Igreja do Livramento, dizendo ter visto o anjo Gabriel tocando clarinete”. 

“Zé Bodega presidindo o PTN e fundando o MDB”. 

“Chico Canindé viajando para Cuba e, desta forma, escandalizando a reação”. 

“Renato, Zé Maria, Espirro, Toinho do Coletor, Silva, Biléu, Moacir Pequeninho, Zé Bucho, Deodato e Cia dando show no campo do Democrático e depois no Souto Maior”. 

“Luiz Mangoba desmunhecando, lavando carros e cantando Babalu”. 

“O velho Majestic, dirigido por Sobreira, todo de branco e Amaro Testinha dando as ordens na cozinha”. 

“Britinho, nas madrugadas cantando Serra da Boa Esperança”. 

“O Ginásio Cardeal Arcoverde: o padre Delson ralhando com os mais moleques e colocando no quadro negro o nome dos devedores, o campo de peladas, os professores, as presepadas”. 

“O Sinuca de Gonzaga: Sinhozinho e Antônio dos Colchões disputando uma negra, Mestre Heráclito contando suas aventuras e Zé Conrado tirando o barato no baralho”. 

“Nestot Pires de Carvalho voltando para casa quase no mesmo instante que saíra porque encontrara um negro”. 

“As campanhas políticas: o governo perdendo sucessivamente em Arcoverde nas eleições para governador. Em 63 Antônio Lomba e Giovanni vencendo os candidatos do governo. Em 68 Giovanni vencendo o que restava do PSD e do PTB, colocando a truculência de recesso. Em 74 Marcos Freire batendo em quase todas as urnas a João Cleofas, que nunca perdera uma eleição em Arcoverde”. 

E, de repente, ela vê imagens muito tristes: A Palmeiron fechando, o Bandeirante transformado em supermercado, o Bar de Noé virando loja, a Escola de Dona Laura e o Escondidinho virando prédios de apartamentos, velhas casas tradicionais derrubadas para dar lugar a prédios tipo caixão.

Terminado o filme ela chora. Mas por pouco tempo. Não é de curtir grandes fossas. Sabe que é preciso levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Com 84 aninhos sabe que ainda pode dar uma virada na vida, mas sem revanchismo, sem ódio e, sobretudo, sem medo. Nas asas da Liberdade e da Democracia ela sabe que chega lá. É só uma questão de tempo. A sua vocação não é só o comércio, é também a liberdade, a democracia, a esperança, a rebeldia e a luta contra os tiranetes de plantão, estejam onde eles estiverem. Viva Arcoverde.Ver mais


Estação das Lembranças (21 anos de um Livro de Memórias)



Carlos Alberto Cavalcanti*

A obra veio a público em 2000. Autor: Giovanni Porto. Mais de 30 textos memoriais construídos com a qualidade estética e metódica de quem conhece a História e dela foi um protagonista de peso, seja no exercício do seu ensino nas escolas da cidade, seja quando fez História no exercício do mandato de prefeito arcoverdense, tendo deixado, nas duas atividades, um legado de inestimável valor para o município.

O livro traz, no prefácio, a palavra abalizada de um grande das Letras pernambucanas, o escritor e médico Rostand Paraíso, do Recife, cronista conceituado, falecido em 2019. A partir da própria capa, onde uma bela e saudosa foto mostra um flagrante da Estação de Trem Barão do Rio Branco, passando pela leitura do sumário, que serve de entrada nessa viagem de volta ao passado, o livro projeta, no leitor, as lembranças do autor. Há como que um encontro marcado entre autor e leitor numa sequência de lembranças introjetadas na larga vivência do autor e compartilhadas com leitores de todas as idades.

Ao anunciar que “nestas páginas se encontram apenas pensamentos e lembranças”, o autor prepara o leitor para acompanhar o seu trajeto memorialista que preliminarmente se organiza em três blocos distintos da escrita do professor Giovanni Porto. Num primeiro momento – ou na primeira metade do livro – há uma reunião de textos reflexivos, nos quais o autor se detém sobre conjecturas existenciais, com uma forte carga emotiva recheada de nuances filosóficas. Diz Giovanni que “os ascetas rirão dessa autoindulgência” com que se vê enredado após assumir
esse olhar filosófico sobre a vida.

Em seguida, o autor se ocupa diretamente em ajustar a criação textual à sensibilidade que lhe é peculiar, passando ao registro das lembranças que lhe ocorrem e são responsáveis pela pulsão das emoções. Diz ele: “O escritor é, também, um narcisista, a olhar-se demoradamente no seu espelho”. Não está só, pois o Dr. Rostand Paraíso, prefaciador do livro, afirma ter um “gosto proustiano pelo passado”.

Então, procede a afirmação de Giovanni Porto ao dizer: “Aqui cravo as minhas estacas e armo a minha tenda”. De modo que, disposto a “viver sem a sofreguidão do desespero e sem a inatividade da melancolia”, Giovanni escreve com a firmeza literária de um cronista experiente, atento aos ditames da Língua e, sobretudo, senhor do trânsito entre as palavras e sua sinuosidade semântica.

Assim, logo à página 48, Tempo do Big Brother, ele abre suas confidências memorialistas referindo-se ao Recife do seu tempo de estudante, tema que reaparece em A Pensão de Nana, página 53. Mas é a partir de Rio Branco, página 69, que o autor se volta diretamente para as memórias arcoverdenses, assunto tratado em mais 15 textos que são antológicos pelo grau de profundidade histórica e sentimental.

Giovanni nos transporta, com seu jeito de narrar abrindo o coração, ao exato momento do que é relatado, e nos inclui na narrativa, uma vez que nos faz reféns de sua saudade. Seria redundante tentar exemplificar tal sensação com uma ou outra citação, pois todos os textos são fortemente carregados por esse estado de retorno ao passado.

Mas não há como omitir que a leitura de A Farmácia do meu tio (p. 97), quando se refere ao Sr. Florismundo e aos caixotes contendo remédios e folhinhas (calendários distribuídos no final de cada ano), reafirma a fugacidade do tempo, para o qual não há remédio que cure; ou ao ler na página 105: Estação Barão do Rio Branco, parece que estamos ali na plataforma, a olhar o entra e sai de gente, a ouvir o apito da partida do trem que até hoje não teve volta… e, por fim, vale ressaltar o texto em que o autor se refere À Imagem Perdida, página 100, onde arranca do fundo do seu coração a saudade um tanto confusa, e talvez por isso ainda mais triste, pois tinha menos de 4 anos quando sua mãe morreu. Helena Rodrigues Porto, ainda tão jovem, partiu e deixou o menino sem poder contar com o abraço maternal, com a palavra aconselhadora. Com razão, diz o autor: “Hoje é que vejo a falta que ela me fez”.

Estação das Lembranças é, portanto, um livro que merece ser lido quase como um diário achado numa gaveta de um velho armário ou um bilhete resgatado de uma garrafa que boia no mar. São reminiscências que apresentam o talento literário do historiador e conta a História com a tonalidade do afetivo.
Vale a pena ler!

*Carlos Alberto de Assis Cavalcanti, natural da cidade da Pedra – PE, nasceu em 28 de fevereiro de 1955, é casado com a sra. Jaci Ferreira Lira Cavalcanti; Professor do Centro de Ensino Superior de Arcoverde – PE, área de Letras. Mestrado pela UFPE. Autor de: Itinerário Poético – poesias – Menção Honrosa no Concurso Nacional de Poesias da Academia Pernambucana de Letras [2001]; Em 2012 recebeu o Título de Cidadão Arcoverdense. É detentor de vários prêmios nacionais nas modalidades: poesia moderna, sonetos e trovas. Tem poemas incluídos em diversas antologias nacionais, por conta de premiações em Concursos Literários. Associado à UBE (União Brasileira de Escritores); Membro Correspondente de Academias em Cachoeiro do Itapemirim – ES, Ponta-Grossa – PR e Rio de Janeiro – RJ; Delegado Municipal da UBT [União Brasileira de Trovadores].
Fonte: https://enfoquecultural.com.br/

35 anos do Baú de Arcoverde


Carlos Alberto Cavalcanti*

Arcoverde é uma cidade bem dotada de memorialistas. Há uma boa bibliografia na qual seus autores enfocam – em prosa ou verso – suas reminiscências sobre pessoas e fatos que representam um mergulho no rio caudaloso da saudade de Olho D’Água dos Bredos, Rio Branco e, agora, Arcoverde.

Dentre essas obras, O BAÚ DE ARCOVERDE tem presença garantida na lista de leituras, posto que o autor, William Pôrto, cronista vocacionado desde os tempos que não passava de um Piolho, denominação carinhosa com que era tratado pelos muitos amigos de conversas avulsas, é um arcoverdense sentimentalmente agregado a essas lembranças.

Para a felicidade geral da Terra do Cardeal, William dispõe de uma memória extraordinária que, aliada ao talento para a redação minuciosa dos fatos, deu-nos, como produto final, esse livro fantástico que hora chega aos 35 anos de sua publicação inaugural.

Com certeza, a obra está a merecer uma nova edição para coroar esse longo tempo de existência, sobretudo porque livros assim não são expostos na vitrine das livrarias, sempre ocupadas em mostrar os chamados best seller, alguns elevados a tal destaque pela força do poder promocional que reúne, a um só tempo, escritores, editores e publicidade em favor de uma obra, às vezes, de pouco teor literário.

Mesmo em cidades maiores, há um descaso para com os escritores locais, cujos livros ficam num recanto de pouco acesso, enquanto lá na frente, as “obras” são expostas com requintes chamativos.

Lembro que a UBE, no Recife, encaminhou um veemente protesto aos proprietários das principais livrarias da cidade, no sentido de garantir um espaço respeitoso para com as obras de autores pernambucanos.

Ao abrir o BAÚ DE ARCOVERDE, o leitor vai encontrar uma coletânea de textos que escavacam nossas lembranças até o mais interior dos recantos. William, a exemplo de um explorador de pepitas, vai sacudindo sua peneira cuidadosamente, para que não se perca nenhum detalhe do relato colhido lá no fundo do baú da saudade.

A obra vem ancorada por comentários introdutórios. Logo nas orelhas, temos as palavras de Anna Karenine (filha de Wiliam) que, com a firmeza de quem leu os originais, confirma a desenvoltura do autor dos escritos: “são crônicas das mais diversas – relatos e descrições telúricas mescladas de humor e nostalgia”.

De fato, William é um escritor que se fez ao longo de inúmeras e variadas leituras de obras literárias. Construiu uma carga afetiva que vem refinada por essas leituras e pela interação constante com pessoas do seu círculo familiar e de uma vasta lista de amizades.

Tudo isso representa o seu histórico de vida que, com certeza, é bem mais amplo do que o histórico da rotina escolar. Tanto assim que, com base na soma dos textos publicados nos jornais por onde teve passagem, imperiosamente os amigos fizeram coro no sentido de que William reunisse o material num livro. Anna Karenine afirma: “William Pôrto, inegavelmente, é uma das maiores expressões do jornalismo interiorano”.

Um outro nome se levanta em defesa dessa afirmação, até porque um dos incentivadores para que essa publicação se tornasse realidade. Trata-se do também cronista Boanerges Pacheco, por muito tempo colaborador do Jornal de Arcoverde.

No prefácio do Baú de Arcoverde, Boanerges afirma sobre a construção da obra: “Repontam a singeleza criativa de oportuna mensagem, a autenticidade das palavras enxutas e o rico conteúdo de pensamentos calcados em reminiscências expressivas […] nas referências a pessoas queridas e episódios relevantes”.

William Pôrto corresponde amplamente ao respaldo dessas opiniões na obra que agora chega aos 35 anos de publicação. Estruturada em quatro blocos, no primeiro deles temos 15 textos reunidos pelo subtítulo: BAÚ DO PASSADO. Abre essa lista: A CASA DO MAJOR (p. 13), talvez o mais intenso em dose de emoção, pois trata diretamente do ponto de partida da vida de sua família em Arcoverde.

Em seguida, dois textos tratam de sua vida escolar: GINÁSIO CARDEAL ARCOVERDE (p. 25) e A ESCOLA DE DONA LAURA (p. 45). São relatos confessionais de muita sensibilidade narrativo-descritiva com que William se refere a Dona Laura Rabelo, diretora da escola (onde William estudou antes de ir para o Cardeal) e ao padre Delson, já no Cardeal, onde ele elenca, com detalhes de um fisionomista profissional, as características dos professores da Casa.

O segundo bloco, com o subtítulo: NOSSA GENTE reúne, em 14 textos, descrições bem dosadas de detalhes quase fotográficos sobre personalidades variadas da comunidade. Mais uma vez William trabalha como um escultor que tem que entregar a encomenda contratada com a fidelidade correspondente ao modelo original.

Não há como não “ver” João Miudinho jogando bola em Sertânia ou exercendo sua atividade de advogado ou mesmo discursando na Câmara de Vereadores de Arcoverde, como está em: CAMARADA JOÃO MIUDINHO (p. 67).

Não há como não se “sentir” dentro da Tipografia Prima, de Napoleão Arcoverde, ali na Antônio Japiassu, cercado por caixotes de resmas de papel e aquele cheiro forte da tinta das máquinas impressoras que chegava às narinas logo ao entrar no recinto. Ali estava Napoleão: “pessoa fechada, dura, intransigente, séria”, assim o descreve William em: NAPOLEÃO DA PRIMA (p. 81).

No terceiro bloco, com o subtítulo: NOSSAS CAMPANHAS POLÍTICAS, William consegue nos levar para os comícios e passeatas que ocorriam naqueles tempos já guardados no BAÚ DE ARCOVERDE. Da lista que compõe essa seção, menciono: ÁUREO x GIOVANNI (p. 123), posto que reúne uma queda de braço entre duas forças de peso na História das campanhas políticas arcoverdenses. Década de 70 do século XX. Tempos difíceis na política.

O embate municipal estava acirrado. Mas a decisão veio mesmo do povão que se vestiu de azul e acompanhou o professor Giovanni rua a rua, bairro a bairro, em memoráveis e impressionantes passeatas. William, com a isenção de um jornalista, a despeito de que um dos candidatos era seu irmão, conta tudo.

Por fim, o quarto bloco intitula-se: ARTIGOS ESPARSOS e contém 16 textos. São oriundos de publicações já estampadas nas páginas de jornais regionais, também no Jornal do Commercio.

Vale a pena citar: CARTA AO ZÉ NINGUÉM (p. 159), texto inicialmente publicado no Jornal de Arcoverde (30/06/86), no qual William se dirige a um leitor hipotético e se abre com ele sobre a situação da vida em geral e da vida político-administrativa do País.

Há traços de lirismo e de indignação na fala do autor do texto (talvez uma voz coletiva aí acoplada à voz do narrador) que, igualmente, reverbera não aos olhos-ouvidos de um só leitor, mas se amplia a múltiplos olhos-ouvidos. A força do texto ultrapassa as fronteiras do tempo e parece ecoar na atualidade.

Concluindo, reiteramos nossa admiração pelo autor de BAÚ DE ARCOVERDE. Mesmo distanciados geograficamente, temos muito em comum nessa vinculação telúrica por Arcoverde de qualquer época.

*Carlos Alberto de Assis Cavalcanti, natural da cidade da Pedra – PE, nasceu em 28 de fevereiro de 1955, é casado com a sra. Jaci Ferreira Lira Cavalcanti; Professor do Centro de Ensino Superior de Arcoverde – PE, área de Letras. Mestrado pela UFPE. Autor de: Itinerário Poético – poesias – Menção Honrosa no Concurso Nacional de Poesias da Academia Pernambucana de Letras [2001]; Em 2012 recebeu o Título de Cidadão Arcoverdense. É detentor de vários prêmios nacionais nas modalidades: poesia moderna, sonetos e trovas. Tem poemas incluídos em diversas antologias nacionais, por conta de premiações em Concursos Literários. Associado à UBE (União Brasileira de Escritores); Membro Correspondente de Academias em Cachoeiro do Itapemirim – ES, Ponta-Grossa – PR e Rio de Janeiro – RJ; Delegado Municipal da UBT [União Brasileira de Trovadores].
Fonte: enfoquecultural.com.br.
REGRAS DO FUTEBOL DE RUA DE ANTIGAMENTE
(1) Os dois melhores não podem estar no mesmo time. Logo, eles tiram par-ou-ímpar e escolhem os times.
(2) Ser escolhido por último é uma grande humilhação.
(3) Um time joga sem camisa e o outro com camisa.
(4) O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de agarrar.
(5) Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um agarra até sofrer um gol.
(6) Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom só para tentar pegar a cobrança.
(7) Os piores de cada lado ficam na zaga.
(8) O dono da bola (mesmo sendo ruim) joga no mesmo time do melhor jogador.
(9) Não tem juiz.
(10) As faltas são marcadas no grito: se você foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirá a falta.
(11) Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite " é nossa" e pegue a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (essa regra também se aplica ao "escanteio").
(12) Lesões como arrancar a tampa do dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras são normais.
(13) Quem chuta a bola para longe tem que buscar.
REGRAS DO FUTEBOL DE RUA DE ANTIGAMENTE
(1) Os dois melhores não podem estar no mesmo time. Logo, eles tiram par-ou-ímpar e escolhem os times.
(2) Ser escolhido por último é uma grande humilhação.
(3) Um time joga sem camisa e o outro com camisa.
(4) O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de agarrar.
(5) Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um agarra até sofrer um gol.
(6) Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom só para tentar pegar a cobrança.
(7) Os piores de cada lado ficam na zaga.
(8) O dono da bola (mesmo sendo ruim) joga no mesmo time do melhor jogador.
(9) Não tem juiz.
(10) As faltas são marcadas no grito: se você foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirá a falta.
(11) Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite " é nossa" e pegue a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (essa regra também se aplica ao "escanteio").
(12) Lesões como arrancar a tampa do dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras são normais.
(13) Quem chuta a bola para longe tem que buscar.
14) Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, se for o caso, na pancada.
(15) A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece, ou quando a mãe do dono da bola manda ele ir pra casa, ou aquela vizinha que prende a bola que caiu na casa dela ou corta a bola.
Obs: Faltou a marcação do gol com chinelo havaiana, que também era utilizado como luva pelo goleiro.


História do Cinema Rio Branco
A história do Rio Branco confunde-se com a história do município e até com a do Brasil. Na época de sua inauguração, mais precisamente em 5 de maio de 1917, a cidade de Arcoverde ainda não existia. O que havia era o vilarejo de Rio Branco, pertencente ao município de Pesqueira. Além das casas dos moradores, a cidade possuía apenas dos prédios: o da estação ferroviária e a casa comercial Salve Napoleão. A loja pertencia a Valdemar Napoleão Arcoverde, um dos comerciantes mais importantes do sertão nas décadas de 20, 30. Foi dele a idéia de construir o Cine Rio Branco.
O prédio foi erguido, mas só entrou em funcionamento dois anos depois. “O Cine Rio Branco foi palco dos primeiros debates sobre a emancipação do município”.
REFORMA – A reforma do Cine Rio Branco foi possível graças a um projeto enviado pelo Centro de Apoio Comunitário de Arcoverde (CEACA) à Fundarpe. O projeto, que inclui além da reforma, a compra do prédio, está sendo patrocinado pela Celpe, através da Lei de Incentivo à Cultura. O orçamento total é de 200 mil reais, sendo que 160 mil para a compra da casa e o restante para a reforma.
O trabalho inclui a recuperação da fachada (que originalmente era em estilo colonial), pintura, recuperação das poltronas (280, no total), colocação de forro e pintura da sala de projeção, reforma nos banheiros e troca do piso. Serão construídos ainda uma lanchonete, uma praça de alimentação e um pequeno palco. E na falta de verba para colocação de ar-condicionado, serão instalados 15 ventiladores de parede.
“Esta é a segunda reforma no prédio. A outra foi na década de 70, quando foram retiradas as janelas e duas das quatro portas de saída. Só vai ficar faltando mesmo uma tela nova e o ar-condicionado. Mas o som será dolby, igual aos do Multiplex”, festeja o administrador. O novo equipamento vai solucionar um incômodo problema. “Se chegasse um carro na hora da sessão, ninguém ouvia mais nada. Tínhamos que pedir ao motorista para desligar o veículo”, recorda.
“O Rio Branco guarda parte da memória do município de Arcoverde. Falavam-se das antigas sessões, quando as pessoas vestiam traje a rigor para ir ao cinema. Naquele tempo, os filmes eram trazidos de trem, que hoje nem passa mais por aqui”.

O trem que cortava os sertões pernambucanos...
Mais uma bela imagem do memorável "Trem da Serra", ou Recife - Salgueiro. Esta imagem, da década de 1980, foi feita justamente no momento em que a composição, com destino a Recife, estava alinhada à plataforma da Estação Ferroviária de Henrique Dias (canto esquerdo), no km 297 da Linha Centro. Já percebe-se um certo abandono na plataforma mal cuidada. Mas mesmo assim, nota-se a movimentação de passageiros ao fundo. O último trem de passageiros Recife - Salgueiro rodou em 1989, quando foi então desativado, deixando milhares de pessoas sem a opção do transporte barato e seguro proporcionado pela ferrovia. Henrique Dias é uma povoação do município de Sertânia, uma das muitas povoações que eram movimentadas pelo trem. (Imagem: Página Sertânia-PE).

Os desfiles de sete de setembro

   Quando chegava a semana da pátria eu até gostava porque, simplesmente, entrava de férias. Como não tocava nada e atrapalhava a marcha, eu era literalmente esquecido. Mas de certo modo eu curtia aquela excitação que antecedia o 7 de Setembro. Achava engraçadíssimo quando o santo do patriotismo baixava em certas pessoas que nunca se preocupavam com a sorte do povo e que, de repente não mais que de repente, viravam patriotas radicais e impavam que nem impávidos colossos de hiprocrisia.
   De forma que antes da parada oficial havia os célebres ensaios de marcha dos quais eu era excluído, ficava só observando o esforço da meninada.
   Aí chegava, enfim, o grande dia. Mal amanhecia e éramos (quando eu participava) despertados pelo foguetório. Imediatamente tomávamos o célebre banho de cuia (chuveiro era coisa de rico), escovávamos os dentes com a pasta Colipe, tomávamos um café à Elba Ramalho, vestíamos a farda, calçávamos os sapatos brilhando e, claro, íamos para a escola. Lá, depois que organizavam as filas, a diretora fazia uma preleção, dava uma injeção de patriotismo e marchávamos até o local da concentração das escolas. Não raro ficávamos ali ao sol sem poder conversar, esperando pelas "altas autoridades", enquanto os locutores agrediam nossos ouvidos puxando o saco dos poderosos do dia e uivando, excitados, brados retumbantes de patriotadas. Aí vinha o pior, os discursos chatos e intermináveis que a gente não entendia nadinha.
   Finda as falas, começava a marcha pelas ruas da cidade. Detahe: devido ao sol causticante, os garotos mais franzinos e que não tinham tomado café reforçado costumavam ser acometidos se "bilôras". Eu simulei algumas, com um agravante, fingia também um acesso de asma.
   Outro detalhe que eu detestava era aqueles cartazes e faixas que colocavam na frente dos pelotões bajulando políticos corruptos e tiranetes de plantão. Nunca segurei um, me recusava terminantemente. No final do desfile (ou era no meio?) serviam um guaraná e um pãozinho com mortadela. Eu tomava o guaraná mas não comia o pão, achava que a mortadela era estragada, resto de comida surrupiada do poder público. Sempre fui radical e do contra.
   O melhor dessas marchas era quando elas acabavam, quando nos livrávamos dos deveres patrióticos, daquela latromia: um dois!, ordinário, marche!, meia volta volver!, sentido! acerte o passo!; e quando silenciavam os tambores, hinos, palavras de ordem. Bom mesmo era a "Última Forma", a volta ao normal, à molecagem, livres dos arroubos patrióticos. Os falsos patriotas, os corruptos e ladrões fantasiados de patriotas também voltavam ao normal. Aleluia! Acho que eles davam pulos de alegria quando voltavam à normalidade.
  Ainda hoje costumo, de vez em quando, assistir a parada do dia sete ou seja, onze de setembro em Arcoverde. Pois bem, quando as escolas passam eu juro, camaradas, que sempre vejo marchando, contrariado, um garoto zambeta, arengueiro e errando muito o passo, doido para que o desfile termine logo. Nesse momento, confesso, como acontece quando vejo alguns filmes e ouço algumas músicas, meus olhos marejam. Saudade dos desfiles? Não, saudade da infância. Viva o Brasil! Zil! Zil! Zil!


                     Desfile do Colégio Imaculada Conceição de Arcoverde. Vê-se o Cine Bandeirante.


Zé Pedro, coroinha do Pe. Godolfredo, Seu Crispin, que por décadas, fotografou a família arcoverdenses e tantos outros que fizeram a história de Arcoverde. 
Sebastião Freitas Lima (Sebastião Caranguejo)









Palavras pra você, Sebastião Freitas Lima, que na data de 17 de junho de 1980, deixou o convívio com os mortais, entrando em contato com a eternidade. Palavras pra você que, ao partir, fez com que, quase toda uma cidade se levanta-se e saísse em cortejo fúnebre, como que querendo trazer você de volta, sem se conformar com sua partida rápida, como que querendo pelo menos como último desejo se, assim fosse possível, ver das suas mãos o último acena ou ouvir dos seus lábios o último adeus. Seria muito para nós que ficamos ver das sua mãos o último adeus? Dessas mãos que ao segurar um microfone fazia qualquer pessoa vibrar através do ritmo, por pior que fosse o seu humor. Seria muito ouvir pela a última vez o último adeus, gritado pelos seus lábios, desses lábios que tantas e tantas vezes nos salões e mesmo fora dele, transformaram pessoas e no afam do ritmo que só você sabia segurar, esquecia os problemas do dia a dia. Palavras pra você Sebastião, que as pessoas preferiam chamar de Caranguejo, porque só assim se sentiam mais perto de você, ficavam mais íntimo e podiam aprender alguma coisa com você. Palavras pra você, que era pequenino no tamanho, mais parecendo uma criança e talvez fosse por isso que você transmitia tanta felicidade as pessoas, porque só os adultos que permanecem com o resquício da infância, é que sabe transmitir a felicidade, como você sabia. Você que mesmo sem saber era um líder nato, porque os líderes aparecem geralmente quando morrem. È Caranguejo, os líderes são aquelas pessoas sem o a força conseguem angariar a simpatia dos seres humanos e as pessoas de inspiram nelas porque depositam confiança, Assim como os profetas fazem com seus seguidores. Você sabia que existem tanta pessoas que lhe admiravam? Você sabia que quase toda a cidade de Arcoverde iria chorar a sua morte, não sabia em Caranguejo? E mesmo que soube-se não iria mudar você em nada, claro que não, porque a sua simplicidade encobria qualquer sinal de mediocridade. Palavra pra você que, era a alegria do sertão, que sua luta desesperada do dia a dia, tentando fazer tudo correto, correto de mais, talvez tenha esquecido de viver. E quem sabe você tenha seguido a letra daquele verso que diz: “De tanto cantar as minhas canções ao vento, esqueci de viver”. Você que não conhecia o fracasso, mais que se preocupava para fazer tudo correto. Palavras pra você que, soube como ninguém fazer amigos e diz um provérbio que, quando as pessoas já cumpriram a sua missão na terra Deus o chama e será que você já havia cumprido mesmo a sua aqui conosco? Não, não posso responder a pergunta, mais que eu gostaria de ouvir você cantar novamente, há , isso eu gostaria, as pessoas sabem Caranguejo que, a transformação da matéria é necessárias, porém a algumas ainda teima em fazer inimigos. Pela brilhante lição que você trouxe para nós, pela a felicidade que você transmitia as pessoas evocando suas canções, pela maneira simples de viver através da música, pelo o amor que você deixou entre nós, porque você é filho do universo, irmão das estrelas e Arvores, e que lhe dedico as minha palavras pra você.

 

BAÚ DE HISTÓRIAS QUE O POVO CONTA



NOÉ NUNES FERRAZ (NOÉ DO BAR)
Noé Nunes Ferraz, o Noé do Bar e Sorveteria Confiança, localizada na Avenida Coronel Antônio Japiassú, na terra do Cardeal Arcoverde.
O seu Noé das calças frouxas e suspensório, meio gordo, olhos muito vivos, alegre, irreverente, da gravata borboleta sem laço, do cinturão largo e alpargatas de rabiço, inteligente e muito espirituoso, sempre com uma camisa de malha, calças escuras bem largas e u molho bem grande de chaves preso a um cinturão tala largas de couro. Ninguém em Arcoverde foi mais original e popular do que ele. O Noé, chamados pelos viajantes, da época, filósofos das legendas de paredes, por causa dos pensamentos que escrevia nas quatro paredes de seu estabelecimento comercial. Seus ditos, sua maneira de ser, e principalmente, o seu bar, que tinha nas paredes as recordações de todos que viveram à sua época.
Figura singularíssima popular, simpático, conversador e comunicativo, é muito difícil dissociar a figura de Noé do seu universo, ou seja, do seu bar. Ele não tinha outra diversão, atividade ou preocupação que não fosse o seu estabelecimento: O Bar e Sorveteria Confiança , visinho do seu concorrente Mário Caboré, proprietário do Ponto Certo.
Motivado pelos inúmeros causos acontecidos envolvendo sua pessoa, ainda hoje é figura muito lembrada na cidade, o qual trouxe grande parcela para o enriquecimento do folclore Arcoverdense. Mesmo sem ligar para política ou para qualquer tipo de movimento, ele à sua maneira foi um filósofo, um cara que sabia das coisa. Muitas da suas opiniões estavam escritas nas paredes do bar. Essas inscrições tomavam todas as paredes até quase a cumeeira e era uma das maiores características do bar e comentadas em todo o Estado de Pernambuco.

ALGUMAS DAS INSCRIÇÕES
“QUANDO EU COMPRAR UMA FIRMA COM TÍTULO DESCONTADO, EU SABENDO, PREFIRO MORRER ENFORCADO”.
“BOBAGE DISSE À RAINHA: BRICADEIRA É UMA SÓ VEZ. EU DIGO: BRICADEIRA DEMORADA É UM PERIGO DANADO”.
“SE BEBE PARA ESQUECER, PAGUE ANTES DE BEBER”.
“AS TRÊS COISAS MAIS FÁCEIS QUE EU ACHEI: PROMETÊ E NÃO CUMPRIR, DÁ JEITO NOS NEGÓCIOS DOS OUTROS E MANDAR LEMBRANÇA”.
“AQUI NÃO GUARDO AVES E MUITO MENOS GALINHAS OU DA FAMÍLIA”.
“ HÁ ENTRE O HOMEM E O TEMPO CONSEQUÊNCIAS BEM FATAIS. O TEMPO FAZ E NÃO DIZ, O HOMEM DIZ E NÃO FAZ. O HOMEM NEM TRÁS NEM LEVA E O TEMPO LEVA E TRÁS”.
“MORRE A MULHER FICA A SAIA, SECA A MARÉ, FICA A PRAIA, BOI MORTO NÃO SE LEVANTA, QUEM NÃO NASCEU PRA CANTÁ, MORRE DANADO E NÃO CANTA”.
“ A MEDIDA DE PREVENI NÃO TEM COMPARAÇÃO COM A DE REMEDIAR. É MELHOR COM PENA SENTIR DO QUE SEM REMÉDIO CHORAR. VÊ LÁ! COMO ENVELHECER ACHANDO BOM, NOÉ SABE”.
“NO MUNDO VENCE OS QUE TEM CALMA E FRACASSAM OS VIOLENTOS OU QUE DESESPERAM ANTES DO TEMPO. FOI ASSIM QUE HITLER PERDEU E CHURCHIL GANHOU MAIS FOI A GUERRA”.
“O PAI QUE NÃO FAIS SEUS FILHOS CHORÁ EM PEQUENO, CHORA POR ELES. SEPOIS QUE FAZ TODOS OS GOSTOS A ELES, TEM DESGOSTO POR ELES, E QUEM NÃO FAZ ELES TRABALHAR. TEM TRABALHO POR ELES E MAIS! E MAIS!”
“A PRIMEIRA DE 1964: SE O AMOR DA MULHER NÃO VENCE O HOMEM JÁ NÃO TEM OUTRO PUDER”.
“VIVER TODO O MUNDO SABE, MAS SÓ DEUS SABE COMO VIVER SOFRENDO. NÃO É VIVER QUE EU QUERO VER. E VIVER GOZANDO, E BRINCANDO, E A CANTANDO. ISSO É QUE ME TEM DADO TRABALHO APRENDER”.
“COM GEITO SE ARRANJA TUDO, COM JEITO TUDO DE FAZ, COM JEITO SE LEVA O MUNDO, COM GEITO TUDO É CAPAZ, QUEM NÃO SABE FAZER ISTO, TEM QUE SOFRER DEMAIS”.
“QUEM NASCEU E VIVEU SEM OS CARINHOS DE UMA MULHER QUERIDA, PODE DIZER QUE NASCEU E VIVEU NAS TREVAS, SEM CONHECER O MAIOR PRAZER DA VIDA”.

FRASES QUE NOÉ COLOCAVA NO SERVIÇO DE PROPAGANDA DE ALTO-FALANTES BANDEIRANTE
“DEUS PROTEGE O INOCENTE QUE SE ESCONDE DO MALVADO E ATRAPALHA OS PROJETOS DO MAL INTENCIONADO”.
“BAR E SORVETERIA CONFIANÇA DE NOÉ NUNES FERRAZ”.
“”QUEM É NOÉ? – NÃO É O DA SOVERTERIA?”.
“NOÉ E COMO OS DOZE PARES DE FRANÇA, TEM SIDO EMITADO, MAS NUNCA IGUALADO”.
“QUEM DOMINOU COM PADADRIA 19 ANOS EM CUSTÓDIA?”.
“QUEM DOMINOU COM SECOS E MOLHADOS 27 ANOS EM SERRA TALHADA?”
“QUEM ESTÁ DOMINANDO HÁ 33 ANOS COM BAR, SORVETERIA E RESTAURANTE EM RIO BRANCO?”.
“NOÉ. NO BAR E SORVETERIA CONFIANÇA, VOCÊ ENCONTRARÁ OS MELHORES PETISCOS E TANTO COMPRA GÁS, CHARUTOS, CIGARROS, OVOS, CARAMLOS, CAVIAR, COCO, SABÃO, LÍNGUA DE ROUXINOL, MANGA DE CANDEEIRO, AZEITONA, MELHORAL, ALPAGATAS, GALINHA, AÇUCAR, LINGÜIÇA, COCADA, MEL DE ABELHA, BARBANTE E CABO DE VASSOURA, COMO ENTRE OUTROS GÊNEROS, ELIXIR SANATIVO. ESTAREMOS VENDENDO TAMBÉM LOGO MAIS, PAU DE CANGALHO”.
“É NOÉ SEMPRE O MESMO DE PAZ E DO AMOR! É NOÉ NUNES FERAZ”.
Mas foram os episódios divertidos que mais marcaram a sua vida e ficaram no nosso folclore e anedotário.
EPISÓDIOS E CAUSOS DO SEU NOÉ
“Certa vez uma dona muito chata entrou no bar e perguntou: “Tem ovos?” Ele respondeu sério: “Tem não senhora”. E a dona: “Deveria ter”. Noé em cima da bucha: “ De veria tem, a senhora quer?”
“Um cara comprou um picolé e encontrou dentro algo parecido com um pedaço de gravata borboleta que Noé usava. Foi reclamar. Cheio de direitos disse: “Olhe o que eu encontrei dentro de um picolé que comprei aqui, um pedaço de gravata”. Noé ouviu com atenção e mordaz respondeu: “E pelo preço que pagou você queria encontrar uma gravata inteira?”
“Esta, no meu entender, foi a que mais marcou o espírito crítico de Noé, a pessoa realista que Lee era. Logo depois do golpe de 1964, no auge do “pega-pra-capar”, estavam dois sujeitos discutindo no bar, um a favor da “redentora” e outro contra. Noé só ouvindo. Como não chegaram a um acordo, eles pediram a opinião de Noé. Ele foi taxativo: “ Se a comida é essa, para que engulhar?”
“A campanha política de Napoleão X Cursino, foi uma guerra. Dividiu a cidade. Noé, como era do seu feitio, não tomou partido. Mas não pode se furtar a um comentário seco, sério e definitivo sobre os dois candidatos: “ Um não fala com ninguém (Cursino) e o outro a gente não pode falar com ele (Napoleão)”.
“uma noite, algum tempo antes do dia que morreu, Milton (filho de seu Vicente Gomes, esta último dono de um armazém de compra de feijão, milho e mamona em Rio Branco, vizinho à “Sertaneja” de seu Manoel Novais), passou pelo Bar e Sorveteria Confiança e estava Noé cochilando, sentado numa cadeira na calçada. “Ai não é”, disse Milton, e continuou em seu caminho para o cinema. “È meu velho amigo”, respondeu Noé no mesmo instante, abrindo os olhos e continuando a cochilar na maior paz do mundo. Pode me chamar de “não é” que eu hoje estou velho e velho não é mesmo de nada”.
“Noé era maluco por buchada. Sobre essa sua preferência conta Luiz Cristóvão no prefácio do clássico “Minha Cidade, minha saudade” de Luiz Wilson, obra importante e definitiva da história arcoverdense: Um dia um rapaz foi ao Bar de seu Noé ( Noé era, àquele tempo, delegado de polícia de Rio Branco) queixar-se de que haviam roubado um carneiro do quintal de sua casa na Rua do Quipá. Como era esse carneiro; meu filho? O maturo estão com a esperança lampejando no olhos, pintou o animal com riqueza de detalhes: Ah! “seu” Noé, era um baita carneiro, capado e gordo, com as mãos pretas e uma mancha na testa. Dava gosto ver o bicho!
O velho se levantou da cadeira em que estava sentado, sungou as calças e foi a calçada do bar, para onde chamou o rapaz dizendo-lhe “na maior inocência do mundo”, a um canto de uma janela da casa de Antônio: “Meu filho, com esse carneiro eu não posso bulir, porque já fui chamado para comer a “buchada” dele amanhã. Volte para casa tranqüilo e não fale coisa alguma a ninguém. Se roubarem outro carneiro o senhor venha me dizer e aí você não pode imaginar o que eu vou fazer com o ladrão”.
“Noé já meio idoso, romântico e solitário, mas ainda se sentindo com bastante vigor, quis afogar a solidão com uma mulher bem mais jovem do que ele, com quem viveu maritalmente vários anos, mantendo-a numa rua bem afastada de seu estabelecimento comercial. Repetidas vezes, ao sair ou ao chegar na casa de sua jovem amante, notava nas proximidades da residência, a presença de um rapaz jovem, tipo almofadinha e olhava-o com desconfiança. Posteriormente certificou-se tratar-se de um ursinho, mimado carinhosamente pela sexualidade erótica e extasiante de sua jovem amante o que lhe deixou devera contrariado. Entretanto, Noé não era o tipo de homem que briga por mulher nenhuma. Muito pelo contrario, era um verdadeiro filósofo, resolveria tudo nos ditames das filosofia. Certo dia inesperadamente, encontrou-se com o dito cujo, e cumprimentou-o amavelmente, deixando o ursinho surpreso. Noé deu as cartas e jogou de mão. “Bom dia, meu jovem urso”. E prosseguiu: “ Trabalhe muito, ganhe bastante dinheiro para quando estiver da minha idade poder sustentar mulher para os ursos da via, como eu faço agora”. Rindo deixou o urso pasmado e foi embora”.
Hoje ele é nome de rua. È pouco, mas já é alguma coisa. A homenagem maior teria sido impedir a demolição do seu bar. Mas a nossa indiferença ante a voracidade do progresso é mais forte.
São muitas as estórias que contam de Noé, em Rio Branco, hoje como Arcoverde.
Finalmente, como dizia Guimarães Rosa: “ Há pessoas que não morrem, se encantam”, Noé foi uma delas.

1ª parte: Vila (1912-1928)

Por: Pedro Salviano Filho
(Coluna Histórias da Região - edição de março/abril de 2015)

No seu primeiro século, e já com o terceiro topônimo, Rio Branco era uma vila estagnada. Porém, em sua primeira década após a chegada dos trilhos, o seu crescimento foi surpreendente, a ponto de exigir a sua emancipação de Pesqueira.

O resgate de informações mostra novos dados que permitem acrescentar mais páginas ao nosso histórico. A luz elétrica e cinema; a construção de estradas; o crescimento do comércio, da educação, das feiras de gado, da quase desconhecida agência do Banco do Brasil, uma das primeiras no interior de Pernambuco (em 1923); algumas indústrias; o movimento para a emancipação que durou seis anos (a partir de 1922) e tantos outros fatores de desenvolvimento, transformaram a insignificante vilãzinha em local próspero.

A nossa planilha, elaborada para registrar as datas e os fatos ao longo do tempo, agora está se ampliando com novos dados, mostrando muitas novas informações e links para fontes primárias, estimulando o leitor mais interessado em conhecer mais profundamente sobre a nossa Arcoverde.

1908 - No Dicionário corográfico, histórico e estatístico de Pernambuco, de Sebastião de Vasconcelos Galvão, Rio de Janeiro, 1908, pág. 406 (vol 1), encontramos: ”Olho d´Água dos Bredos. Povoação. Situada no município de Cimbres ao poente da cidade de Pesqueira e desta distante 55 quilômetros, fica encravada entre a serra da Aldeia Velha e um serrote de pedras, um tanto alto; está em terreno plano e arenoso a mesma povoação, junto da qual pelo lado do sul corre o riacho do Mel, sempre seco durante o verão, e onde, nessa época, abrem cacimbas. Consta o povoado de umas 40 casas, dispostas em duas ruas, contando cerca de 300 habitantes, e possui uma boa capela, fundada por Leonardo Pacheco do Couto, sob a invocação de N.S. do Livramento. Daí à vila da Pedra medem 30 quilômetros. Por essa povoação é a melhor estrada que há no município para o interior do Estado, visto como não se tem de subir a serra do Ororubá. Na época própria é admirável o movimento de boiadas e cavalarias, que por ai fazem o trânsito. Ao norte, a 10 quilômetros, fica a fazenda Arara, onde existe um grande lajedo com 3 caldeirões, sendo que três lagoas existem também no mesmo lajedo e neste, do lado ocidental, há uma inscrição desconhecida. A 10 quilômetros ao sul fica a fazenda Pingadeira, sitio fértil e com água permanente. Está a 640 metros de altitude.”

01-07-1909 – Foi através da Lei Estadual n. 991, de 1º de julho de 1909, que o povoado de Olhos d´Água dos Bredos foi elevado à categoria de vila: “Três anos depois, passa a ser distrito de Pesqueira (Lei Municipal nº 18, de 12 de novembro de 1912)”. Minha cidade, minha saudade, Recife, 1972,Luís Wilson, pág. 130.

13-05-1912 – “Gumercindo [Cordeiro de Albuquerque Cavalcanti], que compareceu à inauguração da estação do trem ao lado do seu Neto [Francisco de Albuquerque Cavalcanti Neto, seu pai] e de dona Cordeira, recordava sempre a emoção de todos com a chegada das autoridades para o evento. Essas autoridades ocupavam um vagão especial colocado à frente da locomotiva. Não conseguiu entender, até seus últimos dias, o descaso das pessoas diante de tão importante acontecimento, pois a afluência à estação foi diminuta”. Arcoverde. História político-administrativa, Sebastião Calado Bastos, Brasília, 1995, pág. 89.
10-09-1912 – Em O Paiz (RJ),  6ª coluna: “[...] Ao mesmo tempo, a divisão procede aos estudos, que aguardam próximo termo, da estrada pública entre Rio Branco e Buíque, em uma extensão de cerca de 40 quilômetros."

16-05-1913 – O jornal A Província, 2ª col., apresentou na seção da Câmara dos deputados um "Ofício do conselho municipal de Cimbres solicitando a mudança do nome de Cimbres para município de Pesqueira.” Na edição especial de Pernambuco, O Jornal (RJ), 17-09-1928: “Outrora tinha o nome de Cimbres, mas como fosse motivo de constantes equívocos, por causa da vila desse nome, situada na serra Ororubá e que deixara de ser sede em 1836, resolveu o governo municipal, 1913, adotar a denominação Pesqueira, que foi referendada pelo Congresso Estadual.”

05-03-1914 - A Província, 3ª col.: Autoridade em exercício - "Assumiu o exercício do cargo de subdelegado do distrito policial Olho d´Água dos Bredos, do município de Pesqueira, na qualidade de efetivo, o Sr. Olympio Cavalcanti Freire”. Foi exonerado em 17-07-1915, (5ª col.).

05-04-1914- Jornal do Recife, 1ª col.: “[...] 1914- Projeto N. 9. Artigo 1º - É concedida a Glycério Nogueira Bandeira, ou à Companhia que organizar, privilégio para o transporte de cargas e passageiros por meio de automóveis, entre Rio Branco e Alagoa de Baixo, Ingazeira, Buíque, Flores, Vila Bela, Belmonte e Salgueiro.”

14-08-1915 - Jornal do Recife, 5ª col.: “Portaria. O secretário interino da justiça, negócios interiores, instrução pública e fazenda, de acordo com a proposta do dr. chefe de polícia em ofício n. 1624 de 15 do corrente, resolvo exonerar o cidadão Olympio Cavalcanti Freire do cargo de subdelegado do distrito Olho d´Água dos Bredos, do município de Pesqueira.” (Ele assumiu o cargo em 5 de março de 1914). A Provincia , 3ª col.:. “Autoridade em exercício. Assumiu o exercício do cargo de subdelegado do distrito policial Olho d´Água dos Bredos, no município de Pesqueira, na qualidade de efetivo, o sr. Olympio Cavalcanti Freire.”

29-02-1916 - O Paiz (RJ), 3ª col.: “Pelo Ministério da Viação foi solicitada do da Fazenda a distribuição do crédito de 20:000$ à delegacia fiscal em Pernambuco, por conta do crédito aberto pelo decreto n, 11.641, de 15 de julho de 1915. A referida quantia será entregue em quatro partes, como adiantamento, ao encarregado das obras da estrada de Rio Branco a Triunfo, sr. Manoel Siqueira Campos.” Em Um sertanejo e o Sertão, Ulisses Lins, Rio de Janeiro, 1976, pág. 116: “Logo que regressei a Alagoa de Baixo, segui para Triunfo, e vi que muita gente trabalhava na serra, rasgando-lhe as encostas, sendo informado de que se construía uma estrada de rodagem. Achei graça, pois não podia admitir que os carrinhos Ford – pioneiros no interior – tivessem peito para escalar as ladeiras valentes da serra da Baixa Verde. Fora Manoel de Siqueira Campos (Dudu), grande comerciante ali, espírito arrojado e empreendedor, quem tomara a iniciativa daquela tarefa de Hércules. Providencialmente, centenas de sertanejos famintos – estava no auge a tremenda seca de 1915 – ali estavam matando a fome, com os parcos salários recebidos. O dr, Manoel Borba havia acertado com Siqueira Campos a construção da estrada, aproveitando a época do flagelo climático, a fim de evitar maior êxodo dos sertanejos, e prometera ir a Triunfo, logo que a estrada estivesse terminada, O que fez , efetivamente.” 1915 – “Manuel de Siqueira Campos manda construir a Estrada de Triunfo a Rio Branco[...]. Os automóveis em que viajaram a Triunfo o Dr. Manuel Borba, governador do Estado, e sua comitiva [para inauguração] (um dos quais do Cel. Delmiro Gouveia e outro do Dr. Romeu Pessoa de Queiroz), vieram até Rio Branco em um carro de nossa antiga “Great Western”. Município de Arcoverde (Rio Branco), Luís Wilson, Recife, 1982, pág. 83. Na 2ª.col. foto: “Na inauguração da estrada Rio Branco – Triunfo, chegada dos primeiros carros via Estação.”

08-07-1917 - A Noite (RJ), 6ª col.: “As estradas de rodagem de Pernambuco. Alagoa de Baixo (Pernambuco), 8 (Serviço especial da A Noite) - A expensas da municipalidade e com auxílio de alguns comerciantes e criadores deste município, começaram, ontem, os trabalhos da estrada de rodagem desta cidade à povoação de Algodões a encontrar também a estrada Rio Branco a Triunfo. Reina por isso regozijo em toda a população deste município. A estrada em construção será inaugurada pelo dr. Manoel Borba, governador do Estado, que virá de Recife até aqui em automóvel.”

23-10-1917 –A Provincia, 6ª. col.: “Agência de Correios Olho d´Água dos Bredos passa a denominar-se Rio Branco“.

21-12-1917 – A Provincia, 2ª col.: “Exposição dos municípios. Já em Rio Branco o Sr. Augusto Cavalcanti. [...] o sr. Augusto Cavalcanti do município de Pesqueira: galinhas brancas [...].”


29-12-1917 - Jornal do Recife, 4ª col.: “Exposição dos municípios. Uma entrevista com o coronel Augusto Cavalcanti sobre agricultura. Foto: Alguns produtos da fazenda Boa Vista do coronel Augusto Cavalcanti Estação Rio Branco.” Mais: 19-12-1917 Jornal do Recife, 5ª.col.


1917 –“Relatório dos presidentes dos estados brasileiros. Estradas e caminhos carroçáveis. Também auxiliou o estado na construção do caminho carroçável de Rio Branco a Flores e Triunfo, já mandando para ali pessoal a fim de auxiliar os serviços, já se interessando perante o governo da união para a concessão de um auxílio monetário. Este caminho que ficou concluído em fins de dezembro último tem o desenvolvimento de 160 quilômetros. De Rio Branco a Custódia: 83 km [...]”.


17-07-1918 – Jornal do Recife, 5ª.col.: “O cel. Augusto Cavalcanti e a lagarta rosada do algodão (praga Zerofino).”
1918 - “Relatório dos presidentes dos estados brasileiros. “As estradas do estado estão divididas em quatro centros [...] 4º centro (Rio Branco) - Rio Branco a Triunfo”.

23-02-1919 - Primeiro registro na Igreja N.S. do Livramento, Batismos 1919-1922, imagem 3/156: “Aos vinte e três dias do mês de fevereiro de 1919 nesta Matriz de Rio Branco, bispado de Pesqueira, batizei solenemente o párvulo "José" nascido em .. de fevereiro de mil novecentos e dezenove; filho legítimo de Antônio Felipe de... e Joana Ferreira de Freitas, sendo padrinhos José Bezerra dos Santos e ... Maria da Conceição. E para constar lavrei este termo que assino. Padre José Kehrle, Vigário.”





1919 -“Foi para receber o pai que o Coronel mandou construir [em 1918] uma de nossas mais belas casas de residência, algum tempo depois vizinha à feira de gado do Tamboril e onde esteve entre os anos de 1932 e 1936, em Rio Branco, as Obras Contra Secas.” (Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Luís Wilson, 1982, pág. 93). Foto do livro Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, Roberto Moraes, Recife, 2008, pág.45.

29-07-1919 - Jornal do Recife - 6ª col.: “Liga riobranquense contra o analfabetismo. [...] Muito nova ainda, contando, apenas, meses de existência, a Liga mantem as escolas Joaquim Nabuco e D. Vital, respectivamente para os dois sexos e dirigidas pela professora diplomada Elódia de Mendonça e professor Tranquilino Vianna, servindo de adjuntas a professora diplomada Albertina Farias e professora Maria M. Porto. Estas escolas funcionam diariamente com a frequência de 50 a 58 alunos, o que é bastante animador[...]. “ Mais informações em 22-08-191.

09-08-1919 - Jornal do Recife, 7ª col.: “Viagem triunfal. A excursão do marechal Dantas Barreto a Rio Branco.”

18-09-1919 - A Provincia , 7ª col.: "Os jornais dizem que se inaugurou ontem mais uma estrada, a de Rio Branco a Buíque, estrada para a qual concorreu muito o governo federal [...].”

23-09-1919 – A Provincia, 2ª col.: Estrada para Buíque. “[...] Porque efetivamente, construir 28 longos quilômetros de estrada de rodagem em QUATRO anos já se chama trabalhar. Pois bem, depois de quatro anos de serviços já se pode ir de automóvel a Buíque! Projetaram-se e levaram-se a efeito grandes festas para o ato de inauguração. Na véspera foi um sábado, à noite eu presenciei o começo dos festejos nesta pacata vila de Rio Branco, ex-Olho d´Água dos Bredos [...]”.

26-11-1919 - Jornal do Recife, 1ª col.: “Aos parentes e amigos. Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Theodolina Cavalcanti de Albuquerque participam seu casamento. Rio Branco, 13 de novembro de 1919.” Checado em livro de registro civil.

1919 -“Relatório dos presidentes dos estados brasileiros. [...] 4º Centro - Rio Branco. Foi nesse centro de estradas e caminhos carroçáveis onde mais intensa se faz sentir a ação do governo no que concerne a essas vias de comunicação, pois é nele que tem origem as estradas e caminhos de penetração na zona sertaneja do estado [...] Estrada de Rio Branco a Buíque - Essa estrada foi projetada e iniciada pelo governo federal mas, tendo-se esgotado o crédito destinado à sua construção, foi esta interrompida em começos de 1917 quando já se achavam prontos cerca de seis quilômetros, faltando apenas as obras de arte [... ] Rio Branco a Triunfo[...].”

02-01-1920 – Correio da Manhã , 7ª col.: “[...] - A vila de Rio Branco, deste município, acaba de inaugurar a luz elétrica e um cinema. - Cogita-se da construção de uma estrada de rodagem desta cidade, a de Garanhuns, passando pelas vilas de Alagoinha e Salobro, tendo um percurso de 18 léguas. A construção desta estrada seria uma vantagem extraordinária para os dois municípios.[...].”

15-01-1920 - Jornal do Recife , 7ª col.: “[...] - O cinema "Rio Branco" tem proporcionado encantadoras "soirées" aos seus "habitués". A luz elétrica, quer pública, quer particular, fornecida pelo coronel Augusto Cavalcanti, continua regular, esperando este cavalheiro entrar em acordo com o município afim de melhor servir ao público em geral. Presentemente o coronel Augusto Cavalcanti fornece gratuitamente a iluminação pública o que vem provar a sua boa vontade de colaborar no progresso de Rio Branco. Rio Branco, 11-1-1920 (Do Correspondente).” [Sobre o cinema].

18-01-1920 - A Provincia , 3ª col.: Resposta de ofício da Great Western ao prefeito do Recife."[...] De Recife a S. Caetano, ida às terças-feiras, seguindo dali até Rio Branco às quartas-feiras e regressando às quintas a Recife [...].”

13-02-1920 - Jornal do Recife ,-  1ª col.: “[...] O coronel Augusto Cavalcanti demonstrou-se conosco em amistosa palestra, sobre o adiantamento de Rio Branco e outros assuntos, mostrando-se sobremodo interessado pelos progressos de sua terra. Somos agradecidos à cativante atenção do estimado cavalheiro.”

02-03-1920 - Jornal do Recife , 4ª col.: “Levas de flagelados enchem as ruas da cidade implorando caridade pública.”

13-03-1920 - Jornal do Recife, 1ª col.: “Pelos municípios - Rio Branco - A empresa do cinema "Rio Branco" não tomou conhecimento de um memorial que lhe foi dirigido por alguns frequentadores (a minoria) daquela casa de diversão. O coronel Augusto Cavalcanti, proprietário do citado cinema, agiu neste caso com todo critério ficando as famílias plenamente satisfeitas com a sua resolução. Para garantir a ordem, ali ameaçada de perturbação, foram postados dois policiais às ordens do respectivo subdelegado, senhor Tibúrcio Moura. Felizmente, até hoje, a ordem não foi alterada pelos descontentes com a resolução do coronel Cavalcanti.”

07-08-1920 - Jornal do Recife, 4ª col.: “Pelos municípios. Rio Branco. [...] As nossas feiras, inclusive a de gado, têm melhorado sensivelmente. [...] - Aqui chegou no domingo último, o dr. Luís Coelho, que vem clinicar nesta vila.[...]Acham-se bem adiantados os trabalhos da construção da estrada de rodagem ligando esta vila no município da Pedra.[...] Rio Branco, 4 de agosto de 1920.”

14-08-1920 - Jornal do Recife, 1ª col.: A coluna “Pelos municípios” resumia os principais acontecimentos de Rio Branco. Entre eles: “Na sala de operações da "Farmácia Hollanda", no dia 6 do corrente, submeteu-se à delicada intervenção cirúrgica o sr. Antônio Marques, extraindo dois cancros do lábio inferior. Serviu de operador o dr. Liciniano de Almeida, tendo como auxiliares o dr. Luís Coelho e o farmacêutico Agostinho de Hollanda, este cloroformizador. O resultado foi satisfatório, continuando o operado em excelentes condições. - A fim de organizar o serviço de recenseamento esteve entre nós o dr. Ismael Ribeiro. S. s. visitou a "Liga Riobranquense contra o Analfabetismo" elogiando a ação da mesma em fazer forte propaganda pró recenseamento.- Acaba de estabelecer gabinete cirúrgico-dentário à rua do Comércio, o dr. J. I. Andrade Lima. Também instalou consultório o jovem e distinto facultativo dr. Luís Coelho. - Continuam os preparativos para as próximas festas de 7 de setembro promovidas pela "Liga contra o Analfabetismo". Haverá, além de outras festas, uma conferência lítero-histórica pelo dr. Andrade Lima e representação das comédias "Antônio Silvino" e "Um pai apaixonado", esta de lavra do farmacêutico sr. Agostinho de Hollanda. - As alunas da professora d. Elvira Farias Vianna também levarão interessantíssimo ato de variedades. - A passeata cívico-escolar compor-se-á das escolas estaduais, "D. Vital", "Joaquim Nabuco", "S. Luís" e "Externato Rio Branco". [...]- Os professores Elvira Farias Vianna, Elodia Layme de Mendonça e Edgar Mendonça têm feito em suas escolas preleções sobre as vantagens do recenseamento. [...] -- Os srs. Delmiro Freire & C. acabam de montar na rua do Comércio uma fábrica de goiabada a qual aqueles cavalheiros denominaram "Goiabada Rio Branco". O novo estabelecimento está dotado de aparelhos modernos, e iluminado à luz elétrica, rivalizando assim com os seus congêneres. Tivemos ocasião de visitar, ligeiramente, o referido estabelecimento colhendo magnífica impressão de tudo que vimos. Não regateamos aplausos àqueles industriais pelo melhoramento que acabam de introduzir nesta vila. - Também estão bem adiantados os trabalhos da construção da fábrica de beneficiar algodão, de propriedade da Companhia Algodoeira Nordeste do Brasil. (Do correspondente). Rio Branco, 10-8-920.”

24-11-1920 - Jornal do Recife ,  6ª col.: “Melhoramento em Rio Branco. Devido em grande parte aos esforços do ilustre sr. coronel Augusto Cavalcanti acaba de ser inaugurada em Rio Branco a iluminação elétrica. A propósito desse importante melhoramento recebemos dali o seguinte telegrama: "Foi inaugurada ontem ocasião chegada trem, luz elétrica estação Rio Branco com excelente resultado, reinando geral satisfação passageiros e habitantes desta futurosa localidade. Houve grande entusiasmo por este importante melhoramento, para o qual muito tem se esforçado o coronel Augusto Cavalcanti, concessionário da empresa. - Comissão festejos”.

12-05-1921 - Jornal do Recife, 4ª col.: “Coronel Augusto Cavalcanti de Albuquerque. Realizou-se ontem, às 10 horas da manhã, em a necrópole de S. Amaro, o enterramento do saudoso coronel Augusto Cavalcanti de Albuquerque, filho do ilustre pernambucano, o venerando presidente do Supremo Tribunal Federal, dr. André Cavalcanti. O enterro efetuou-se na catacumba no. 113 da municipalidade, sendo o coche fúnebre, que era de primeira classe, acompanhado de inúmeros carros, conduzindo amigos do morto e pessoas de sua desolada família. Sobre o riquíssimo ataúde viam-se grade número de coroas com inscrições denotadoras de saudade e muitas flores naturais no mesmo depositadas por mãos amigas. O extinto, que era grandemente relacionado em o nosso meio social, por suas belas qualidades de caráter, era casado com a exma. sra. d. Theodolina Freire Cavalcanti, de cujo consórcio deixa um filhinho de tenra idade. Mais uma vez sentimentamos à desolada família Cavalcanti de Albuquerque, especialmente à viúva do morto e ao seu ilustre pai, o dr. André Cavalcanti.” 

18-03-1922 – O Jornal (RJ), 1ª col.: "O Brasil civiliza-se; esta frase foi a divisa com que Figueiredo Pimentel assinalou a sua época como um árbitro da moda, na sociedade do seu tempo. Como as conquistas mundanas não têm limite, a frase do falecido cronista ficará perpetuada para todo sempre, parodiando o axioma gaulês: "Le monde marche".
O Brasil civiliza-se: é o destino fatal de todos os povos, observando as leis imutáveis da natureza. As suas cidades acolhem pressurosas as boas ideias, cultivam-nas, difundem-nas, praticando à priori.
O carnaval, folguedo derivado dos bródios romanos e durante o qual há uma relativa licença, protegida pela máscara, toma uma feição menos grosseira e menos rude nos tempos atuais. Aqui, no Rio de Janeiro, o carnaval tendo a excluir a máscara; em breve tempo será uma concorrência de fantasias e roupas de cores berrantes, a cara descoberta. Mas não é, propriamente, do futuro carnaval que vamos tratar; apenas, mostrar aos leitores que o carnaval é também uma demonstração de civilização e progresso. A delicadeza e o gosto que presidem esses folguedos revelam a índole do povo, que se diverte, o seu caráter, a sua educação artística, os seus sentimentos.
Ora, o carnaval traduz isso, absolutamente, nos seus três dias de loucura. Publicamos hoje, uma gravura do carro do centenário, que figurou no préstito do Clube Esperança, de Rio Branco, no Estado de Pernambuco.

Rio Branco é uma pequena vila, de grande intensidade comercial, ponto de intercâmbio entre Pernambuco e Paraíba. O préstito do C.E. como se vê, para uma vila de interior, é um indício flagrante de civilização. É um pequeno empório comercial de importância, um verdadeiro entreposto do comércio interestadual (Paraíba e Pernambuco), distante do Recife uns 300 quilômetros. Rio Branco tem tudo: médico, farmácia, escolas, hotéis, cafés etc., só não uma coisa imprescindível à vida - a água. É, como ficou dito, uma pequena vila próspera e centro do grande comércio do algodão, pelica e gado. Apesar da falta de boas vias de comunicação, aliás o que se nota em quase todo o interior dos Estados, Rio Branco está talhada a ser uma das melhores futuras cidades do interior de Pernambuco, não só por ser o empório de todo o comércio daquela zona e de algum do Estado da Paraíba, como principalmente, dada a sua altitude de 670 metros, ter um clima agradável e sadio.

O carro representando um século de atividade, que figurou no préstito do Clube Esperanças, da vila do Rio Branco, de Pernambuco, nos limites com a Paraíba.

O Clube Esperanças apresentou os seus carros alegóricos durante o carnaval graças à iniciativa do seu presidente, o coronel José Bezerra da Silva, abastado e progressista negociante. O entrudo correu assim, em plana superior, gastando-se serpentinas, confete e lança-perfume. Um riobranquense enviou-nos a fotografia de um dos carros, com o dizer: "Rio Branco civiliza-se". É uma verdade, acrescentamos nós e praza que não atrofie o seu progresso.”

08-08-1922 - Jornal do Recife, 4ª col.: “Pelos municípios – Rio Branco, próspera localidade do interior do nosso Estado, respeitável pelo seu comércio adiantado e progressista, está empenhado numa campanha digna dos melhores aplausos. Pretende com o unânime concurso de todas as classes representativas dali, emancipar-se de Pesqueira, tornando-se por sua vez comuna municipal, para o que dispõe moral, político e economicamente dos recursos exigidos pela respectiva lei.

Rio Branco até antes de 1911, quando a estrada de ferro lhe chegou às portas, era um povoado humilde situado à margem direita do riacho do Mel, afluente do Moxotó. Mas, em derredor, nas serras que o circundam, campos vastos de criação e de lavoura, davam-lhe vitalidade, cooperando as suas ricas fazendas de gado para o fomento do antigo município de Cimbres, então a testa da edilidade.
A estrada de ferro porém completou no centro o prestígio que gozava na periferia. Do povoado que era tornou-se pelo natural impulso que as vias férreas colimam, em florescente vila, hoje quase cidade importante, possuindo fábricas, luz elétrica, estabelecimentos de promissoras iniciativas, industriais e comerciais.
Semelhante fenômeno evolutivo granjeou para Rio Branco uma posição de relevo no sertão.
Realizam-se ali semanalmente ruidosas feiras de gado que atingem a somas altas. Aliás, a sua própria ponta terminal da estrada de ferro concorre para isto.
Tendo, portanto, vida econômica suficiente para viver independente, atingindo a renda dos seus impostos municipais a mais de vinte contos (20:000$000) anuais, apesar da arrecadação deficiente e precária, tendo a população avultada, eleitorado etc., é natural esse desejo dos habitantes de Rio Branco para se tornar município autônomo. Concorrerá o fato para animar o seu progresso e para grandeza do Estado.
Neste sentido, no domingo último [dia 30 julho de 1922], reunidos no cinema local, todas as classes sociais, daquela zona sertaneja, inclusive os representantes políticos do distrito, sob a presidência do coronel Delmiro Freire, foi levantada a ideia de levar a efeito a emancipação municipal, falando por essa ocasião vários oradores, entre entusiásticos aplausos.
Terminada a discussão da ideia, foi apresentado o seguinte programa da campanha:
1º - Designação de uma comissão executiva para promover os meios indispensáveis à realização da ideia.
2º - Abertura de uma subscrição popular destinada a custear as despesas.
3º - Dirigir telegramas de comunicação da assembleia, solicitando apoio moral, aos exmos. Srs. Cardeal Arcoverde, ministro André Cavalcanti, cônego Arthur Arcoverde, senadores Manoel Borba e Rosa e Silva, deputados Dantas Barreto e Pessoa de Queiroz, drs. Severino Pinheiro, Sérgio Loreto, José Bezerra Cavalcanti, José Bezerra Filho e José Neves Filho.
4º - escolha de um advogado de reconhecida notoriedade para fundamentar e dirigir a representação perante o Congresso do Estado.
5º - Promover e incrementar o eleitorado de Rio Branco.
6º - Organizar os elementos estatísticos da receita e despesa, que fundamentem à representação, de acordo com a lei orgânica dos municípios.
7º - Entender-se com os municípios de Alagoa de Baixo, Buíque e Pesqueira sobre a secção dos distritos de Umburanas, Salobro e Mimoso, para constituírem os núcleos distritais do futuro município.
8º - Tratar, em suma, de tudo quanto necessário for para a efetividade da ideia.
Aprovada a proposta, ficou escolhida a seguinte comissão executiva: coronel Delmiro Freire, coronel Jarônymo de Albuquerque Cavalcanti Jé, coronel Manoel Novaes, coronel José Estrela de Souza, coronel Nebridio Siqueira Granja, coronel Sálvio Napoleão e capitão João Manso de Barros.”

04-09-1922 - A Noite (RJ), 5ª col.: “Um distrito de Pesqueira proclama sua independência. Rio Branco (Pernambuco), 4 (Serviço especial de A Noite) - O povo, o comércio e o eleitorado de Rio Branco, reunidos em importante assembleia popular, no prédio do Cinema Rio Branco, resolveu gritar independência, desligando-se do município de Pesqueira, por isso que o mesmo distrito pode viver de suas rendas próprias. A comissão executiva resolveu telegrafar ao cardeal Arcoverde, general Dantas Barreto, Drs. Rosa e Silva, Manoel Borba, Estácio Coimbra, Sérgio Loreto, Severino Pinheiro e à imprensa em geral.
Os municípios de Alagoa de Baixo e Buíque dão os distritos Umburana e Salobro para a formação do Núcleo Municipal riobranquense. Telegrafar-se-á dando os dados estatísticos ao sr. presidente da República e demais autoridades.”

07-10-1922 – O Jornal (RJ),  4ª col.: “[...] Rio Branco, quer de um, quer de outro, espera muita coisa pois, apesar de ser um distrito mais importante mesmo do que a própria sede do município, está em tal abandono, que é de causar lástima.
É preciso notar que o comércio de Rio Branco, depois do de Recife, Limoeiro do Norte, Garanhuns, Vitória e Caruaru, é o mais importante do Estado, recebendo mercadorias de toda a parte e expedindo para todo o sertão.”

25-04-1923 – A Provincia, 5ª.col.: “Município de Rio Branco. Mais uma importante localidade do interior do Estado, impulsionado pelo constante evolver de suas atividades econômicas, vem de dirigir ao Congresso Legislativo do Estado um memorial, no qual pleiteiam a sua independência municipal.

Trata-se de Rio Branco, distrito de Pesqueira, à porta o sertão, circunstância que lhe dá uma propriedade invejável, podendo hoje afirmar-se com vida independente pelo estímulo trazido pela estrada de ferro às suas fontes naturais de produção a riqueza.
Poder-se-ia argumentar a transitoriedade de seu progresso devido a contingência aquela poderosa circunstância; entretanto, esquece-se de que semelhante fenômeno apenas ampliado, desenvolva os seus recursos naturais; pois, é sabido que Rio Branco tem serras fertilíssimas onde se cultiva o algodão, e na região da caatinga, denominado Moxotó, Arara, Saco da Serra etc., a pecuária, desde tempos imemoriais, constitui o celeiro de quanto gado necessita o litoral.
Depois, os municípios circunvizinhos, de Alagoa de Baixo, Buíque e Pesqueira, em ação conjunta, cederam regiões de seu território, velhos distritos habitados, com excelente zona pastoril e agrícola, ao novo município de Rio Branco, enriquecendo assim o patrimônio territorial do núcleo da formação.
Dadas estas razões, é de crer que o Congresso ampare mais esta outra aspiração de liberdade municipal de um povo que deseja crescer e evoluir.”

05-05-1923 - A Provincia , 3ª col.: “Congresso do Estado - Câmara - São lidos , submetidos à discussão e aprovados os pareceres ns.61 e 62, mandando ouvir os municípios de Pesqueira, Buíque e Alagoa de Baixo, sobre a fundação do município de Rio Branco [...].”

05-05-1923 - Jornal do Recife, 3ª col.: “São lidos , submetidos à discussão e aprovados os pareceres ns.61 e 62, mandando ouvir os municípios de Pesqueira, Buíque e Alagoa de Baixo, sobre a fundação do município de Rio Branco [...]“. Na parte inferior da coluna: “O dr. Octávio Tavares, presidente da Câmara dos Deputados, dirigiu ontem, aos municípios de Pesqueira, Buíque e Alagoa de Baixo, o telegrama abaixo, solicitando informações sobre o mérito do memorial dos habitantes de Rio Branco, em que estes pleiteiam a sua independência municipal: "Ilmos. srs. presidente e mais membros do Conselho Municipal de Pesqueira, Buíque e Alagoa de Baixo: Levo ao conhecimento desse Conselho que a comissão de Estatística e Divisão Civil da Câmara dos Deputados, a que foi presente o memorial em que os habitantes de Rio Branco pleiteiam a sua independência municipal e os habitantes do povoado de Ipojuca, Salobro e Umburanas solicitam a sua anexação ao município de Rio Branco, caso ele venha a se constituir, precisa, nos termos do art.36 parágrafo 9o. da Constituição, ouvir o vosso parecer sobre a pretensão constante do aludido material. A Câmara aguarda a vossa resposta com a possível brevidade. Saudações. Octavio Tavares, Presidente da Câmara.”

15-05-1923 - Jornal do Recife, 5ª col.: “Oficio do Conselho Municipal de Alagoa de Baixo, nos seguintes termos: Exmo. sr. Presidente da Câmara dos Deputados. Tendo presente o telegrama de v. exc. de 4 do corrente, em que solicitava deste Conselho a sua opinião acerca do memorial dos habitantes de Rio Branco, bem como o parecer sobre o abaixo assinado dos moradores de Umburanas, que desejam ficar pertencendo ao município de Rio Branco, caso ele se venta a constituir, em reunião hoje realizada deliberou homologar a aspiração daqueles moradores, achando justo também o movimento de autonomia municipal de Rio Branco. A linha de demarcação de limites deste município deverá ficar assim determinada: por uma linha que a partir da fazenda Tigre, ao N. de Alagoa de Baixo, vá alcançar as fazendas Cachoeira, Pinheiro e o povoado de Umburanas, cujos domínios jurisdicionais ficarão pertencentes ao novo município de Rio Branco, devendo a linha de limite partir de Umburanas em ângulo agudo por uma reta em direção do morro Serrote, pertencente ao município de Buíque. O Conselho aproveita a oportunidade para apresentar à Câmara dos srs. Deputados os seus votos de solidariedade e alta estima. Saúde e fraternidade. Joaquim de Siqueira Cavalcanti, Presidente do Conselho, Romão Anacleto de Sant´Anna, 1o. Secretário, Vicente Ferreira Neves, 2o. Secretário, Luís Gonçalves do Rego, Pedro Pessoa de Siqueira Campos e José Felipe da Silva, Conselheiros.”

18-07-1923 – Jornal do Recife, 1ª col.: “O Banco do Brasil em Rio Branco. O governo federal, em boa hora, atendeu à criação de uma agência do Banco do Brasil, na vila Rio Branco, deste Estado. Providência de alta significação econômica para os interesses comerciais do sertão, de quantas cidades do interior existam, importantes pelo seu desenvolvimento, nenhuma ultrapassa, naquela finalidade, a populosa vila. Quando "a reunião última do nosso poder legislador, em nome dos habitantes dali, apresentamos um extenso memorial em que pleiteávamos a sua independência municipal, houve da parte de uma facção político-local, célebre pelos processos da mentira e da intriga, a alegação idiota de que Rio Branco não estava em condições de suportar as exigências de uma vida própria. E, como argumento sádico, citavam os inimigos da causa rio-branquense a transitoriedade de sua atuação econômica nos destinos da vida sertaneja pela circunstância da estrada de ferro, que ali tem seu ponto terminal. Não há como destruir o absurdo de tão errôneo conceito. Nos detalhes da demonstração com que batemos às portas do Congresso do Estado, aliás publicada no órgão oficial, expusemos documentadamente os recursos em que se apoiava Rio Branco para a sua vida independente. Pondo à margem o fato, politicamente sintomático, de municípios circunvizinhos como Pesqueira, Buíque e Alagoa de Baixo cederem tratos de seus territórios para constituição da incipiente comuna, a Rio Branco sobravam para viver elementos de riqueza local, na sua indústria pastoril, no seu fomento agrícola procedente das serras que o contornam, além do seu estupendo comércio ribeirinho, não só proveniente dos limites paraibanos, como do espantoso tráfico sertanejo, do alto. Mas os cegos da paixão partidária, não são aliás os de pior cegueira, não viam nada disto em Rio Branco. Nunca vislumbraram sequer a evidência desta verdade. Os inimigos de minha terra permaneciam na ignorância de que ela possui 49 quilômetros quadrados, sitos numa zona criadora e fertilíssima; que possui uma poderosa fábrica de beneficiamento de algodão, cujas transações avultam numa estimativa de sete mil contos anuais; que tem dez mil e seiscentos e poucos habitantes e renda superior a quarenta contos por orçamento rigorosamente arrecadado. Não veem, nunca viram nada. Enxergam apenas os seus interesses políticos, sobremodo mesquinhos como objetivo administrativo, pois é o próprio município de Pesqueira, de que se vai desmembrar Rio Branco, que vem de encontro aos legítimos desejos de emancipação daquela gente. Em teoria, em direito público, nenhum fenômeno de vida constitucional é mais interessante que este, comentado pelos constitucionalistas pátrios e estrangeiros. Bryce escreve numerosas páginas a respeito, em apoio da tese, e entre nós, Castro Nunes, numa monografia brilhante, estuda o aspecto jurídico-social da questão considerando que os organismos políticos da vida das nacionalidades repousam evolutivamente nesses movimentos de independência comunais. No Brasil, talvez por inópia mental, se condena a criação de núcleos municipais. Por amor à verdade, seria melhor dizer: no Brasil destas bandas setentrionais, porque no sul, onde a ideia do progresso constitucional já entrou para o patrimônio jurídico dos seus homens públicos, tal fenômeno não tem mais a importância das coisas discutíveis. Ano a ano S. Paulo permite o alargamento da sua rede comunal que é sombra dos próprios valores da cooperação econômica, constitui o elemento sinérgico da vitabilidade paulista. Felizmente, para bem das minhas ilusões jurídicas, que de todo ainda persistem em se conservarem vivas, a atual administração de Pernambuco, tem a larga noção do liberalismo. O exmo. sr. dr. Sérgio Loreto, governador do Estado, é bem um cultor do direito. Neste particular deu provas de sua visão clara acerca do municipalismo, prestando o seu apoio sancionador aquelas altas ideias, condenadas praticamente na lei ordinária que criou o município de Floresta dos Leões. Sobre Rio Branco não me pareceu antipática de s. exc. a opinião a respeito da sua independência, o que me valeu a esperança de continuar a bater-me pela causa. O recente ato da criação da agência da agência do Banco do Brasil naquela localidade, tão digna de estimular fortes, é bem significativo da boa vontade dos poderes públicos para com o progresso dali. Com os aplausos a efetivação dos desejos dos meus conterrâneos que devem estar de parabéns, resta pedir aos deuses e aos homens de que dependem as coisas humanas, na terra, um sopro de proteção para o município de Rio Branco. Santos Leite - N.da.R - Reproduzido por ter saído com incorreções. NOTA CORRIGIDA.”

24-01-1924 - A Provincia, 5ª col.: “Governo do Estado. Nomeando os cidadãos José Cavalcanti de Siqueira Britto, Manoel Tenório de Albuquerque e Pedro de Britto Filho para os cargos, respectivamente, de subdelegado, 1º e 2º suplentes do distrito de Ipojuca, do município de Pesqueira.”

08-04-1924 – A Provincia ,  6ª col.: “2ª Coletoria de Pesqueira. Rio, 7 - O sr. Sampaio Vidal, ministro da Fazenda, mandou ouvir ao delegado fiscal desse Estado sobre o pedido dos comerciantes, no sentido de ser transferida para o município de Rio Branco a sede a 2ª Coletoria de Pesqueira.”

26-04-1924 - A Noite (RJ), ”O grande pastor das nossas almas. Celebrando o piedoso exemplo de S.E.D. Joaquim Arcoverde. As pomposas e solenes festas jubilares do cardeal brasileiro.” (Jubileu do Cardeal Arcoverde).



1925 [...] “O major Cândido Cavalcanti de Brito, prefeito de Pesqueira, vai inaugurar em Rio Branco o Grupo Escolar Prof. Sérgio Loreto Filho (depois de 1930, Grupo Escolar Quatro de Outubro) e o “Açougue Público” da cidadezinha, ainda naquela época 7º distrito do município de Pesqueira.”(Textos: Município de Arcoverde, 1982, Luís Wilson, pág. 104. Foto: Revista de Pernambuco N.13, 01-06-1925.



O chefe do Estado, cercado de pessoas gradas posa para a Revista de Pernambuco, na plataforma do wagon de luxo em que viajou. Compareceram às solenidades o Dr. Sérgio Loreto, governador do Estado, o professor Fraga Rocha (deputado estadual) e outros convidados, que viajaram em um trem especial da Great Western. (Texto: Município de Arcoverde, Luís Wilson, Recife, 1982, pág. 104). Em Ararobá. Lendária e Eterna, Luís Wilson, Pesqueira, 1980, pág. 216, complementa: “Notícias de que Lampião passara com um grupo de cangaceiros próximo à “cidadezinha”, fez com que o sr. governador não esperasse pelo banquete preparado para sua Exc. e sua comitiva na residência do cel. Antônio Japiassu. À noite, com dois salões do Grupo Escolar Loreto Filho atapetados de folhas de eucalipto, houve um grande baile.” Foto: Revista de Pernambuco N.13, 01-06-1925.



Inauguração do Grupo Escolar Prof. Sérgio Loreto Filho . Foto: Revista de Pernambuco N.13, 01-06-1925.



Do “Álbum de Pesqueira, adm. Cândido Cavalcanti de Brito 1923/1925”, cortesia de Marcelo Oliveira, de Pesqueira.



Do “Álbum de Pesqueira, adm. Cândido Cavalcanti de Brito 1923/1925”; foto de Nettinho (Severiano Jatobá Netto), cortesia de Marcelo Oliveira, de Pesqueira.

“Garoto assisti em 1925 à inauguração do Açougue Público de Rio Branco (quase em frente ao Beco da Estrada de Rodagem que vai para Buíque), bem como o do Grupo Escolar Prof. Loreto Filho (depois da Revolução de 1930, Grupo Escolar 4 de Outubro), junto à Escola Monsenhor Fabrício (construída depois) vizinha ao cinema do cel. Augusto Cavalcanti.” ( Ararobá. Lendária e Eterna, 1980, pág. 215, Luís Wilson). Atualmente a Sefaz (Agência da Receita Estadual) ocupa o lugar do antigo grupo escolar Prof. Loreto Filho; já na antiga escola Mons. Fabrício funciona o Restaurante Verdes Arcos.

01-06-1925 – Revista de Pernambuco, “Excursão governamental a Pesqueira e Rio Branco. Inauguração em R. Branco do Grupo Professor Loreto Filho e Açougue Público.”

25-06-1925 - Jornal do Recife 1ª.col.: “Ai estão os fatos. [...] E achou de fato demasiada a taxa quando reparou na acanhada casinhola a que o dirigente riobranquense emprestara o título pomposo de "Grupo Escolar Sergio Loreto Filho", também inaugurado naquela vila com a honra de sua assistência em pessoa. [...].”

01-07-1925 - A Noite (RJ) ,  4ª col.: “O dr. Sérgio Loreto regressou, com sua comitiva, de sua viagem à Pesqueira e Rio Branco, tendo sido alvo de manifestações em todas as estações por onde passou e aqui recebido por autoridades, amigos e outras pessoas. “

24-09-1925 – Jornal do Recife,  1ª col.: De Manoel Gregório Teixeira da Lapa. Informações diversas de Rio Branco sobre Lampião, Banco do Brasil, incêndios e festa de N.S. Livramento. “ [...] Banco do Brasil - Este estabelecimento suspendeu todas as operações de crédito nesta praça; isto vale por dizer: apertou a corda ao comércio leader do partido republicano enforcado. Vimos uma legião de pedintes no balcão da agência local, a quem o gerente dizia, em dias da semana atrasada, com esse seu sorriso francófilo; "Perdoe, em nome da Casa Matriz que assim o ordena!" E afinando nesse "Deus vos favoreça" principiamos o mês de setembro cujos últimos dias se avizinham mais tétricos, mais sombrios, tanto que por iniciativa do sr. Cícero Ferreira foi transmitido à Matriz do Banco, na Guanabara futurista, o seguinte despacho telegráfico firmado por onze das mais importantes firmas desta praça: "Satélite - Rio - Informados gerente Banco Brasil nesta vila essa Matriz ordenou suspensão todas operações crédito aqui, justamente quando mais precisamos assistência financeira afim não sermos arrastados pela tremenda crise reinante, vendo paralisados nossos negócios e sobremodo depreciados nossos principais produtos, especialmente algodão constitui vida nossos sertões, apelamos essa Matriz sentido revogar ou sequer restringir aflitiva providência. Tudo esperamos vosso patriotismo, Saudações. Entretanto, até agora não "choveu no roçado"; e os matutos não sabem se foi com medo de Isidoro, com receio de Lampião ou temendo a própria crise, que o Banco do Brasil lançou essa última pá de cal sobre o cadáver do comércio. A coisa chegou ao ponto de um viajante comercial não conseguir passar para a sua casa, pelo Banco, cerca de quatro contos de réis recebidos na jornada cobradora. Tudo porque o Banco "estava suspenso" de ordens. Ouvimos até que ia ser raspado o cofre, e a "raspinha seria encaixotada e recambiada para Recife! Foi quando o Agostinho balbuciou, desolado e quase naturalizado húngaro: "Vae victis!" Esse Jornal, arauto de todas as conquistas liberais, defensor estrênuo do povo deprimido e espoliado, seja o cursor das nossas necessidades e diga: "Das duas uma: Ou Rio Branco sem banco, ou Banco sem Rio Branco!" Se não derem o dinheiro aos matutos, não nos livrarão da pasmaceira que é meio caminho andado para a miséria. Valorize-se o nosso direito, já que algodão não vale nada.”

19-12-1925 – Jornal do Recife, 3ª col.: “[...] Portanto é tempo de ser desbravada em parte as inóspitas caatingas com o silvar da locomotiva, é tempo desta ´terra bravia repontada de riqueza´ sair do marasmo em que vive. Para provarmos o que seja o prolongamento de vantajoso para uma localidade, vejamos Rio Branco, que em 1912 era uma simples povoação rural - a pequenina vila do Olho d´Água dos Bredos, hoje transformada na mais forte praça comercial do sertão deste estado; é preciso notar que Rio Branco naquela época, ao chegar a primeira locomotiva não dispunha de vida própria como dispõe Alagoa de Baixo e os municípios circunvizinhos etc. [...] Antonio Ramos, Recife 17-12-1925.”

08-10-1926 – O Jornal (RJ), 5ª col.: “O cangaceirismo nos sertões nordestinos. Vilas e povoações invadidas, saqueadas e incendiadas com a maior ferocidade. Lares desrespeitados. O depoimento de uma testemunha ocular.[...].”

13-10-1926 – O Jornal (RJ), 4ª col.: “O banditismo no sertão nordestino. A sua repressão é falha e inútil, segundo o correspondente do O Jornal. O que nos informam os jornais do norte. Confirma-se, oficialmente, a notícia de achar-se ferido, gravemente, o facínora, "Lampião". [...] uma comissão de comerciantes [da vila Rio Branco] foi ter com o governador, que prometeu "medidas imediatas e eficientes", que nunca vieram.[...].”

01-02-1927 - A Provincia , 2ª col.: “Nomeações de juízes - Em Pernambuco, foram nomeados os srs. José Santiago Sobrinho e Manuel Albuquerque Bello, respectivamente 2º e 3º suplentes, no Município de Rio Branco.”

1927 - Almanak Adm., Merc. e Ind. RJ, pág. 1012, vol.III. 3ª col. “Estado de Pernambuco - municípios Barão do Rio Branco. Vila e sede do 7º distrito do município de Pesqueira, ponto final da estrada de ferro da Great Western of Brazil Railway Co. da linha partindo do Recife da estação de Cinco Pontas. Tem 3 estradas de rodagem, sendo para Buíque, Triunfo e Pedra. Possui 900 casas e tem 4.500 habitantes. Cultiva algodão, mandioca e milho. Repartições e serviços federais. Correio. Agente: José Candido Galvão. Ajudante: José Pacheco Lima. Carteiros: Valério Pacheco de Albuquerque. Francisco Ignácio de Freitas. Telégrafo Nacional. Agente: Manoel Mendonça Junior. Auxiliar: Emílio de Almeida Lima. Administração judiciária. Juiz do distrito: Isaías Gonçalves Lima. Escrivão do Registro Civil: Jeronymo de Albuquerque Cavalcanti. Administração policial. Subdelegado: Francisco Cordeiro Albuquerque. Instrução pública. Grupo Escolar Municipal: Professor Sérgio Loreto Filho. Professora estadual Maria Hisota. Religião. Capela N.S. do Sacramento. Vigário João Rodrigues, padre. Estrada de ferro. Great Western of Brazil Railway Co. Agente: João Souto. Despachantes: 1o. Araripe Serra. 2o. Misael Gomes. Comércio, Indústria e Profissões. Alfaiates: Euclydes Teixeira, Walfrido Silva. Algodão (fábrica de descaroçar): Pinto Alves & Cia. Paulo Peixoto. Sociedade Norte Este Brasileira. Algodão e cereais: André & Afonso. J. Diniz & Cia. Pereira & Cia. Viúva Rodrigues & Cia. Paulo Peixoto & Cia. Epaminondas Santos. Pessoa de Albuquerque & Cia. A. Campelo. José Ribeiro Braga. A. Velloso. Padilha & Irmão. Nebrídio Campos & Cia. José Estrela de Souza. Ernani Gomes de Araújo. Joaquim A. do Amaral & Torres. Leonardo Pacheco. José Nicolau Freire. Vicente Gomes. Victorino Pereira. Soares da Silva. Armarinho, Fazendas e Miudezas: Novaes & Irmão. José Coriolano & Filho. Sáe Freitas. Augusto M. de Medeiros. Alcides Malaquias da Silva. Abdias Ferreira dos Santos. Tito de Barros & Severo. Ernani Gomes de Araújo. Cícero Cordeiro. Automóveis (Garagens e compradores de): Garagem Ford: Epaminondas França. Agência Ford: Soares da Silva. Banco: Banco do Brasil (filial). Gerente: Álvaro Câmara Pinheiro. Barbeiros: Antônio Timbotino da Silva, Cícero Cordeiro, Pedro Veríssimo da Silva, Emiliano J. da Silva. Bilhares: José Augusto da Silva Burger. João Anthero de Medeiros, Israel Galvão. Comissões, Consignações e Conta Própria: Viúva Rodrigues & Cia. José Estrella de Souza. Costureiras: Amélia Assis. Maria do Carmo Góes. Rita Cordeiro de Souza. Couros e Peles: Delmiro Freire e Freitas. Ferreira & Cia. Padilha & Irmão. Dentista: Dr. A. Loyo. Fábricas de Bebidas: M. Fernandes. Antônio Cabral. Ferragens: Severino H. de Oliveira. Sálvio Napoleão. Francisco Tavares. Hotéis: Hotel Bolieiro, de José Bolieiro. Hotel Central, de Eurico Salvador & Cia. Hotel Rio Branco, de José Benoni. Livrarias e Papelarias: Augusto M. de Medeiros. Alcides Malaquias da Silva. Médicos: Dr. Antônio Luiz Coelho. Dr. Severiano Freire Filho. Padaria: Padaria Confiança. Farmácias: A. Valladão. Lafayette Menezes. Agostinho Hollanda. Secos e Molhados e Ferragens: Euclydes Arantes. Araújo & Cia. Ferreira & Cia. Epaminondas Santos. Novaes & Irmão. José Herculano Filho. Manoel Cavalcanti de Araújo. Francisco Tavares. Nebridio Campos & Cia. Soares da Silva. Pedro Alves de Oliveira. Carlos Mendes Gonçalves. José Bezerra da Silva. Almeida Araújo & Cia. Mathusalem Wanderley. Antônio de Freitas. Manoel Marcelino Constância. Felix Leite de Araújo. Manoel Ramiro da Fonseca. Sebastião Araújo. José Oliveira Freitas. Leonardo Guimarães. José Coriolano & Filho. Sapataria: Luiz Campello.”



05-02-1928 - Diario da Manhã, 3ª col.: “O chefe da insegurança pública escapou milagrosamente de uma emboscada do célebre bandido "Lampião". As últimas proezas do bandido em território pernambucano. (foto R. Branco = pág.189 Município de Arcoverde (Rio Branco), com a legenda: Casas comerciais de Rio Branco, na atual avenida Antônio Japiassu, em 1927. Na primeira casa, à esquerda, esteve durante muitos anos a agência de nosso correio "Chico Numerador").”

06-04-1928 – O Paiz (RJ) - 1ª.col.: “Pernambuco - [...] Considerando a necessidade de construir novas rodovias e bem assim de conservar e melhorar as já existentes; considerando a conveniência de articulá-las num sistema orientado para várias regiões de que se compõe o território do Estado[...].”

05-06-1928 – Jornal do Recife,  1ª col.: “Sertão em fome. [...] Quem assiste a uma feira de gado em Rio Branco, desola-se em ver a que estado está reduzida a nossa pecuária, não há uma só boiada gorda do nosso Estado [...].”

20-06-1928 - Diario da Manhã ,  3ª col.: “Rio Branco tem elementos para pleitear a sua autonomia. E pode e deve libertar-se de Pesqueira.



(Foto: A feira e uma das principais ruas de Rio Branco).
O sr. Estácio Coimbra nomeou uma custosa comissão destinada a rever a divisão administrativa do Estado. A comissão, até hoje, continua prolongando os seus afazeres meramente burocráticos com o intuito de tornar o mais rendoso possível o estudo da nova classificação de municípios, feita, aliás, para favorecer a política estacista no interior. A comissão proporá a divisão de acordo com esses intuitos políticos, independente dos interesses e das possibilidades de cada circunscrição a dividir. Se fossem sinceras as intenções do governo mandando proceder à nova divisão administrativa, poder-se-ia apontar desde logo certas regiões que seriam forçosamente elevadas à categoria de municípios, já pelo número de seus habitantes, já pelas suas possibilidades econômicas e financeiras. Rio Branco, por exemplo, estaria colocado entre os novos municípios. A sua população é numerosa. Rio Branco é um entreposto de compra e venda de algodão e peles, tendo uma vida comercial autônoma do município de Pesqueira, a que está agregado. As suas feiras são superiores às da sede do município, com uma concorrência cada vez maior. É provável que o governador não queira desgostar os reguletes que mandam e desmandam no município de Pesqueira. Mas é sempre bom ter esperanças. O sr. Estácio Coimbra (tenham certeza disso os habitantes de Rio Branco) é fértil em promessas [...]”
Rio Branco 1912 – 1943
2ª parte: Município (1928-1943)
Pedro Salviano Filho
(Coluna Histórias da Região - edição de maio/junho de 2015)


Os almocreves desempenharam importante papel para o desenvolvimento de Rio Branco. (Foto: ano e autor desconhecidos).

Em seus 15 anos como cidade, Rio Branco teve dez prefeitos, sendo apenas dois eleitos pelo voto popular. Para progredir foram usadas diversas estratégias, especialmente contra as secas. Com a polarização de investimentos, como SANBRA, IFOCS (depois DNOCS), campos de pesquisas agropecuárias etc., o novo município, além de se tornar o centro comercial da ampla região, incluindo o vizinho estado da Paraíba, se preocupou também com a malha rodoviária. Ponto final de linha desde 1912, somente 21 anos depois a ferrovia chegou à sede do município de Alagoa de Baixo (hoje Sertânia). As melhorias no setor urbano e educacional se faziam aos poucos. As pesquisas, especialmente do algodão e o seu uso (e derivados) na alimentação do gado, tiveram grande desenvolvimento. A palma sem espinho, possivelmente introduzida em Pernambuco pelo sr. Herman Ludgren (pai do fundador das Casas Pernambucanas), ainda no século 19, era cultivada praticamente como planta ornamental pelos sertanejos  até a seca de 1930, quando o governo começou a incentivar o seu uso como palma forrageira.
Com a exigência da normatização dos nomes dos lugares no Brasil, evitando-se a multiplicidade de nomes idênticos, a partir do 1º de janeiro de 1944, o nosso município ganhou o topônimo de Arcoverde. E, nas negociações de readequação, teve uma expansão do seu território. Atualmente a área da unidade territorial de Arcoverde possui 350,901 Km2.
Recomenda-se a leitura de livros dedicados ao nosso município pelos mais diversos historiadores, que, junto à consulta à nossa planilha complementará alguns dados permitindo um melhor entendimento da história da nossa cidade e região.

1928
22-09-1928 – A Provincia, 3ª col.: “As eleições municipais. As chapas já organizadas do 3º distrito. Barão do Rio Branco.”

21-11-1928 – A Provincia, 5ª col.: “Em 17 de novembro de 1928 a posse em Rio Branco.” Mais sobre a posse do primeiro prefeito eleito.

22-11-1928 –A Provincia, 4ª col.: “Rio Branco, 19 de novembro de 1928. Podemos hoje dar mais pormenores sobre as festas comemorativas do dia 15 de novembro, nesta cidade, em adiantamento à correspondência de ontem. Às 5 horas da manhã após a alvorada tocada pela banda musical, teve início a parada escolar tomando parte perto de cem crianças. Ao meio dia teve lugar a posse do coronel Antônio Japiassu para prefeito do novo município. O Paço Municipal estava repleto do que havia do mais distinto na sociedade riobranquense e demais cidades limítrofes. O coronel Japiassu deu ingresso no recinto ladeado pelo deputado Dr. Gilberto Fraga Rocha, Dr. Carneiro Leão, sr. Caetano Manoel e todos os conselheiros, sendo carinhosamente recebido pela assistência. Em seguida prestam o compromisso legal sendo o ato presidido pelo Dr. Zacarias dos Santos, juiz municipal de Pesqueira. às 7 horas da noite realizou-se o banquete oferecido ao coronel Japiassu pelos seus amigos, no hotel "Bolleiro", que estava ornamentado e feericamente iluminado. Na mesa artisticamente preparada em forma de U, tomaram assento: no centro coronel Japiassu, ladeado pelo deputado Fraga Rocha, Dr. Carneiro Leão, José Cordeiro subprefeito, Jeronimo Albuquerque Jé e, em seguida, sr. Caetano Manoel, padre Luiz de Goes, Dr. Luís Coelho, Ernesto Lima, Alberto Velloso, Adelino Gallindo, Ignácio Mariz, Manoel Novaes, Delmiro Freire, Severino Leite, Said Aoun, Tito de Barros, Manoel Mulatinho, Dr. Agenor Freire, José Pitta, Euclides Arantes, Epaminondas Santos, Dr. Manoel Dantas, Dr. Armando Temporal, Dr. Liberal, Dr. João Jack, Dr. Umberto Moura, Dr. Abelardo Araújo, Dr. Álvaro Uchoa Cavalcante, Dr. Costa Ribeiro, Dr. Roberto Meira, Dr. Júlio Marinho, Dr. Euclides Ferraz, Dr. Francisco de Crasto, Dr. Moreira, Juvenal Dolabella, Joaquim Guimarães, Raimundo Almeida, Ernane Gomes, Nebrido Granja. Contador do Banco, os conselheiros Isaías Lima, Acácio Albuquerque, Júlio Pacheco Freire, Leonardo Guimarães, Florismundo Oliveira, Manoel Cavalcante Araújo, Manoel Fonseca, Antônio Pádua Ferreira e José S. da Silva etc. Foi servido o seguinte cardápio: sopa de ervilhas, peixe à jardineira, filet com ervilhas, peru com fiambre. Sobremesa: frutas, cremes, bolos, doces diversos. Vinhos: branco, tinto champanhe. Durante o banquete tocou uma orquestra regida pelo maestro Luiz Gonzaga. Ao champanhe o orador oficial pároco Luiz de Góes proferiu eloquente discurso oferecendo o banquete em nome da comissão. Em seguida levanta-se o Dr. Francisco de Crasto juiz de direito de Pedra, que agradece em nome do coronel Antônio Japiassu esta homenagem altamente significativa. Por fim levanta-se o deputado Fraga Rocha, que após se congratular com o povo riobranquense pela feliz escolha do coronel Japiassu para prefeito, ergue a sua taça em homenagem ao preclaro Dr. Estácio Coimbra, fazendo assim o brinde de honra. O banquete foi servido pelas senhorinhas Hilda Neves, Adélia Japiassu, Helena dos Anjos, Olímpia Jé e outras. À noite realizou-se animado baile no Paço Municipal, que estava interno e exteriormente iluminado, prolongando-se as danças até alta madrugada. Nos intervalos, em um coreto artisticamente preparado, tocou a banda musical. Foram hóspedes do coronel Japiassu o deputado Fraga Rocha, Dr. Carneiro Leão, sr. Caetano Manoel.”

21-12-1928 – A Provincia, 5ª e 6ª col.: “Secretaria da Fazenda. Provendo servidores para o município de Rio Branco.”



O primeiro Paço Municipal. “Em 1935, em frente ao prédio da Prefeitura Municipal acontecia o primeiro exame de motoristas. Presentes o prefeito Antônio Napoleão Arcoverde, inspetor, coronel, capitão e demais autoridades.” De Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, Roberto Moraes, Recife, 2008, pág. 66.


06-04-1928 – O Paiz (RJ) - 1ª col.: Pernambuco – “[...] Considerando a necessidade de construir novas rodovias e bem assim de conservar e melhorar as já existentes; considerando a conveniência de articulá-las num sistema orientado para várias regiões de que se compõe o território do Estado[...].”


21-06-1928 - O Paiz (RJ) - 7ª col.: “Serviço Estadual do Algodão [...] Possui, assim, o Serviço Estadual do Algodão, 4 campos de sementeira em atividade, localizados em Correntes, Rio Branco, Caruaru e Surubim. [...].” Mais em 23-06-1928 - O Paiz (RJ), 7ª col. “ [...]E o do Retiro, antiga fazenda do Dr. Severiano Freire, sita em Rio Branco, município de Pesqueira, quer organizando, de maneira cada vez mais eficiente, o Serviço Estadual de Algodão, encarregado de estudar e solucionar todas as questões ligadas ao cultivo e beneficiamento da preciosa malvacea.[...].

1929
01-03-1929 - Jornal do Recife, 3ª col.: “A cobrança do selo adesivo [...] De Rio Branco recebeu ontem a comissão que está à frente do movimento em favor do comércio o seguinte telegrama: Nós abaixo assinados comerciantes de Rio Branco vimos hipotecar inteira solidariedade atitude justíssima tomada contra imposto vexatório decretado Governo. - Saudações. R. Almeida, Manoel Novaes, Júlio Pacheco Freire, Vicente Gomes, José Severo Filho, Manoel Cardoso, Manoel Motta, José Ribeiro Braga, Tito Barros Correia, Epaminondas Santos & Cia., Nobrídio, Campos & Cia., Euclides Arantes, Epaminondas M. Santos, José Guilherme R. Laranjeira, José Estrella Souza, Sebastião Araújo, A. Velloso, André Pacheco, Ernesto Lima, Tiburtino Florêncio Silva, Abdias Ferreira, Manoel Vieira, Pedro Cavalcanti, Sálvio Napoleão, Joaquim Soares da Silva, Sebastião Franklin, Delmiro Freire, Noé Nunes Ferraz, Manoel Constâncio.”

22-05-1929 - Jornal do Recife, 7ª col.: “O prolongamento da Great Western de Rio Branco a Flores. Nenhuma justificativa se encontra no silêncio em que se mantem o governo federal a respeito desse prolongamento da estrada de ferro central de Rio Branco a Flores.[...].”

08-06-1929 - Jornal do Recife, 3ª col. “A história de um charlatão. E as providências do Departamento de Saúde e Assistência.[...].”

23-06-1929 – A Provincia, 2ª col.: “Transferência. Bacharel Cláudio da Cunha Cavalcanti para o termo de Rio Branco”.

05-09-1929 - Jornal do Recife,  3ª col.: “Coletorias criadas em Pernambuco. O sr. Oliveira Botelho, ministro da Fazenda, criou as coletorias de Floresta dos Leões e Rio Branco, compreendendo o 3º distrito de S. Lourenço de Pernambuco.” Mais sobre coletorias: Nomeação de coletores: 19-10-1929, 7ª col. Nomeações. 31-10-1929.

1930
18-04-1930 – Falecimento do cardeal Arcoverde. 19-04-1930 – O Jornal (RJ),  Ilustração Brasileira,  Edição especial com 78 páginas. 20-04-1930 - Jornal do Recife, – Falecimento do cardeal Arcoverde.

21-05-1930 – Jornal do Recife, 4ª col.: “Estúpido assassínio em Rio Branco. Morte do industrial Jeremias de Araújo Lima, proprietário da fazenda Deserto.”. Mais: 12-06-1930 – 1ª col.: “Em Rio Branco. Retrocedendo ao barbarismo. Por inveja matou o irmão”. Mais sobre o caso: 15-06-1930, 3ª col.: “Será exato?”. Mais – 12-06-1930 - A Provincia, 3ª.col.: “Um crime que se elucida. A polícia prende o mandante do assassinato do fazendeiro Jeremias de Lima e seus cúmplices.”

22-07-1930 – Jornal do Recife, 2ª col.: “Parecer n. 256, da Comissão de Estatística e Divisão Civil, adotando o projeto n.40, que altera os limites dos municípios de Moxotó, com Tacaratu e Pesqueira com Rio Branco. “

31-08-1930 – A Provincia, 3ª col.: “Great Western. Nova estação "Souza Filho” - Mais sobre a inauguração dia 10-08-1930.
11-09-1930 - 1ªcol.: “O prolongamento do ramal central da Great Western. Foi inaugurada anteontem a estação "Souza-Filho" no povoado Tigre - Telegramas recebidos pelo governador Estácio Coimbra.”

13-09-1930 – A Provincia, 5ª col.: “O prolongamento do ramal central da Great Western” [descrição da inauguração], conclui na pág. seguinte goo.gl/O0TiUp . Mais informações: Inauguração da estação Henrique Dias. Mais: Memórias de Alagoa de Baixo, Luiz da Silva Dodô, Recife, 1999, pág. 232: “Vilas e Povoados - [...] Henrique Dias - Primitivamente Tigre e, depois, Siqueira Campos, vila do 3º Distrito Judiciário, tendo a povoação surgido com a aproximação da Estrada de Ferro, cuja estação foi inaugurada em 1930.”

18-09-1930 – Jornal do Recife, 3ª col.: “Criando dois postos fiscais no município de Rio Branco, localizados nos povoados de Ipojuca e Malhadas.”

09-1930 - Ilustração Brasileira – “O Serviço Estadual do Algodão no quatriênio governamental de 1926-1930.”

12-10-1930 – Jornal do Recife, 3ª col.: “Telegramas ao governador. [Governo revolucionário – Carlos Lima Cavalcanti]: De Rio Branco - Comércio Rio Branco unânime solidário vossência movimento reivindicador direitos postergados congratula-se queda bastilha do norte onde vossência acaba erigir altar da Pátria. Viva revolução. Severino Henrique de Araújo, Pedro Luna, João de Siqueira, Epaminondas Santos, Acácio de Albuquerque, Pedro de Oliveira, Manoel Constantino, Tito Correia, Florismundo Oliveira, Manoel Novaes, Sálvio Napoleão, A. Napoleão, Pedro da Costa, Aurélio Soares, Cícero Cordeiro, Sebastião Correia, Júlio Castro, Manoel Araújo, Horácio Diniz, Honório Rio, viúva Guimarães, Tiburtino da Silva, Alberto Velloso, Américo Albuquerque, José Duque, Ignácio Barradas, Francisco Braga, Euclides Bastos, Manoel Cardoso, Severino Pires, Carlos Gonçalves, Pedro Calado, Manoel Fernandes, Tavares Lima, Nebrídio Campos, Sebastião Araújo, Joaquim Silva, André Couto, Manoel da Fonseca, Carlos Silva, José Bezerra, Otacílio Moraes, Manoel da Matta e André Cavalcanti.” Do livroArcoverde. História político-administrativa. Sebastião Calado Bastos, Brasília, 1995, pág. 56: "O movimento revolucionário, irrompido no dia 4 de outubro de 1930 dissolveu logo em seguida, no dia 6, a Câmara dos Deputados, o Senado, os Conselhos Municipais e considerou demitidos todos os prefeitos. Desta forma, foi interrompido o mandato do primeiro prefeito eleito de Rio Branco [Antônio Japiassu]. [...] O Dr. Carlos de Lima Cavalcanti, interventor federal em Pernambuco nomeou para prefeito do município seu primo e amigo Ernesto Lima a quem, no dia seguinte, conta-se que alguns inimigos apontam em uma velha foto, a um grupo de soldados do Estado da Paraíba, aquartelados em Rio Branco, como inimigo da Revolução. [...] Não tinha Ernesto Lima, neste ambiente de violência - mesmo sendo primo e amigo do interventor - condições para administrar o município. [...] Foi nomeado prefeito de Rio Branco, então, o médico Luís Coelho, que tomou posse a 13 de outubro de 1930. Era o Dr. Luís Coelho amigo do Cel. Antônio Japiassu. Consta, inclusive, que o Dr. Coelho teria recebido o beneplácito do Cel. Japiassu e de Ernesto Lima.”

15-10-1930 - Jornal do Recife, 6ª col.:”Governo provisório do Estado. Atos de ontem. O governador nomeou, em data de ontem, para exercerem os cargos de prefeitos dos diversos municípios do Estado, os cidadãos abaixo mencionados: [...] Dr. Luiz Coelho, Rio Branco [...] “.

17-10-1930 – Jornal do Recife,  5ª coluna: “Banco do Brasil. Será reaberto hoje o Banco do Brasil que havia deixado de funcionar desde o advento da Revolução. Com essa medida, a que não foi estranho o governo central, volta aquele estabelecimento bancário à normalização de sua vida mercantil.” 6ª col.: “De Rio Branco - Comunico vossência chegado tenente Bernardino Maia que assumiu funções de legado. Cidade completa calma, Banco do Brasil reabriu, comércio funcionando regularmente. Tenho empregado máximo esforço sentido plena execução ideias governo revolucionário, atenciosas saudações. Dr. Luís Coelho, prefeito provisório.”

08-11-1930 – Jornal do Recife,  4ª col.: “Do juiz Municipal do Termo de Rio Branco, comarca de Pesqueira, comunicando denúncias contra escrivão.[...]. Claudio da Cunha Cavalcanti - Juiz municipal.”

21-11-1930 – Jornal do Recife, 6ª col.: “A dívida externa do Estado e da União. Donativos, em dinheiro, recebidos pela Secretaria da Fazenda e Agricultura em 20 de novembro para o pagamento da dívida externa do Estado de Pernambuco. [...] Para dívida externa do Brasil: Contribuição do povo do município de Rio Branco, 2:128$000. Outros donativos: Horácio Sérvulo Diniz, residente em Rio Branco, um alfinete de ouro com um diamante para resgatar da dívida externa do Brasil.”

29-11-1930 – Jornal do Recife, 5ª col.: “Delegacia de Indústria Pastoril.[...] serviço de inspeção e fiscalização das feiras de gado nos municípios em que as mesmas se efetuam: Limoeiro, Caruaru e Rio Branco. Este serviço foi iniciado em 1917 pelo atual delegado, à sua chegada do Rio [...].” Mais em 21-07-1931.

14-12-1930 – Jornal do Recife, 1ª col.: “[...] Sabemos que estava em construção, por causa do governo, entre outros, o prolongamento da linha de Rio Branco, Estrada Central, à Alagoa de Baixo, numa extensão de 60 quilômetros, tendo para isto o governo depositado no London Bank a devida importância. Em setembro último, foi inaugurada uma estação no quilômetro 28, tendo a ela dado o Ministro da Viação o nome de Souza Filho, nome que o povo mudou para o de Siqueira Campos, sem que, porém, a Great Western se incomodasse com isto deixando as coisas no seu antigo pé, embora o nome do grande revolucionário escrito na citada estação pelo povo continue ali, desafiando as cóleras dos descontentes. Dentro de dois meses será inaugurada outra estação no lugar denominado Soares, que dista de Alagoa de Baixo 10 quilômetros [...].”

1931
21-02-1931 – Jornal do Recife,  6ª col.: “Arrendamento do hotel Mesquita, em Rio Branco.”

14-03-1931 – Jornal do Recife, 1ª col.: “[...] nomeando para os cargos de 1º e 2º suplentes [...] 1º tenente José Bernardino Maia da Brigada Militar, Antônio Napoleão Arcoverde e Florismundo de Oliveira.” Mais, 2ª col. E em 02-03-1932 - 7ª col.: Exoneração de Napoleão Arcoverde a pedido.

02-04-1931 – Jornal do Recife, 5ª col.: “O interventor Federal de Pernambuco considerando que o Estado tem dois terços do seu território prestado para pecuária [...], considerando que a prática de largos anos tem demonstrado que nas regiões semiáridas de Pernambuco as palmas (cactácea do gênero opuntia) são as mais indicadas como forragem, para as épocas de seca, pelas suas qualidades nutritivas e pela sua resistência à estiagem. Considerando que uma larga campanha, em prol do plantio da palma concorrerá de modo decisivo para o desenvolvimento da pecuária. Considerando que a distribuição de prêmios e incentivos contribuirá vantajosamente para que se alcance esse objetivo. Resolve: Art. 1. Instituir prêmios aos criadores que a partir da data da presente resolução efetuarem o cultivo da palma (opuntia sp e variedades)[...] “. Mais 11-04-1931 - Jornal do Recife 5ª col.: Fundo de Indústria Pastoril.

07-10-1931 – Jornal do Recife, 3ª col.: “[...] Art.5o. - Ficam transferidos à Diretoria de Indústria Animal os terrenos e dependências do Campo de Sementeira do Algodão, em Rio Branco necessários a um Campo de Criação. “

13-11-1931 – Jornal do Recife, 2ª col.: “[...] É, assim, que já estão sendo feitas as instalações do campo de Rio Branco, o qual servirá à zona do Centro Agreste e à do Sertão próximo. [...]”

25-11-1931 - Jornal do Recife, 7ª col.: “Divisão Administrativa do Estado. [...] Rio Branco (a Comissão sugere que este município, agora muito aumentado em extensão territorial, tenha o nome de Arcoverde, não só por ter nele nascido o primeiro cardeal sul-americano, como por lembrar o chefe tabajara aliado do nosso primeiro donatário no início da colonização e de quem descendem várias famílias brasileiras, pela união da índia Arcoverde com Jerônimo de Albuquerque). [...]. Pedra (incorporado a Rio Branco) [...]. Pela Comissão (a) Mario Mello.“ Mais: 19-08-1906, A Provincia , 5ª col.: ”Em homenagem ao 1º cardeal brasileiro, D. Joaquim Arcoverde, natural deste povoado, os missionários, de acordo com o povo, mudaram-lhe a denominação: Cardeal Arcoverde chamar-se-á do hoje em diante esta povoação, e esperamos que os poderes legais sancionarão essa homenagem justa e espontânea do povo, autorizando por lei esta nova denominação. [...] Cardeal Arcoverde, 30 de julho de 1906.”

05-01-1932 – Jornal do Recife, 4ª col.: “Açudagem no sertão.[...] incentivar a pequena açudagem na zona sertaneja [...] outra à prefeitura de Rio Branco para a construção do açude Tamboril [...].“

21-01-1932 – Jornal do Recife, 4ª col.: “As rendas da União. [...] – 4º . Que no Estado de Pernambuco o Banco do Brasil tem agências nesta capital e nas cidades de Garanhuns e Rio Branco;” Mais: 27-01-1932 - Jornal do Recife , 3ª col.: As rendas da União. “[...] todas as rendas arrecadadas por esta coletoria, à Agência do Banco do Brasil, nesta capital, ou as das cidades de Garanhuns e Rio Branco [...].”

04-03-1932 – A Provincia, 6ª col. “Em Rio Branco o vigário local [Zabulon Pereira de Lyra] e o sr. Marçal Diniz, vitimas de um atentado à bala.”

11-03-1932 - A Provincia ,4ª col.: “- O fomento ao cultivo da palma. [...] o governo do Estado baixou em 26 de março de 1931 um ato visando estimular novos plantios, com o estabelecimento de prêmios a criadores das zonas central e do sertão.[...].” Mais: mesma data no Jornal do Recife, 4a.col.

26-04-1932 – Jornal do Recife, 5ª col.: “Como vai agir a Cruz Vermelha Brasileira diante da calamidade do Nordeste.” Mais 12-05-1932.

24-05-1932 – A Provincia, 6ª col.: “A sabedoria de um provérbio (Cruz Vermelha) . Recebemos do sr. Dr. José de Azevedo Câmara, chefe do posto n.4 da Cruz Vermelha, localizado em Rio Branco, deste Estado [...].”

14-06-1932 - A Provincia, 3ª col.: “Pernambuco oficialmente integrado no programa de obras contra as secas. O plano de serviços a ser realizado no sertão pernambucano.” Mais 16-06-1932, IFOCS,  3ª col.

26-06-1932 – Jornal do Recife, 2ª col.: “As vitimas da seca, Donativos distribuídos pela Cruz Vermelha, Em Rio Branco, entre os flagelados.”


30-07-1932 – Jornal do Recife,  4ª col.: “Rio Branco faz alistamento de voluntários para tropas com destino a combater a sedição de São Paulo.”

02-09-1932 – Jornal do Recife, 4a col.: “Tenho o prazer de comunicar a v. exc. autorização do inspetor de secas para a construção da rodagem Rio Branco - Pedra - Garanhuns. Reina grande satisfação motivo este melhoramento. Saudações. Luis Coelho. Prefeito.”



Grupo Escolar Municipal Quatro de Outubro (ex. Prof. Loreto Filho). Informa-nos o Sr. Antônio F. Moreno que o Sr. Áureo Bradley, quando titular da Diretoria de Crédito Industrial e de Infraestrutura do Bandepe, conseguiu a instalação neste local de um Posto de Serviço daquele banco. Posteriormente ali se estabeleceu a Secretaria da Fazenda, Agência da Receita Estadual, Sefaz.



Sete de setembro de 1932 - Grupo Escolar Municipal Prof. Loreto Filho - Escola Monsenhor Fabrício - Fachada do Cine Rio Branco (antes da primeira reforma) – foto e legenda de "Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas, Luís Wilson, Recife, 1982, pág. anterior a 177.



Cine Teatro Rio Branco. Pode-se comparar a fachada com a foto anterior. Foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).



Grupo Escolar Municipal Prof. Loreto Filho - Escola Monsenhor Fabrício e Cine Teatro Rio Branco. Detalhe de foto do livro Minha cidade, minha saudade, Luís Wilson, Recife, 1972, pág. 273.

09-11-1932 – Jornal do Recife,3ª col.: “O desenvolvimento das obras contra as secas em Pernambuco.” Mais: 27-11-1932 –Jornal do Recife,  3ª col.

14-12-1932 - Jornal do Recife, 7ª col.: “Distribuição de mudas de palma sem espinhos. A Secretaria da Agricultura tem o prazer de avisar aos interessados que, a partir de janeiro próximo, serão distribuídas, aos criadores da zona árida do Estado, 2.000.000 de mudas de palma sem espinho, provenientes dos campos de Rio Branco e Vila Bela. [...] Os resultados obtidos nas regiões áridas e semiáridas de outros países, permitem que se diga estar no plantio de palma sem espinhos a mais acertada providência a favor da pecuária e mais ao alcance do criador sertanejo. A distribuição ora anunciada constitui apenas uma medida inicial. Tanto assim é que no próximo ano essa distribuição gratuita será bastante ampliada, pois, já se acham instalados pelas prefeituras, em cooperação com a Secretaria, campos de palma nos municípios [...].” Mais. Palma sem espinhos: 15-12-1934, 6ª col.: “Diretoria de indústria animal.”

1933

Texto do livro Arcoverde. História político-administrativa, Sebastião Calado Bastos, Brasília, 1995, pág . 76 : “Nessa administração foi inaugurado o novo prédio dos Correios e Telégrafos, para cuja construção concorreu o município com a doação do terreno, das telhas e dos tijolos, dispendendo a importância de 3:300$400.” Foto do livro Ícones. Patrimônio Cultural de Arcoverde, Roberto Moraes, Recife, 2008, pág. 64.

10-01-1933 – Jornal do Recife, 1ª col.: “A inauguração do edifício dos correios e telégrafos em Rio Branco. Sobre esse importante melhoramento de que acaba de ser dotado o futuroso município de Rio Branco, neste Estado, recebemos dali as seguintes informações telegráficas. “Com solenidade, acaba de ser inaugurado, novo prédio correio telégrafo sessão presidida doutor Luís Coelho prefeito municipal que pronunciou palavras referentes ação trabalhista governo revolucionário por melhoramento que tanto enriquece patrimônio União e beneficia população local tendo bem instalados serviço postal telegráfico”. Discursou em seguida jornalista Paulo Oliveira diretor "Sertão Jornal" que o referiu ao ato inaugural aludido também benefício acabava prestar governo ao comércio e interessados serviço público correios telégrafos. Solenidade teve presença engenheiro Francisco Saboya, chefe serviços ações funcionários federais estaduais municipais famílias e grupo musical Independentes. Após sessão houve danças e recepção bom acolhimento agente serviço local senhor Oscar Alves dos Santos que foi um dos maiores esforçados para abreviar inauguração novo prédio.”

16-03-1933 - Jornal do Recife , 6ª col.: “[...]cadeira n.208, terceira entrância, localizada em Ipojuca, do município de Rio Branco, atualmente funcionando na casa de detenção, para o internato 5 de julho nesta cidade.”

17-03-1933 – Jornal do Recife, 7ª col.: “O sr. José Américo ministro da viação, em terras de Pernambuco. Rio Branco, 16 - O ministro José Américo chegou ontem a esta cidade, de volta da zona do Cariri, acompanhado do interventor Gratuliano Britto [...].”

23-03-1933 – Jornal do Recife, 5ª col.: “O ministro José Américo em Pernambuco. Fotografia apanhada na residência do engenheiro Elpídio Lins, em Rio Branco, onde se hospedaram o ministro José Américo e a sua comitiva [...].”

25-03-1933- Jornal do Recife, 7ª col.: “Comércio Rio Branco acaba receber visita comissão organizadora Banco Rural de Pernambuco.”

04-06-1933 – Jornal do Recife, 5ª col.: “Inauguração do prolongamento da Great Western a Alagoa de Baixo. Inaugura-se, na próxima terça-feira [06-06-1933], a estação de Alagoa de Baixo, até onde se estendeu, de Rio Branco, o novo prolongamento da Great Western. O ato da inauguração será festivo, devendo comparecer as altas autoridades, representantes da imprensa e outras pessoas convidadas. Recebemos do Dr. Arlindo Luz, superintendente da Great Western, convite para assistirmos a solenidade.”

06-06-1933 - Jornal do Recife , 5ª col.: “Informações oficiais. Criado, por conveniência do serviço público, mais um tabelionato no município de Rio Branco, que ficará com a designação de primeiro e terá a privacidade do registro de imóveis e hipotecas, ficando o único atualmente ali existente com a designação de segundo e com a privatividade de órfãos, interditos, ausentes e menores abandonados e do registro de títulos e documentos particulares, mantido o respectivo serventuário Jeronymo de Albuquerque Cavalcanti Jé, bem como transferindo para o cartório ora criado o primeiro tabelião do município da Pedra, Wilson Magalhães, que continuará a exercer suas funções interinamente, cujo cartório fica extinto, passando o arquivo, bem como suas atribuições, para o segundo, que passa a acumular todos os ofícios da justiça de que tratam os arts. 103 e 104 da lei n.2089 de 18 de agosto de 1880.”

08-06-1933 – Jornal do Recife, 2ª col.: “Melhoramentos no interior. Inauguração da estação de Alagoa de Baixo, prolongamento da linha Central da Great Western, trecho de Rio Branco àquela cidade.[...] .” Mais sobre o tema: Memórias de Alagoa de Baixo, Luiz da Silva Dodô, Recife, 1999, pág. 31.: “ Prenunciava-se desde o ano de 1925, a esperança de em breve a estrada de ferro, partiria de Rio Branco (hoje Arcoverde), com destino a Alagoa de Baixo, hoje Sertânia. O povo regozijava-se, mesmo com as esperanças de uns e os desânimos de outros. Mesmo assim a cidadezinha, mansa e pacata, que dormia entre o Serrote Pau D´arco e o Serrote da Vaca Morta, deslumbrava-se de alegria, quando nos primeiros meses do ano de 1927, a firma construtora Dorabela Portela [Portaella], partindo do Rio Branco, fazia 10 quilômetros de estrada; depois, a firma Paulo Azevedo construía mais 10 quilômetros, ficando o restante com uma boa maçada de tempo, a cargo da firma italiana Rage Gabaglia. Em 1927 foram construídas na entrada da cidade oito casas de turma para dar pousada aos engenheiros e funcionários burocratas da administração da empresa construtora. Ainda hoje estas casas existem como se tivessem sido construídas há poucos anos. O povo inglês só faz pra valer. O material empregado em suas construções são de primeiríssima qualidade haja vista que o madeiramento do teto das casas, os bancos, as mesas de escritório são ainda os mesmos depois de tantos anos de uso, sem apresentarem danos que impossibilitem seu aproveitamento.[...]. A estrada de ferro demorou muito para chegar. Vários foram os motivos: falta de verbas, mão-de-obra braçal, às custas dos cassacos (nome que era dado aos operários do pesado, que trabalhavam em açudes e obras rodoferroviárias), pois naquele tempo não se dispunha de maquinária. E, para o bem de todos chega a esta cidade em 29-01-1929 o exímio construtor e representante da firma Rage Gabaglia, senhor Luiz Leite Soares, procedente e filho natural da cidade de Barra Mansa, Rio de Janeiro, com a incumbência de dirigir os trabalhos até sua conclusão, o que na verdade aconteceu para o bem de todos. Homem bom, sério, terminou gostando da terrinha a ponto de esposar uma filha do comerciante Manoel Rafael Sobrinho, estabelecido com tecidos a rua 15 de novembro (rua Velha) nesta cidade e que chamava-se Maria Carmelita Rafael. [...] Até que enfim chegou o tão esperado transporte: o trem. Muitas vantagens trouxe para o desenvolvimento e progresso da cidade, que nessa altura crescia a passos largos. É que em 06-06-1933 é inaugurada a chegada do trem, evento esse que ainda atraiu pessoas até das cidades circunvizinhas. O povo ficou nas ruas até o sol raiar. Quem comandou a comitiva da The Great Western of Brazil, Railway Co. Ltda., conhecida apenas como Great Western, foi a professora Carminha de Souza Cordeiro, por todos querida. O trem chegava a Alagoa de Baixo como terminal de linha quase vinte anos, o comércio e a indústria desenvolveram-se assustadoramente. As cidades vizinhas e circunvizinhas vinham abastecer-se aqui o que muito contribuiu para o seu melhoramento.”

15-06-1933 - Diário de Notícias (RJ),  2ª col.: “Obras contra as secas. Estradas de Rio Branco [...].”

22-12-1933 – Jornal do Recife,  5ª col.: “O município de Pedra vai ser anexado ao de Rio Branco?”

23-12-1933 - Jornal do Recife , 6ª col.: “Um fato que precisa ser conhecido [História da introdução da palma sem espinho em 1879 por Herman Ludgren, o pai do fundador das Casas Pernambucanas].” Mais: Em 1910 a palma era cultivada praticamente de forma ornamental.

1934

(Foto datada de 31-01-1934. Autor desconhecidos).

Do livro Arcoverde. História político-administrativa, Sebastião Calado Bastos, Brasília, 1995, pág. 56: “O Cel. Antonio Japiassu, como prefeito, adquiriu o prédio onde passou a funcionar a Escola Anísio Galvão, que foi completamente reformada na administração Luís Coelho, arborizou as principais ruas da cidade, colocou lastros em dois pontilhões da estrada de Buíque (av. Pinto de Campos), adquiriu um veículo para limpeza pública, bem como uma garagem de alvenaria para o mesmo, possivelmente na rua Velha. “ Na pág. 76: “Construção de um prédio na rua do Urubu, área que hoje integra a praça da Bandeira, prédio este que passou a servir de almoxarifado da prefeitura”.

09-05-1934 – Jornal do Recife , 2ª col.: Cartas seladas . ”[...] Não é favor declarar que Rio Branco muito lucrou com a revolução que colocou o Dr. Luís Coelho à frente de seus negócios. [...] Mas a respeito de polícia, temos andado muito mal [...]. Agora reina aqui uma licenciosidade de todos os demônios e joga-se por toda a parte.[...] “

15-05-1934 - Jornal do Recife,  6ª col.: “Carta selada: [...] estou intrigado com o descaso da prefeitura desta terra no que se refere ao matadouro. Uma verdadeira sujidade, nada de asseio, nada de higiene.[...] “

Aspectos de Rio Branco: Acima, à direita, a Sanbra (hoje Cecora: A ponte sobre o Riacho do Mel e, ainda em construção, os açougue e mercado públicos. Foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).


Açougue e Mercado públicos. Foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).

17-05-1934 – Jornal do Recife, 3ª col.: “[...] Associação dos Empregados no Comércio de Rio Branco, fundada no dia 1º do corrente[...].”

14-06-1934 – Jornal do Recife, 5ª col.: “Criação de novas comarcas e restauração de outras - Nomeações e exonerações.[...] O interventor federal no Estado, tendo em vista os decretos desta data, em virtude dos quais foram restauradas as comarcas de Flores e Afogados da Ingazeira e criadas as de Floresta dos Leões, Aliança e Rio Branco. [...] Removendo [...] bacharel Agrício da Silva Brasil da comarca de Buíque para a de Rio Branco [...]”. Mais: - Comarca de Rio Branco. "Congratulo-me convosco pela criação da comarca de Rio Branco, máxime aspiração do povo deste município. Luís Coelho, prefeito [...].”


“A foto acima, de 31 de julho de 1934, mostra operários junto à construção de uma galeria para escoamento de águas pluviais entre as ruas Cardeal Arcoverde [atual Av. Antônio Japiassu] e Leonardo Couto”. (Foto: autor desconhecido).

01-08-1934 – Jornal do Recife, 4ª col.: “[...] Nomeando Augusto Pinto de Campos para exercer, interinamente, o cargo deadjuncio de promotor público da comarca de Rio Branco, no impedimento do efetivo, Epaminondas Macedo dos Santos, que se encontra licenciado. “

22-12-1934 - Jornal do Recife, 3ª col.: “No Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco. A proclamação dos candidatos eleitos para Câmara Federal e Constituinte Estadual. Pela manhã de ontem, no Palácio da Justiça, reuniu-se o Tribunal Regional,[...] a fim de serem proclamados os eleitos. [...] Partido Social Democrático. Pelo quociente partidário Luiz Coelho.“


Av. Pinto de Campos, onde fica o Cemitério São Miguel – foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).

1934 - Necrotério Municipal. Governo Revolucionário de Rio Branco. Cemitério São Miguel. Os registros de óbitos passaram a ser anotados em 13 de janeiro de 1931 (1º registro de óbito) pelo Registro Civil (Germano Magalhães Santos). 31-12-1919 – Diario de Pernambuco, 4ª col.: “Pesqueira.[...] Construção do cemitério Pinto de Campos - Por solicitação do Dr. Baptista da Silva, ilustre inspetor sanitário estadual, que por determinação da inspetoria da higiene esteve em Rio Branco, a serviço de combate à influenza espanhola, construímos um cemitério naquela vila com o qual foi dispensada a quantia de 2:200$000. [...] Enormes foram as despesas que fomos forçados a fazer com o saneamento no município, durante a administração que hoje finda pois, durante esse período foi a vila do Rio Branco atacada de febre de mau caráter, por varíola mais de uma vez e pela influenza espanhola (gripe) que grassou também com muita intensidade nesta cidade e em quase todos os distritos do município.[...].”
Cemitérios de Arcoverde, em Minha cidade, minha saudade, de Luís Wilson, Recife, 1972, pág.218: “Tenho a impressão de que ficava naquele local [no Cuscuz, do outro lado dos trilhos da Great Western] o segundo cemitério de Olho d´Água dos Bredos. O primeiro foi ao lado da Igrejinha de Nossa Senhora do Livramento, onde também, no jardim da casa do Pe. Joãozinho, brincando depois do catecismo, a gente esbarrava, certas ocasiões, em cima de uma catacumba. O terceiro é o atual, na estrada de rodagem que vai para Buíque.” Do livro,Arcoverde. História político-administrativa, Sebastião Calado Bastos, Brasília, 1995, pág. 74: “A administração Luís Coelho, mesmo com parcos recursos, removeu uns restos de jazigos do antigo cemitério existente no triângulo da Great Western, construiu o necrotério no cemitério da Pinto de Campos, no qual colocou um portão de ferro em substituição ao de madeira que lá existia.”
Sobre o segundo cemitério: Data da construção 29-07-1906. A Provincia - 5ªcol.: “Em oito dias de missão os missionários construíram e edificaram o cemitério deste povoado, caiou-se, limpou-se a igreja que causa-nos pena dizer... estava muito suja! No dia 29, ultimo dia da missão, houve benção solene do cemitério e do cruzeiro que lá foi erigido, falando no momento o talentoso frei Gaudioso;”

1935
16-02-1935 - Jornal do Brasil (RJ), 4ª col.: “Em Pernambuco - O governador do estado mandou instalar no município de Rio Branco, a primeira escola primária típica rural, de acordo com as sugestões do Congresso de Ensino Regional. A escola terá edifício próprio e área de 2 hectares para os trabalhos agrícolas. “


Foto do livro Roteiro de velhos e grandes sertanejos (III volume), Recife, 1978, Luís Wilson, pág. 1211.
A numeração corresponde aos prefeitos, na sequência cronológica.
Da esquerda para direita, o 1º sentado – não identificado-, Clóvis Padilha, Dr. Luís Coelho (3) (com o filho), Dr. Ruy de Barros Correia (o filho, Ruy de Barros Correia Filho, foi prefeito de 1983-1988; a esposa deste, Rosa Barros, foi prefeita de 1997 a 2004), Cel. Antônio Japiassu (1), Cel. José Estrela de Souza, - outro não identificado - , Florismundo Oliveira, Antônio Napoleão (4). Em pé: Aprígio Tavares, Ernesto Lima Rodrigues da Silva (2), Joaquim Soares Filho, Odête Oliveira (6), Cícero Franklin, Dr. Élfego Jorge de Souza, Álvaro Soares, Armando Santos (coletor estadual), Hermínio, Wilson Porto (o filho, Giovanni Rodrigues Porto, foi prefeito de 1969-1973) - sem identificação- Maninho Japiassu, Antônio de Pádua Ferreira, José de Oliveira, Júlio Pacheco e Euclides Arantes.

1 - Antônio Japiassu (1928-1930). Eleito pelo povo. Tomou posse em 15 de novembro de 1928. O movimento revolucionário de 4 de outubro de 1930 considerou demitidos todos os prefeitos no dia 6 daquele mês.
2 -Ernesto Lima Rodrigues da Silva. (1930) O interventor federal de Pernambuco Dr. Carlos de Lima Cavalcanti, nomeou para Rio Branco o seu primo e amigo. Mas ele abriu mão da sua nomeação, no que foi nomeado o médico
3 - Dr. Luís Coelho (1930-1934) que tomou posse em 13 de outubro de 1930.
4 - Antonio Napoleão Arcoverde (1935)
5 - Severino Andrade de Oliveira (1935)
6 - Odête Vital de Oliveira (1935-1936)


Foto de 29-10-1935 . Do livro Arcoverde. História Político-administrativa, Brasília, 1995, Sebastião Calado Bastos, pág. 52.
Da esquerda para direita, sentados: Florismundo Oliveira, Antônio Napoleão Arcoverde (4), -2 desconhecidos – Dr. Luís Coelho (3), Gumercindo Cavalcanti (7); em pé: Hemídio Guimarães, Hermínio, Júlio Pacheco, Ernesto Lima (2), - desconhecido – e Antônio Japiassu (1).

7 - Gumercindo Cordeiro de Albuquerque Cavalcanti (1936-1937). 2º prefeito eleito pelo povo.

Delmiro José Freire e Olímpio Marques de Oliveira.

Do livro Arcoverde. História Político-administrativa, Brasília, 1995, Sebastião Calado Bastos, pág. 96 e 98
.
8 - Delmiro José Freire (1937-1939)
9 - Olímpio Marques de Oliveira (1939-1943)

Curral da feira de gado onde foi depois construída a praça da Bandeira. Em discurso, no centro da foto, aparece o 10º prefeito, José de Oliveira Pessoa – foto datada de 08-05-1945, do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).

10 - José de Oliveira Pessoa (1943-1945)

1935 – Do livro, Arcoverde. História político-administrativa, Sebastião Calado Bastos, Brasília, 1995, pág. 83: “Por ser na ocasião secretário da prefeitura, [Antônio Napoleão Arcoverde] assumiu o comando do executivo municipal em 1935, quando do afastamento do Dr. Luís Coelho, eleito que fora para a Assembleia Constituinte do Estado. Ficou, entretanto, poucos meses à frente da prefeitura, tendo renunciado nesse mesmo ano para candidatar-se ao cargo de vereador, passando a dirigir o município seu substituto eventual, Severino Andrade de Oliveira, cunhado de um dos membros do primeiro Conselho Municipal, Júlio Pacheco Freire. Foi Napoleão eleito vereador naquela oportunidade (pleito de 8 de outubro de 1935), quando teve Rio Branco o seu segundo prefeito eleito pelo povo, Gumercindo Cordeiro de Albuquerque Cavalcanti.” No mesmo livro, pág. 87: “Odête Vital de Oliveira – Recebeu a prefeitura das mãos de Severino Andrade de Oliveira, ainda em 1935 [...] Dirigiu a prefeitura até 15 de agosto de 1936. Nesta data tomou posse o 2º prefeito eleito da então cidade de Rio Branco.”

28-03-1935 – Jornal do Recife, 2ª col.: “[...] Existem, além da comissão oficial de classificação, 5 postos localizados no interior do estado, nos municípios de Caruaru, Garanhuns, Limoeiro, Rio Branco e Timbaúba.”

1936
23-04-1936 - Diario do Estado , 1ª col.: “Telegramas dos municípios. De Rio Branco. Eleições complementares decorreram ambiente absoluta ordem tendo votado 412 eleitores. Saudações Luís Coelho.”

08-05-1936- Diario do Estado,  2ª col.: “Eleições complementares apuradas deram maioria 56 votos nosso partido perfazendo total 113 sufrágios nossa vitória, Saudações, Antônio Napoleão Arcoverde, presidente diretório.”

02-08-1936 - Diario do Estado, 2ª col.: “Serviço de produção animal - Campo de criação de Rio Branco “.

26-08-1936 - Diario do Estado, 1ª col.: “Edital de proclamação de eleitos prefeitos e vereadores dos municípios de Caruaru, São Caetano e Rio Branco.”

11-09-1936 - Diario do Estado, 3ª col.: “Dos municípios. [...] Rio Branco comemora solenemente dia da pátria. 447 escolares da cidade tomam parte na passeata. Professorado apela a vossencia criar grupo escolar para atender necessidades prementes muito exigidas e reclamadas. Saudações. Gumercindo Cavalcanti. Prefeito.”

27-09-1936 - Diario do Estado,  2ª col.: “Parecer N. 120: Seca, caroço de algodão, palma, estação de monta etc.”

09-10-1936 - Diario do Estado, 4ª col.: “Acabo reassumir funções cargo. Cordiais saudações. Gumercindo Cavalcanti, prefeito.”

09-10-1936 - Diario do Estado, 2ª col.: “Estudo das melhores medidas a serem tomadas pela Secretaria de Agricultura sobre a calamitosa situação dos rebanhos devido a falta do caroço de algodão e de seus subprodutos (torta e farelo).” Mais: 17-10-1936.

1937
08-01-1937 - Diario do Estado, 3ª col.: “Prefeitura Municipal de Rio Branco. O prefeito do município de Rio Branco: Faço saber que a Câmara Municipal decretou e eu sanciono a seguinte Lei N. 2. Artigo 1º Fica criado o Serviço de Estatística Municipal.”

09-03-1937 - Diario do Estado, 1ª col.: “Município de Rio Branco. Lei N.4 de 1937. Cria o código de posturas municipais.”

03-08-1937 - Diario do Estado, 2ª col.: “Diário do Poder Legislativo. Campo de Criação do Rio Branco. No Campo de Criação do Rio Branco prosseguiram os trabalhos visando o aparelhamento capaz de permitir a manutenção de um rebanho avultado e, bem assim, a realização dos experimentos e dos serviços de expansão, na zona sertaneja.[...] “.

14-12-1937 - Diario do Estado, 2ª col.: “1ª seção. Dia 14 de dezembro de 1937 - Pelo ato n. 278-A, de 7 do corrente, foi nomeado Delmiro Freire para exercer o cargo de prefeito do município de Rio Branco [...].”

13-11-1937 – Diario do Estado, 2ª col.: “O exmo. sr. Interventor Federal no Estado recebeu telegramas. De Pesqueira. Qualidade políticos militantes no município de Rio Branco apresentamos vossencia congratulações nova fase política nacional culminou investidura vossencia, chefe nosso querido Estado. Saudações. Dr. Fernandes Vieira, Arcelino de Britto e Theopompo de Siqueira.”

21-12-1937 - Diario do Estado, 1ª col.: “Instituto de Pesquisas Agronômicas. Relatório de inspeção. Sanbra”.

1938
12-01-1938 - Correio da Manhã (RJ), 3ª col.: “O ministro da viação, coronel Mendonça Lima [...]. Hoje, fará uma excursão da capital pernambucana ao município de Rio Branco, numa distância de 850 km de automóvel.”

13-01-1938 - Jornal do Brasil (RJ), 2ª col.: “A viagem do titular da Viação às obras do nordeste. [...] o coronel Mendonça Lima se encontra no município de Rio Branco, no estado de Pernambuco, inspecionando as obras contra as secas[...].”

02-02-1938 – Diario do Estado, 2ª col.: “Dentistas práticos licenciados pelo Departamento de Saúde Pública.”

26-03-1938 – Diario do Estado, 1ª col.: “Alistamento de jurados. Comarca de Rio Branco.”

01-04-1938 – Diario do Estado, 2ª col.: “De Rio Branco. Comunico vossencia início construção matadouro público, meio-fio avenida Gonçalves Maia esta cidade. Dinheiro cofre 24:000$000 funcionalismo em dia. Atenciosas saudações. Delmiro Freire, prefeito. “

24-05-1938 – Diario do Estado, 1ª col.: “Reunião da Comissão de Reforma de Divisão Administrativa do Estado. Atas da 6ª e 7ª.”

10-06-1938 - Diario do Estado, 2ª col.: “Comissão de Reforma da Divisão Administrativa. [...] Ofício do superintendente da Great Weatern sobre a mudança do nome Tigre para Henrique Dias.” [Alagoa de Baixo].

11-06-1938 – Diario do Estado, 3ª col.: “De Rio Branco. Comunicamos vossencia estão resolvidos limites entre Pesqueira e Rio Branco conforme ata lavrada nesta data entre os respectivos prefeitos e membros do Conselho Geografia de ambos municípios. Respeitosas saudações. Agostinho Cavalcanti. Prefeito de Pesqueira. Delmiro Freire. Prefeito de Rio Branco.”

21-07-1938 – Diario do Estado, 3ª col.: “Telegrama. Rio Branco. Comunico vossencia ficaram resolvidos comum acordo limites intermunicipais Rio Branco Buíque conformidade ata lavrada nesta data. Saudações. Delmiro Freire. Prefeito. Na 4ª coluna: De Buíque: Comunicamos v. excia. nesta data assinados ata acordo limites entre esses municípios. Saudações. José Xavier Andrade, prefeito Moxotó - Luiz Tenório de Albuquerque, prefeito de Buíque.”

11-10-1938 - Diario do Estado, 2ª col.: “Dos municípios. De Rio Branco: Iniciativa particular signatários concurso população apoio chefe edilidade, acabamos instalar sede serviços chefes cidade e assistência Odonto-médica classe pobres. Respeitosas saudações, drs. Albuquerque Pedrosa, Rui de Barros Correia e Fernandes Viana. De Rio Branco: Tenho satisfação comunicar vossência acabo efetuar pagamento desapropriação grupo três casas rua principal cidade valor 4:000$000 quais serão demolidas fim ser local construído Paço Municipal cuja obra tenho objetivo iniciar brevemente. Saudações, Delmiro Freire, prefeito.”

10-12-1938 – Diario do Estado, 1ª col.: “Decreto-Lei N. 235, de 9 de dezembro de 1938. Fixa a divisão territorial do Estado, que vigorará sem alteração, de 1º de janeiro de 1939 a 31 de dezembro de 1943, e dá outras providências.”

30-12-1938 – Diario do Estado, 1ª col.: “Anexo n.2 do Decreto-Lei N.235 de 9 dezembro de 1938.”

1939
06-01-1939 - Diario do Estado, 1ª col.: “Alistamento de jurados - Comarca de Rio Branco.- Lista 123 pessoas.”

07-05-1939 - Diario do Estado, 1ª col.: “Ato n. 552, de 8 de maio de 1939 - O interventor Federal do Estado resolve exonerar a pedido, Delmiro Freire e Inocêncio Gomes Lira dos cargos de Prefeitos dos municípios de Rio Branco e Custódia, respectivamente, em face do disposto no artigo 4º , do Decreto Federal n. 1202, de 8 de abril último, e designar os respectivos secretários para responderem pelo expediente das mesmas prefeituras.”

14-11-1939 – Diario do Estado, 1ª col.: “Inauguração de bueiro de 22 m ligando a rua Padre Roma com prç. João Pessoa e escola Cardeal Arcoverde recentemente construída bem como assentamento da pedra fundamental do futuro edifício da Prefeitura Municipal, Tenente Olímpio Marques, prefeito.”

1940
03-08-1940 – Diario de Noticias (RJ), 3ª col.: “interventor Agamenon Magalhães pernoita em Rio Branco.” Mais: 04-08-1940 - Diario de Noticias (RJ), 2ª col.: “Vários melhoramentos serão inaugurados no interior do Estado. [...] No município de Rio Branco o interventor federal visitará a fazenda do Estado [...]”.

14-11-1940 – A Batalha (RJ), 4ª col.: “O interventor federal visitou o município de Rio Branco. Em prosseguimento à sua excursão ao interior do estado o interventor visitou ontem o município de Rio Branco. “

12-1940 - Ilustração Brasileira (RJ), 1ª col.: “Cooperativa Central dos Beneficiadores de Pernambuco - Em 21 de junho último, no cinema local do município de Rio Branco, em Pernambuco, uma assembleia de 60 desfibradores presentes e representados, equivalentes a 1.022 quotas partes, elegeu a sua primeira diretoria.”

1941


07-09-1941 - A Manhã (RJ),  2ª col.: “O interventor Agamenon Magalhães inaugura em Rio Branco o Paço Municipal.”


Campo de pouso em Rio Branco. Foto acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).

08-10-1941 – Diário Carioca (RJ), 1ª col.: “[...] Em entrevista concedida à imprensa, o engenheiro Francisco de Saboia discorreu acerca dos trabalhos que a inspetoria de obras contra as secas vem realizando no setor da aviação do nordeste. O engenheiro declarou que foram construídos 7 campos de pouso pela IFOCS em Pernambuco: os de Rio Branco, na proximidade daquela cidade [...].”

22-11-1941 - A Manhã (RJ), 1ª col.: “Arrecadação municipal de Rio Branco.



Em frente ao caminhão, que aparece nesta foto, está o açougue público inaugurado em 1925 (na atualidade, em frente “à rua que vai para Buíque”. Foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).

1942

15-01-1942 – O Jornal (RJ), 6ª col.: “ Pernambuco, Viagem de inspeção do brigadeiro Eduardo Gomes.[...] O avião, que deixou o Campo do Ibura às 8 horas, foi comboiado até a altura do município de Rio Branco por uma flotilha de aviões da base aérea sob o comando do tenente-coronel Carlos Coelho Rodrigues. Cinquenta minutos após o interventor chegava a Rio Branco, onde demorou alguns momentos.[...].”



Agência nº 0088 do Banco do Brasil – Foto de 12-12-1951. Do livro Ícones. Patrimônio cultural de Arcoverde, de Roberto Moraes, Recife, 2008, pág. 72

26-04-1942 – O sr. Antonio Augusto Pacheco (Recife) nos informou sobre a agência do B. Brasil de Rio Branco: Envio do livro “O Banco do Brasil na História de Pernambuco (Notas sobre o sistema bancário)”, de autoria de Carlos Eduardo Carvalho dos Santos, 2ª edição, de 1986, páginas 168 e 169, as informações a seguir: “Na década de 30 [20?] o Banco iniciou sua interiorização, instalando suas primeiras agências. Rio Branco – hoje denominada Arcoverde – foi a primeira, seguindo-se Garanhuns, Palmares, Goiana, Vitória e Limoeiro”. “Notar-se-á, entretanto, que o Banco sofreu revezes, chegando ao fechamento desta subagência , em vista da crise que se abateu sobre o mundo capitalista na década de 30”. Na página 170, diz o autor: “Na década de 20 o Banco do Brasil se fez presente em Rio Branco, não sendo possível o levantamento detalhado dos elementos históricos até os presentes dias, em que pese o grande empenho do atual Gerente Odon Porto de Almeida junto a historiadores locais. Notas de Waldemar Napoleão Arcoverde nos indicam que a subagência funcionava durante a época da Revolução de 1930 na casa nº 455 da atual Avenida Coronel Antônio Japiassu. Conta-se até, singular acontecimento, quando uma Coluna, proveniente da Paraíba, acercou-se da cidade. Cauteloso, o então Gerente Paulo Ribeiro, fechou o Banco, entregou as chaves a um auxiliar da loja de ferragens de Sálvio Napoleão Arcoverde, dispensou os cinco funcionários e foi refugiar-se no morro do Serrote de onde, com um binóculo, passou mais de dois dias observando o procedimento dos revolucionários e, felizmente, não houve o saque que esperava, voltando o Banco à plena normalidade tão logo afastaram-se as forças militares....Já com a denominação de Arcoverde, o Banco reinaugurou sua filial em 26 de abril de 1942, funcionando na antiga Av. João Pessoa, 242, sob a gerência de Moacyr Piauhyense de Carvalho e Contador Arthur Vieira de Azevedo, prédio de propriedade do advogado José Ciríaco das Neves Bezerra”.
No Jornal do Recife, a agência do Banco do Brasil de Rio Branco aparece em atividade ainda em 21-01-1932.
No livro Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas, Luís Wilson, Recife, 1982, pág. 159, sobre o ano de 1941, diz: “Rio Branco volta a ter, também, naquele ano, uma agência do Banco do Brasil”. Na pág. 115, sobre o ano 1927 e citando os estabelecimentos comercias de então: “[...] Noé Nunes Ferraz (Salão de Bilhar e Bar Confiança), Banco do Brasil, Manuel Cavalcanti de Araújo (seu Santinho), secos e molhados, Abdias Ferreira dos Santos (tecidos), Augusto Magalhães Porto (secos e molhados), Sebastião Franklin Cordeiro, [...].”
Em busca de mais informação, além da que está em seu livro Arcoverde. História político-administrativa, Brasília, 1995, que cita à pág.102: "Também nessa administração [do tenente Olimpio Marques de Oliveira – 1939-1943], o município volta a ter uma agência do Banco do Brasil", o sr. Sebastião Calado Bastos gentilmente nos disse: "Na época procurei a filha do tenente Olimpio para obter também informações da administração do seu pai. Consegui muitos documentos oficiais, pois ele era um homem hiper organizado. Mas sobre o Banco do Brasil a D. Verônica reafirmou que o município "voltara a ter" sua agência. Na insistência ela disse que a única coisa de que lembrava era de ouvir isso: "voltou a ter". Conversando com Elizeu Tito (Elizeu Marques Magalhães - falecido há pouco tempo), homem conhecedor das coisas e combativo vereador, ele me disse peremptoriamente que Rio Branco tinha tido mesmo uma agência do Banco do Brasil e que a mesma funcionou na casa que conhecíamos como a de seu Luís da Singer".
Em 1946 um anúncio do Banco do Brasil mostra todas as agências do Brasil; em Pernambuco aparece a de Arcoverde.
No livro História do Banco do Brasil, 2. ed. rev. Belo Horizonte: Del Rey, Fazenda Comunicação & Marketing, 2010. “Enquanto criava agências na Argentina e no Uruguai, o Banco continuou abrindo suas filiais no interior do país. Só no ano de 1923 foram inauguradas 22. Outras estavam em trabalhos de instalação definitiva ou em fases preliminares. No início de maio de 1924, o número chegava a 74. Havia, ainda, deficiências em algumas agências, que a diretoria procurava sanar sem retardar o progresso do banco.”Pág.149: “Em 15 de julho de 1937, a diretoria resolveu estabelecer cursos de aperfeiçoamento, a nível superior, para os funcionários. Nessa época, o Banco ainda não se dispusera a expandir a implantação de agências no interior do país. O número das filiais era de 90 no ano de 1938.” Pág.160: “O movimento de instalação de filiais, que estava estagnado, acelerou-se depois de 1939, sob a presidência de Marques dos Reis. Em 31 de dezembro de 1940, o número de agências e subagências subiu a 139. No final de 1941, já havia em funcionamento ou em instalação 261 agências e subagências. Em 1942, entraram em operação mais de 62 subagências e uma agência. A cotação das ações do Banco na Bolsa subiu, em fins de 1942, para Cr$ 588,00. O número de funcionários, que cresceu moderadamente até chegar a 3.866, em 1940, daí por diante aumentou mais rapidamente, chegando a 6.396, em 1942.” Mais: História do Banco do Brasil 1906 a 2011, de Fernando Pinheiro:

07-10-1942 - A Manhã (RJ), 2ª col.: “O ministro da Agricultura em visita ao Estado.[...] Os técnicos americanos prosseguirão viagem pelo interior pernambucano, indo até o município de Rio Branco. “

1943
21-09-1943 – A Noite (RJ),  4ª col.: “Mudança de nomes de cidades e vilas pernambucanas. [...] 60 cidades e 178 vilas têm assegurado o direito à manutenção das palavras com que são designadas, 3 cidades e 41 vilas são obrigadas a mudar os nomes por força da lei; 22 cidades e 30 vilas estão em debate para apuração de antiguidade dos respectivos nomes.”

29-09-1943 - A Manhã (RJ), 2ª col.: “Pernambuco. Mudou de nome o município de Rio Branco. Recife, 23 (Asapress) - De acordo com a indicação feita pelo presidente da Comissão de Divisão Administrativa do Estado ao Conselho Nacional de Geografia, o município de Rio Branco, deste Estado, passou a denominar-se Arcoverde.” Igual notícia, mesma data.

15-12-1943 – A Noite (RJ), 4ª col.: “1.135 cidades mudaram de nome. Entrará em vigor, em 1º de janeiro de 1944, a nova divisão territorial do Brasil [...].”

31-12-1943 – IBGE - “Arcoverde, de Santa Catarina, troca denominação. Pelo decreto-lei estadual nº 941, de 31-12-1943, alterou a denominação dos seguintes distritos: [...] Arcoverde para Erval Velho.” Mais do IBGE (2010): A atual área da unidade territorial de Arcoverde é de 350,901 Km2.

1944
14-01-1944 - Diario do Estado, 1ª col.: “Anexo N.1 do Decreto-Lei N.952, de 31 de dezembro de 1943. Quadro da Divisão Judiciária e Administrativa do Estado de Pernambuco para o quinquênio 1944-1948.”

16-06-1944 – Diario do Estado , “Relação das localidades que mudaram os nomes. [...] Alagoa de Baixo, cidade, tomou o nome de Sertânia. [...] Arcoverde, vila do município e comarca de Pesqueira, anteriormente Mimoso, teve o nome restaurado, transferindo-se o de Arcoverde para a sede do município de Rio Branco. Vila criada por lei municipal n. 129 de 27 de setembro de 1912. [...]”

18-05-1944 – Diario do Estado, “Anexo N.2 do Decreto-Lei N.952, de 31 de dezembro de 1943. - Município de Arcoverde. Os limites municipais:
Com o Município de Sertânia:
A partir da foz do riacho salgado, no riacho do Mel, sobre o riacho Salgado até sua nascente; daí por uma reta ao ponto mais próximo da linha de cumiada da serra do Paudarco, indo até os limites interestaduais.
Com o Estado da Paraíba:
A partir do ponto em que o prolongamento da linha de cumiada da serra do Paudarco encontre os limites interestaduais, segue pela cordilheira limítrofe até o ponto em que uma linha norte-sul, tirada da foz do riacho da Garapa, no Ipojuca, a encontre.
Com o Município de Pesqueira:
A partir dos limites interestaduais do ponto em que uma linha norte-sul, tirada da foz do riacho da Garapa, no Ipojuca, os encontre, segue por esta linha até a foz do riacho da Garapa, no Ipojuca; dai por outra reta para a extremidade oriental do morro do Pau-ferro-grande; dai por outra reta para o centro da lagoa do Mandacaru; dai por outra reta para a confluência do riacho das Campinas, com o riacho do Guerra, sobe por este até sua nascente, na serra do mesmo nome, galga a linha cumiada desta até o ponto mais alto.
Com o município da Pedra:
A partir do ponto mais alto da serra do Guerra, segue pela linha da cumiada da serra do Guerra e das serras do Saco, da Cabeça-da-Vaca, da Pedra-do-Fogo, Branca, da Gameleira, do Brejinho, do Mocó, da Lagoa-d-Pinto, das Varas e do Fundão, até sua extremidade ocidental; daí por uma reta para a confluência dos riachos das Pombas e do Poço-do-Boi.
Com o município de Buíque:
A partir da confluência dos riachos das Pombas e do Poço-do-Boi, por uma reta para o ponto mais alto da Tinideira, daí por outra reta para o ponto mais alto da Serrota; daí por outra reta para a foz do riacho Salgado, no riacho do Mel.”


ARCOVERDE E ROCKY LANE





 Arcoverde perdeu um de seus mais originais personagens, Rocky Lane. Nascido na cidade de Custódia, no ano de 1933, José Leite Duarte, mudou-se para Arcoverde ainda jovem, tendo o seu primeiro emprego no Serviço de Auto Falantes Bandeirante, difusora pioneira na cidade. Apaixonado pelo cinema, veio a trabalhar e até residir no Cinema Bandeirante, quando incorpora o personagem do cowboy do cinema americano Rocky Lane, marca que não mais o deixou.
     Figura por todos adorada, Rocky lançou no final de 2010 o Livro “História do Cinema Bandeirante”, no qual é narrada a trajetória do Cinema da Praça da Bandeira, desde a iniciativa dos Irmãos Moraes, que construíram a sala de espetáculos, até o seu final melancólico.
     Fica para nós a imagem do eterno cowboy, que soube escrever um dos mais interessantes roteiros registrados nessa terra, a sua história.
     O COCAR solidariza-se com os familiares e amigos e para marcar esse momento de perda, reproduz texto publicado no seu site, por ocasião do evento de lançamento do referido Livro, que inclusive foi viabilizado mediante uma ação do COCAR, da ONG Casa Jonas Moraes e de amigos de Arcoverde.
“Quando se observa o olhar desse homem, é possível identificar os sentimentos de altivez e satisfação. Vemos estampado no semblante de Rocky, ao lado de sua esposa Dona Antônia, o orgulho de apresentar para a Cidade que ama uma obra literária que se confunde com a suas próprias vidas, a dele e a de Arcoverde.
Cada frase contida no livro História do Cinema Bandeirante tem importância singular. Pela carga sentimental e verdadeira das palavras do autor, percebemos que é imprescindível para o ser humano o verbo sonhar. Já para a nossa Cidade fica o significado de ter parte marcante de suas memórias contadas por uma das figuras mais originais que por essa terra passaram, o nosso querido José Leite Duarte.
Um dia, Rocky, os que não compareceram a essa noite inesquecível de 09/12/2010, passada no Coreto da Praça da Bandeira, apenas pelo brilho dos teus olhos, irão saber o quão relevante foi para você e para nós esse capítulo de uma trama em que a vida teima em imitar a arte, pois quando imaginávamos que a história já estava toda contada, eis que surge vigoroso e triunfal o nosso Cowboy para, sob a vibração eufórica de sua fiel platéia, duelar e vencer os seus atuais inimigos: o ostracismo e a falta de reconhecimento.
Valeu Rocky! Arcoverde orgulha-se de tua saga!!!”
 

2012: Bicentenário de Olho d´Água - Um século da chegada da ferrovia a Rio Branco

Por: Pedro Salviano Filho
(Coluna Histórias da Região - Edição de março e abril do Jornal de Arcoverde)


Os documentos disponíveis confirmam que o primeiro arruado surgiu em Olho d´Água, a primeira denominação da atual Arcoverde, há 200 anos. E, no próximo dia 13 de maio, deveria se comemorar o primeiro centenário do grande motivo do progresso do atual município, a chegada da rede ferroviária.
Apesar desta coluna ter tido a oportunidade de destacar esses assuntos, retomamos o tema para incrementar informações para um melhor resgate desta memória.
Desde quando existimos? Que nomes já tivemos? Quem foi mesmo que sugeriu o nome atual da nossa cidade? O nosso primeiro maior fator de progresso (a chegada dos trilhos) merece mais atenção? Vamos pensar sobre estes assuntos?
Comecemos reproduzindo o documento que parece ser o mais antigo que trata dos nossos primórdios.


3 março de 1812 - Registro da Provisão de juiz do limite a José Reis de Lima. O juiz ordinário, presidente e mais senadores da câmara da vila de Cimbres da nova comarca do sertão de Pernambuco este presente ano, por Sua Alteza Real o Príncipe Regente nosso Senhor que Deus guarde.


Fazemos saber aos que esta provisão virem, que havendo respeito a José dos Reis Lima ter sido nomeado pela câmara do ano passado para servir o cargo de juiz do limite do lugar do Olho D´água e seus subúrbios, como igualmente foi de presente nomeado pela presente câmara para servir este presente ano o dito cargo do mesmo lugar acima declarado e conhecerá verbalmente das contendas que forem entre os moradores do dito seu limite, até a quantia de 400 réis, sem apelação nem agravo, verbalmente, sem fazer processo e da mesma maneira conhecerá, segundo as posturas do Conselho, dos crimes e danos e não conhecerá sobre crime algum, digo conhecerá de contenda alguma de bens de raiz. Não conhecerá sobre crime algum, porém poderá prender os malfeitores que forem achados cometendo malefícios em dito seu limite, ou aldeia, ou povoações, ou se lhe for requerido pelas partes que o prenda, tendo-lhe mostrado mandato ou querela por que o devam ser e tanto que forem presos os mandarão entregar aos juízes ordinários. Toda esta jurisdição é concedida pela ordenação, acrescendo mais o poderem trazer vara, e vencerá os emolumentos que lhe são concedidos, guardando a forma do regimento. E para constar, mandamos passar a presente, em vereação de 3 de março de 1812. Eu, João Nepomuceno da Costa Galvão, escrivão da câmara o escrevi. Leite. Machado. Cavalcanti. Menezes. E não se continha mais em dita provisão, que bem e fielmente copiei e à mesma me reporto. Vila de Cimbres, 3 de março de 1812. Em fé de verdade, o escrivão da câmara, João Nepomuceno da Costa Galvão. Obs. Notas adicionais de Gilvan de Almeida Maciel: XLIV – A jurisdição do juiz do limite era Olho d´Água e “seus subúrbios”. Trata-se, com certeza, de Olho d'Água dos Bredos, posteriormente Rio Branco e, hoje, Arcoverde.


Livro da Criação da Vila de Cimbres (1762-1867) – Recife, 1985. Pág. 227


Ao que parece, para se diferenciar de tantos outros lugares que tinham o mesmo nome, Olho d´Água, 48 anos depois, em 1860, começa a ser anotado como Olho d´Água dos Bredos, como aparece neste documento do livro de registos de óbitos da igreja católica.





[1860] - Aos vinte e quatro de abril de mil oitocentos e sessenta e sete me foi entregue com encomendado Exmo. Ver. Senhor vigário capitular Joaquim Francisco de Farias o qual é do teor seguinte: Manda ao reverendo pároco de Cimbres que adiante por mim assinado, abra no respectivo livro, o óbito de Maria Joaquina Cordeiro, casada que foi com José Domingos da Silva da Cunha, por ter esta justificação perante mim, ter a dita sua mulher falecida a trinta de junho de mil oitocentos e sessenta, e ter sido sepultada na Capela de Nossa Senhora do Livramento da Povoação de Olho d´Água dos Bredos, filial da referida freguesia de Cimbres. Dado no Palácio da Soledade aos 11 de abril de 1867. Doutor Faria. E para constar fiz este assunto que assino. O Vigário Domingos Leopoldo da Costa Espinosa.


Livro de Óbitos 1865-1899 – Cimbres

Sobre o vigário: Padre Domingos Leopoldino da Costa Espinosa – 1º Vigário da freguesia de Sant´Águeda de Pesqueira, desmembrada da de Nossa Senhora das Montanhas de Cimbres em virtude da lei n.º 966, de 1870. Veio transferido desta última freguesia e ocupava uma cadeira na antiga Assembleia Provincial.
Ruas de Pesqueira. Recife, 1987. pág. 60. José de Almeida Maciel.



José de Almeida Maciel “seu Cazuzinha", da Loja Sant´Águeda, em
Pesqueira - 1884-1957 - Historiógrafo que sugeriu a mudança de nome
Rio Branco para Arcoverde.


Do livro Questões de Toponímia Municipal Pernambucana – Recife, 1984 – pág. 114. [de trabalho publicado em “A Região”, de Pesqueira, 15-3-1943]. José de Almeida Maciel:


A vizinha cidade do Rio Branco está sem jeito... tem cinco homônimas mais antigas inclusive uma capital. Voltará ao nome Olho d´Água dos Bredos? Será Utinga? (u- rio, tinga- branco). Utinga é o nome de vários engenhos situados nos municípios de São Lourenço, Iguarassu, Ipojuca e Cabo, também de um riacho afluente do Pirapama, ainda de um outro que juntamente com o Pitanga constituem o rio Igarassu. Ipu (olho d´água) já é a denominação de uma cidade cearense. Olho d´Água (sem os bredos) coincide com seis vilas existentes em São Paulo, Minas, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Pernambuco (município de São Gonçalo): a prevalência do predicamento de cidade levaria todas elas de rojo. De qualquer modo a homenagem prestada ao grande vulto nacional o Barão do Rio Branco desaparecerá, privando Pernambuco do preito de admiração representado em o nome de um dos seus mais florescentes municípios. A minha sugestão é que se a revisão vier, o município de Rio Branco, filho emancipado de Pesqueira tenha a denominação Arcoverde, homenageando o seu eminente filho que também é filho do antigo município onde nasceu em 1850. Essa homenagem póstuma ao eminente sacerdote 1º Cardeal da América Latina, estou bem certo, honra e ufana sobremaneira aos atuais rio-branquenses. A vila de Arcoverde, antiga Mimoso, voltaria à denominação anterior, mesmo porque há outra vila de Arcoverde, de nome mais antigo, no município de Campos Novos do Estado de Santa Catarina. Por sua vez, o velho povoado de Mimoso, do município de Bezerros (ainda será dos Bezerros?), e que na revisão de 1938 arbitrariamente conservaram-lhe o nome em duplicata substituída por uma outra que melhor se lhe aplicasse.


No livro Minha Cidade, Minha Saudade. Recife, 1972, página 132, Luís Wilson deixou o registro:


1944 - Em 1944, pelo Decreto-Lei Estadual nº 952 de 31 de dezembro de 1943 Rio Branco teve o seu topônimo modificado para Arcoverde. Homenagem a D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, primeiro Cardeal da América Latina, em 1905. Quando da revisão toponímica, realizada em 1943, por força de um decreto federal, cuja finalidade era acabar (como o fez), com as duplicatas dos nomes de cidades e vilas, em todo o país, o nome que havia sido escolhido para Rio Branco fora “Bredos”. Rio Branco não podia continuar, por já existir um nome mais antigo que o nosso, no Acre. Antônio Napoleão Arcoverde pensou em dois nomes, um dos quais Tacá. Lembrado pelo historiógrafo José de Almeida Maciel (“seu Cazuzinha", da Loja Sant´Águeda, em Pesqueira), surgiu o nome Arcoverde. Esta denominação, no entanto, era, a da vila de Mimoso (o secular Mimoso das Bulhas, pertencente a Pesqueira), surgiu o nome Arcoverde. A dificuldade, todavia, era haver também, em Santa Catarina, outra cidade com o nome desencarregada da Revisão Toponímica do Estado de Pernambuco, solicitou, então, à Comissão de Santa Catarina, que abrisse mão da denominação de “Arcoverde” para o Estado de Pernambuco, no que foi atendido. O nosso secular “Mimoso” (que havia sido também denominado “Freixeira”), voltou ao seu primitivo nome. E, assim, como homenagem a D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti é que somos, hoje, Arcoverde.

CRONOLOGIA:


1812: Primeiro dado documental da existência de Olho d´Água.
1860: O povoado já ganharia o nome de Olho d´Água dos Bredos.
1909: Olho d´Água dos Bredos ganha a situação de vila (Lei Estadual nº 991, de 1 de julho)
1912: Em 13 de maio é inaugurada a estação ferroviária, já mostrando o novo nome Barão do Rio Branco (que ficou sendo chamado pelo costume popular de apenas Rio Branco).
1928: (11 de setembro): Rio Branco é elevada à condição de cidade e sede do município, pela lei estadual nº 1931, de 11-09-1928. Instalado em 01-01-1929.
1943: Na revisão toponímica Rio Branco tem seu topônimo mudado para Arcoverde, em homenagem a D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, 1º. Cardeal do Brasil e da América Latina. Isto se deu pelo Decreto-Lei Estadual n. 952, de 31 de dezembro daquele ano de 1943, assinado por Júlio Celso de Albuquerque Belo, presidente da Câmara Estadual, titular do governo estadual na ocasião.



Ainda se pode ver na velha estação o nome BARÃO DO RIO BRANCO que foi substituído
por ARCOVERDE (foto: Pedro Salviano Filho - em novembro de 2011)


Ainda sobre a Great Western, existem muitas informações tanto nas bibliotecas como na web. Pela estante virtual adquirimos o livro “História de uma estrada-de-ferro do Nordeste”, de Estêvão Pinto do qual apresentamos as imagens dos diretores do tempo da chegada daquela empresa ao nosso município.



O superintendente A.T. Connor e David Simson, presidente da Great Western no período
de 1909 a 1913. Fotos do livro História de uma estrada-de-ferro no Nordeste.


No período de 1909 a 1913, que corresponde à administração A. T. Connor e à presidência de David Simson, prosseguiram os trabalhos ... da linha de Pesqueira, com a inauguração, em 1911, das estações de Ipanema e Mimoso, num percurso de trinta quilômetros e, logo no ano seguinte, com a de Barão do Rio Branco (anteriormente Olhos d´Água dos Bredos e hoje Arcoverde). Essa linha até Olhos d´Água dos Bredos constituía a primeira seção do prolongamento de Pesqueira a Flores.
Do livro «História de uma estrada-de-ferro no Nordeste. (Contribuição para o estudo da formação e desenvolvimento da EmpresaThe Great Western of Brazil Railway Company Limited e das suas relações com a economia do nordeste brasileiro)», de Estevão Pinto, Livraria José Olympio Editora, S. Paulo, 1949.

Cine Teatro Rio Branco


Pedro Salviano Filho
(Coluna Histórias da Região - Edição de Março/Abril de 2013 - Jornal de Arcoverde)




O cine teatro Rio Branco após sua primeira restauração que aconteceu em 1941, quando passou a dispor de um serviço de alto falantes para propaganda interna, e 500 cadeiras. Foto do livro ÍCONES – Patrimônio Cultural de Arcoverde, de Roberto Moraes, 2008, pág. 62


O cinema em Rio Branco teve início em 1917 por iniciativa de Augusto Cavalcanti ou Augusto Mouco como era mais conhecido. O historiador Luís Wilson o considera “o maior benfeitor, talvez, da cidadezinha de Rio Branco da sua época” (Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos, volume 1, de Luís Wilson, pág.363). Afinal foi ele quem proporcionou, em 1917, pela primeira vez, a luz elétrica, além do cinema. E a cidade o reverencia com nome de uma das suas ruas: http://bit.ly/12vRABX.


Mas quem foi mesmo esse Augusto Cavalcanti?



O Cel. Augusto (de Albuquerque) Cavalcanti (Augusto Mouco) e sua esposa Teodolina Freire, casados em 13 de novembro de 1919. Fotos do livro Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos, de Luís Wilson, 1978, pág. 365 e 367.



Para precisar mais informações sobre ele, encontramos no livro de Registro de Matrimônios do cartório de Registro Civil do município de Rio Branco http://bit.ly/15v6uvx alguns dados desconhecidos ou pouco divulgados: Augusto Cavalcanti de Albuquerque(filho de André Cavalcanti de Albuquerque e Maria Emília de Albuquerque Cavalcanti – na ocasião já falecida), nasceu em 1882, e seu novo casamento, como viúvo, aconteceu no dia 13 de novembro de 1919, na Fazenda Tamboril, tendo como testemunhas os majores Tito Magalhães da Silva Porto e Joaquim de Albuquerque Cavalcanti Filho. Então com 37 anos de idade, casava-se com Teodolina Freire, solteira de 17 anos, filha do já falecido Antônio Freire e de Maria Pacifica de Souza Freire. Neste documento ficou declarado que todos os seus bens passavam para o casal, com exceção de uma parte da Usina Maria das Mercês (município do Cabo-PE) que, após sua morte, ficaria para suas sobrinhas solteiras.

O historiador Luís Wilson registrou no já citado livro, sobre Augusto Cavalcanti: “Falecido aos 45 ou 50 anos de idade, em 1921, no Recife, para onde viajara doente de Rio Branco, acompanhado do seu primo e velho amigo Dr. Leonardo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti. Conta-se que foi envenenado depois que ingeriu, em casa, certa porção de cerveja, com algum alimento, dado por uma pessoa da família da moça bonita (dizem que a moça mais bonita que viveu naquele mundo). O velho apaixonou-se perdidamente e com ela se casou. Confrontando os dados do registro, ele deveria ter em torno de 39 anos quando morreu.Como curiosidade, encontra-se no mencionado livro de matrimônios, no dia 25 de agosto de 1917, na mesma residência no Tamboril, o casamento de sua irmã Teonila Freire, de 21 anos de idade, com João Santa Cruz. Anexo ao registro um documento http://bit.ly/11rFMhJ, Certidão com ação de desquite, “já que Teonila Freire Santa Cruz entregou-se a prática de atos deponentes com vários indivíduos, inclusive José Mariano da Silva e que, por ciúme a sua esposa resolveu assassinar este. 12 de maio de 1941.”No Diário Oficial de abril de 1946 (Seção I 5458): "Teonila Freire Santa Cruz já cumpriu mais de 6 anos e 3 meses da pena de 24 anos de reclusão...".Teolina e Teodolina também eram irmãs de Teodomira, Teodoreto, Teódulo, Teobaldo, Teoplisto, Teófilo e Teopompo Freire, como vimos, filhos do Antônio Freire (irmão de Severiano José Freire, de Ildefonso Freire etc. mais nomes de ruas de Arcoverde).
Com Teodolina teve um filho, André (http://bit.ly/13PxRjA), mas, porém, antes de chegar a Rio Branco, em 1915 ou 1916, como revela Luís Wilson, teve mais filhos: “Não sei se Augusto Cavalcanti deixou filhos com a alemã com a qual casou no Rio de Janeiro, tendo deixado de Teodolina um único filho (André), e com Francisca Josefa Maia... quatro filhos, criados pelos irmãos do coronel”... Já Teodolina casou, em segunda núpcia, com João Falcão e teve três filhos; e em terceira núpcia, com o cônsul do Uruguai,Antônio Melo Barreto (Roteiro de Velhos e Grandes Sertanejos. Vol. 3, Luís Wilson, pág. 1292).
O seu pai, André Cavalcanti de Albuquerque, nasceu em 1845. “Vivia já em Ipojuca [município no litoral], licenciado da Magistratura, quando veio a República e, por influência de D. Joaquim Arcoverde, naquela época Bispo do Rio de Janeiro (em 11 de dezembro de 1905 foi escolhido Cardeal Presbítero da Santa Igreja Católica Apostólica Romana), foi nomeado por Prudente de Morais, chefe da polícia da capital.Quando Campos Sales subiu ao poder, sendo indicado Sampaio Ferraz para a Chefia de Polícia, ainda por iniciativa de D. Joaquim, foi nomeado André Cavalcanti para a primeira vaga do Supremo Tribunal Federal”,conta-nos Luís Wilson.
O português Pantaleão de Siqueira Barbosa nasceu em 1716, chegou a Pernambuco em 1739 falecendo em 1785 (Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Luís Wilson, 1982, pág. 42).Teve seis filhos, o último deles Joaquim Inácio de Siqueira Barbosa que, casado com Maria de Jesus Bezerra Cavalcanti, tiveram 20 filhos ("Os 20 de Pesqueira"). Um dos filhos era José Camelo Pessoa de Siqueira Cavalcanti, pai do Ministro André Cavalcanti. Cita-se que José Camelo Pessoa de Siqueira Cavalcanti casou-se com Maria da Penha Cavalcanti, irmã de Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque Arcoverde, tornando-se pai do capitão Budá e avô do Cardeal Arcoverde.
O coronel Augusto Cavalcanti chegou a Rio Branco em 1915. “Em 1917, graças ao dinamismo e operosidade do Sr. Augusto Cavalcanti, é fundado o serviço de Iluminação Pública e Particular por eletricidade, realizando-se, assim, a concretização de um sonho por todos almejado, e um passo a mais no caminho do futuro” (O Município de Arcoverde – Teófanes Chaves Ribeiro, 1961: http://bit.ly/of9Jn6 pág. 3)
Os primeiros cinemas de Pernambuco começaram a funcionar em Recife: em 27 de julho de 1909, o “Pathé”, na Rua Barão de Vitória (Rua Nova), nº 45. Apareceriam depois o “Royal”, também na Rua Nova (dia 6 de novembro), o “Helvética”, na Rua da Imperatriz (março de 1910), o “Moderno” (1913)...
Em 1913 os cinemas já começavam a funcionar no interior: Palmares, Caruaru, Bezerros, Gravatá, Jaboatão, Barreiros, Garanhuns etc., como nos mostra o jornal A PROVÍNCIA.



Um cine-theatro Rio Branco também funcionou em Caruaru, naquela época.


O Cel. Augusto Cavalcanti era o proprietário da obra e encarregou Antônio Napoleão Pacheco de Albuquerque da administração e da construção do referido cine teatro que foi inaugurado numa sexta feira, dia 18 de maio de 1917 (Muirá Ubi. Arcoverde. Tradução, trajetória e talentos, Roberto Moraes, pág. 52). Naquele dia os filmes anunciados para Recife eram:








Em 1919, o dono do cineteatro Rio Branco recebe a visita do seu pai, o ministro do Supremo Tribunal Federal André Cavalcanti http://bit.ly/11WU2jJ. “Foi para receber o pai que o Coronel mandou construir [em 1918] uma de nossas mais belas casas de residência, algum tempo depois vizinha à feira de gado do Tamboril e onde esteve entre os anos de 1932 e 1936, em Rio Branco, as Obras Contra Secas.” (Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. Luís Wilson, 1982, pág. 93).
Um movimento para a emancipação de Rio Branco do município de Pesqueira já estava se estabelecendo. “Assim, a começar do ano de 1919, uma plêiade de homens de boa vontade se movimenta, no sentido de emancipar o distrito, desligando-o e tornando-o independente. No cine local houve uma sessão muito agitada, tendo todos os presentes, que eram na sua maioria elementos do comércio, se comprometido a não mais pagar impostos ao município de Pesqueira. Jornais da capital do país publicaram notícias desse movimento emancipacionista, enviadas pelo então correspondente dos órgãos A NOITE e O JORNAL – Sr. Antônio Napoleão Arcoverde” (O Município de Arcoverde, 1961 – Teófanes Chaves Ribeiro, pág.4: http://bit.ly/of9Jn6 ).


Proprietários do Cine Rio Branco:


1917 - Cel. Augusto de Albuquerque Cavalcanti (Augusto Mouco).
1921 - Médico Dr. Leonardo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti.
1934 - José Cavalcanti de Araújo (Zezé de “seu” Santino).
1942 - Dentista Dr. Pedro de Albuquerque Pedrosa.
1957 - Químico industrial Prof. Nilson Magalhães de Oliveira
1978 - Henrique Napoleão Arcoverde
1998 - Centro de Apoio Comunitário de Arcoverde (CEACA)
2010 – Prefeitura Municipal de Arcoverde


Com a morte de Augusto Cavalcanti, o seu primo e velho amigo Dr. Leonardo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti passa a ser o novo proprietário do cineteatro, que o arrendou a Sebastião Bezerra (http://bit.ly/oBR7Zf).
Os filmes exibidos, os atores, as séries, as companhias de teatro, o comportamento dos rio-branquenses no cinema, a preferência dos lugares, a animação dos filmes mudos pelo piano e flauta e tantos outros aspectos pitorescos estão bem registrados nos livros de Luís Wilson, alguns já citados aqui.
Foi no dia 23 de dezembro de 1934 que o cinema falado chegou ao Rio Branco. O exibido foi o filme musical inglês“Viena de Meus Amores” (Magic night), 1932 ,com Jack Buchanan (http://bit.ly/13FBZyV ) e Anna Neagle http://bit.ly/13FC7hD , e substituiu a anunciada comédia musical “O Meu Boi Morreu” (The Kid from Spain), de 1932, com Eddie Cantor e Lyda Roberti (http://bit.ly/13rUXZK ) .
Depois vieram as cores, novos sons e imagens, reformas etc. Na década de 30 tomou o nome de cine Globo por um período.
“O Cine Rio Branco era também teatro até 1938 ou 1940”. (Minha Cidade, Minha Saudade – Luís Wilson, 1972, pág. 269).
Somente em 1º de junho de 1947 é que foi inaugurado o Cine Bandeirante (Cine Bandeirante. Histórias que o vento não levou. Fernando Figueiredo. 2012, pág. 23), quando o Cine Rio Branco já tinha completado suas três décadas.
Esta coluna, que teve seu início em 2009, com um texto “Memória do rádio” (http://bit.ly/13G1vUw), retoma o assunto CINEMA para acrescentar mais esclarecimentos, especialmente algumas compilações do importante historiador arcoverdense Luís Wilson, que tanta dedicação demonstrou nos seus livros ao “meu cine Rio Branco”, como ele costumava dizer.
Vale lembrar que, com o proprietário Nilson Magalhães de Oliveira http://bit.ly/ZXpU4O tivemos pela primeira vez um CINEMA DE ARTE em Arcoverde, numa parceria de sucesso com o programa da RÁDIO BANDEIRANTE DE ARCOVERDE (depois Rádio Cardeal Arcoverde) CINEMA NO RÁDIO. Uma edição deste programa (de 27-2-1966) pode ser escutada em http://bit.ly/4wAq4F. No livro Baboseiras, de Waldemar Arcoverde, 1991, pág. 111 a 114, alguns comentários para aquele programa radiofônico. O Cinema de Arte funcionava nas manhãs dos domingos. Panfletos com a ficha técnica e a avaliação artística de “filmes de arte”, selecionados pela crítica, eram distribuídos na entrada do cinema e os espectadores apoiaram a iniciativa por um bom tempo.Nos anos 60 funcionavam três cinemas na cidade: A atual reestruturação desta especial casa de espetáculos permite que o Cine Teatro Rio Branco continue sendo o mais idoso (em funcionamento) da América Latina e, ao mesmo tempo, vem torná-lo um dos mais modernos, inclusive mantendo o seu perfil inicial de também apresentar peças de teatro, resgatando o grande carinho que seus espectadores sempre lhes dedicaram.

As irmãs do Cardeal Arcoverde

Por: Pedro Salviano Filho
(Coluna Histórias da Região - Edição de Maio/Junho de 2013 - Jornal de Arcoverde)


Na edição 261 do Jornal de Arcoverde e nesta coluna (2011) http://bit.ly/qFsDr8 , foram citados todos os 9 filhos do casal Antônio de Albuquerque Cavalcanti (Capitão Budá) e sua esposa Marcolina Dorothéa Pacheco do Couto. Agora retomo o assunto para focar no tempo, os anos 1915 a 1920 (quase um século) e apresentar fatos pitorescos relacionados às irmãs do Cardeal Arcoverde.
Quem eram elas?
Tereza Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti nasceu em10-07-1853, casou com o desembargador Francisco Domingos Ribeiro Viana. Ana Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, nascida em 7-6-1858, casou com seu tio materno Tte. Cel. Veríssimo José do Couto . Até 1945 vivia num convento no Rio. Maria Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti nasceu em 13-12-1864 e faleceu em 21-7-1942. Casou com o cap. Antonio José Pires, já viúvo, con-senhor do engenho Bom Sucesso, em Gameleira. (Gente de Pernambuco, vol. 3 – 2000. Orlando Cavalcanti, pág. 66).
Nessa época atuou na igreja matriz da então Rio Branco o vigário João Ignácio de Albuquerque que foi pároco na matriz de Buíque até março de 1915 (http://bit.ly/17e29i6) . E o município de Buíque lhe prestou uma homenagem com a nomeação da Escola Vigário João Inácio http://bit.ly/11hP9Dt e de uma praça.
Nas memórias do senador Victorino Freire é que encontramos os personagens que envolvem o Cardeal, suas irmãs e o vigário João Inácio. Victorino, filho de Victorino José Freire e Anna de Britto Freire, nasceu 28-11-1908, na fazenda Laje da Raposa, Pedra-PE, passou sua infância, até 1917, em Rio Branco (hoje Arcoverde) e faleceu no dia 27-8-1977. Do seu livro A Laje da Raposa. Memórias. Victorino Freire, 1978, é que apresentamos o texto a seguir.


«Por ocasião da nomeação de Joaquim Arcoverde para o cardinalato, sua visita ao Recife, já então como Cardeal, foi uma festa. O assunto em voga era a presença do Cardeal Arcoverde em sua terra natal, e diversas pessoas de vários lugares do estado foram para a capital render-lhe homenagens.
Suas irmãs, como não poderia deixar de ser, também foram vê-lo no Recife, ocorrendo ai um incidente com uma delas que é bem uma mostra do sangue quente da família Arcoverde.
Como o fato do dia era a estada do Cardeal em Pernambuco, as pessoas quando se encontravam perguntavam umas às outras se já haviam ido visitá-lo.
Certo dia, vinha Dona Maria num bonde, sentada ao lado de um passageiro que, inadvertidamente, tinha dois botões da braguilha abertos. Ignorando que sua vizinha de banco era irmã do Cardeal, e querendo puxar conversa o sujeito perguntou:
— Então, a senhora já viu o Cardeal?
A velha, sem nem mesmo olhar para o lado, interpretando a pergunta como uma grosseira intimidade, respondeu-lhe secamente:
— Não vi, não quero ver, e é melhor que o senhor se abotoe!
Dona Maria, Dona Kalu e Dona Tereza, que moravam no interior andavam sempre juntas, em companhia de uma prima, Dona Branca. Eram figuras conhecidas devido à família a que pertenciam e muito especialmente por serem irmãs do Cardeal. As velhas eram respeitadas e temidas pelo povo do município, em razão do gênio violento e explosivo que as caracterizava.
Todos os assuntos da redondeza, desde os casos de família até problemas políticos locais, eram manipulados pelas três velhas que metiam e davam palpite em tudo.
Por serem muito religiosas, promoviam quermesses, arraiais e procissões, e até mesmo as horas em que as missas seriam rezadas eram determinadas por elas. Sob o comando das quatro, já que Dona Branca também dava seus palpites, a vida corria sem maiores problemas, até um padre da cidade de Buíque veio para Olho-d'Água dos Bredos a fim de assumir a paróquia interinamente, em virtude de o padre titular haver adoecido.
O Padre João Inácio, o interino, era um pároco de voz fanhosa, muito autoritário, renitente mal-educado, e muito pouco disposto a permitir que qualquer pessoa se intrometesse em seus deveres paroquiais. Como as velhas se consideravam as donas de todos os movimentos religiosos da cidade, o choque não demorou a acontecer.
Quando o Padre João Inácio assumiu, a igreja estava em obras e todas as suas imagens, alfaias, castiçais e objetos diversos tinham sido levados para um depósito, onde ficaram guardados. Concluídas as obras colocou-se tudo outra vez na igreja. As velhas irmãs do cardeal tinham dado de presente para a imagem de São Sebastião um colar de ouro de meio metro de comprimento, que na confusão da mudança acabou tendo paradeiro desconhecido.
Dando pela falta do colar, as velhas se enfureceram e passaram a por em dúvida a honorabilidade do padre, culpando-o pelo desaparecimento do colar. A reação do padre não se fez por esperar: no primeiro sermão dirigindo-se aos fiéis, o padre atacou:
— Anda por aí uma conversinha de ponta de rua, inventada por certas pessoas, dizendo que desapareceu um colar de ouro da imagem de São Sebastião durante as obras da igreja. Ora, quando eu cheguei aqui São Sebastião não tinha nem ao menos uma corda para se enforcar, quanto mais um colar de ouro!
Foi a declaração de guerra às velhas! Pela violência e determinação do padre de enfrentá-las, sentiram logo que iriam ter sérios problemas com ele. A primeira coisa a fazer era tentar remover o padre de Olho d'Água dos Bredos. Para tanto, fizeram uma carta ao Cardeal relatando os termos do sermão, insinuando que havia um padre louco na paróquia.
Em resposta, o Cardeal mandou uma carta ao padre repreendendo-o severamente e ameaçando removê-lo. As velhas espalharam pela cidade a notícia da carta do Cardeal, e o padre não teve outro remédio a não ser esperar o momento da desforra, o que não demorou a acontecer, quando das festas do mês de maio.
Todos os anos, em maio, mês dedicado à Virgem Maria, as senhoras das famílias tradicionais da cidade promoviam festas e quermesses, sob a orientação das velhas, enfeitando as imagens com flores e iluminando a igreja com velas e candeeiros de carbureto. Cada dia do mês era reservado a uma família determinada, que ficava responsável pela organização das homenagens a Nossa Senhora.
Do lado de fora da igreja ficavam as barraquinhas com comidas típicas, diversões e pequenos jogos, cuja renda revertia em favor da paróquia. Havia na festa um jogo que consistia numa pequena roleta, provida de vários números correspondentes a diversos animais, chamado caipira.
Certo dia, entrando na igreja, o Padre João Inácio viu um neto da velha Kalu jogando caipira. Ao invés de chamar a atenção do garoto, o que seria normal, pois o jogo era vedado aos menores, o padre observou a cena e entrou silenciosamente na igreja.
Na hora da missa, durante o sermão, o padre dirigiu-se à velha perguntando-lhe:
— Dona Kalu, como é que a senhora permite que seu neto, de nove anos apenas, que ainda nem ao menos persignar-se sabe, fique por aí jogando no burro, no porco, no cavalo, e em outros animais, em vez de estar estudando? Por que a senhora não faz uma carta ao Cardeal contando isso também?
A velha respondeu em altos brados, e começou aí uma discussão. Mas havia chegado a vez do padre...
Desta feita foi o próprio pároco quem escreveu ao Cardeal contando o fato. O Cardeal fez uma carta enérgica às velhas que resolveram tomar satisfações com o padre. Dona Ana, no entanto, a mais serena e equilibrada, reuniu as irmãs e, com medo de fazer a situação se agravar mais ainda, deu o caso por encerrado.
Um belo dia, já muito velha, faleceu Dona Kalu. O que foi motivo de tristeza para as demais irmãs foi razão de alegria para o Padre João Inácio. Pelo menos era uma irmã do Cardeal a menos para criar-lhe problemas.
O enterro de Kalu deveria ser às 10 horas da manhã, no cemitério ao lado da igreja, mas como o calor estava muito forte, resolveram transferí-lo para as quatro horas da tarde. Entretanto, todos os serviços funerários foram realizados pela manhã, tendo o próprio Padre João Inácio rezado a missa de corpo presente.
Pouco antes da hora do sepultamento, Dona Belmira resolveu mandar chamar o Padre Inácio para benzer novamente Dona Kalu. O padre indignado recusou-se, alegando que Dona Kalu já estava benta desde cedo e, além do mais, ela ficasse despreocupada, pois sendo Dona Kalu irmã do Cardeal iria tranquilamente para o céu, com tripa e tudo!
Dona Belmira danou-se e enviou, incontinenti, carta ao cardeal onde dizia:
“Joaquim, como você sabe, Kalu morreu. O Padre João Inácio celebrou a missa de corpo presente, mas estava com um semblante tão alegre que nossa impressão é que ele encomendou Kalu mal, e assim seria bom que você a encomendasse diretamente daí, para nossa tranquilidade.”
Se dependesse do Padre João Inácio, Dona Kalu seria encomendada diretamente para o inferno...
Nas novenas de maio, depois das ladainhas à Nossa Senhora, havia um momento em que as pessoas levavam os seus oferecimentos aos santos. Dedicavam Padre-Nossos, Ave-Marias e Salve-Rainhas e faziam os seus pedidos, englobando todos os seus desejos e problemas, o que tornava suas orações muito peculiares.
Dona Belmira criava uma menina, chamada Agda, que ainda não tinha quatorze anos feitos e andava de namoro com um moleque cujo nome era Ruba. Cada vez que Agda era encontrada com Ruba, a palmatória funcionava. Mas, apesar dos castigos e punições, o namoro continuava. Dona Belmira resolveu então apelar aos seus santos, para ver se eles a ajudavam a resolver o problema, com a seguinte oração:
”Um Padre-Nosso e uma Ave-Maria em intenção de Nossa Senhora do Livramento, para que ilumine Joaquim – o Cardeal – no seu sagrado ministério; um Padre-Nosso, uma Ave-Maria e uma Salve-Rainha em intenção das almas aflitas do purgatório e de nossos parentes, de quatrocentos anos para cá, que mataram em defesa própria, de alguém, ou sem qualquer motivo; um Padre-Nosso e uma Ave-Maria em intenção do mártir São Sebastião, para que nos livre da peste, fome, guerra, morte repentina, dentada de lacrau, coice de égua parida, chifrada de novilho marruá e que Agda deixe de namorar Ruba, o que eu duvidô-ô-ô...”
A quem perguntava por que motivo duvidava do santo, Dona Belmira explicava que já vinha alertando-o para o fato há muito tempo, mas o santo não agia!... .»



Pintura de José Ferraz de Almeida Junior, de 1897, do então arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.http://bit.ly/16shs2L



Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, mais conhecido como Cardeal Arcoverde (Cimbres, 17 de janeiro de 1850 — Rio de Janeiro, 18 de abril de 1930). No dia 11 de dezembro de 1905 tornou-se o primeiro cardeal do Brasil e da América Latina. No ano seguinte esteve em Recife onde recebeu intensa acolhida.



Vigário João Ignácio de Albuquerque, primeiro prefeito republicano de Buíque 1892 a 1895 (e também de 1901 a 1904). No livro «Infância» de Graciliano Ramos: "Padre João Inácio não sabia falar conosco, sorrir, brincar — e as nossas almas se fecharam para ele. Em Padre João Inácio, homem de ações admiráveis, só percebíamos dureza."

 

BAÚ DE ESTÓRIAS QUE O POVO CONTA









NOÉ NUNES FERRAZ (NOÉ DO BAR)
Noé Nunes Ferraz, o Noé do Bar e Sorveteria Confiança, localizada na Avenida Coronel Antônio Japiassú, na terra do Cardeal Arcoverde.
O seu Noé das calças frouxas e suspensório, meio gordo, olhos muito vivos, alegre, irreverente, da gravata borboleta sem laço, do cinturão largo e alpargatas de rabiço, inteligente e muito espirituoso, sempre com uma camisa de malha, calças escuras bem largas e u molho bem grande de chaves preso a um cinturão tala largas de couro. Ninguém em Arcoverde foi mais original e popular do que ele. O Noé, chamados pelos viajantes, da época, filósofos das legendas de paredes, por causa dos pensamentos que escrevia nas quatro paredes de seu estabelecimento comercial. Seus ditos, sua maneira de ser, e principalmente, o seu bar, que tinha nas paredes as recordações de todos que viveram à sua época.
Figura singularíssima popular, simpático, conversador e comunicativo, é muito difícil dissociar a figura de Noé do seu universo, ou seja, do seu bar. Ele não tinha outra diversão, atividade ou preocupação que não fosse o seu estabelecimento: O Bar e Sorveteria Confiança , visinho do seu concorrente Mário Caboré, proprietário do Ponto Certo.
Motivado pelos inúmeros causos acontecidos envolvendo sua pessoa, ainda hoje é figura muito lembrada na cidade, o qual trouxe grande parcela para o enriquecimento do folclore Arcoverdense. Mesmo sem ligar para política ou para qualquer tipo de movimento, ele à sua maneira foi um filósofo, um cara que sabia das coisa. Muitas da suas opiniões estavam escritas nas paredes do bar. Essas inscrições tomavam todas as paredes até quase a cumeeira e era uma das maiores características do bar e comentadas em todo o Estado de Pernambuco.

ALGUMAS DAS INSCRIÇÕES
“QUANDO EU COMPRAR UMA FIRMA COM TÍTULO DESCONTADO, EU SABENDO, PREFIRO MORRER ENFORCADO”.
“BOBAGE DISSE À RAINHA: BRICADEIRA É UMA SÓ VEZ. EU DIGO: BRICADEIRA DEMORADA É UM PERIGO DANADO”.
“SE BEBE PARA ESQUECER, PAGUE ANTES DE BEBER”.
“AS TRÊS COISAS MAIS FÁCEIS QUE EU ACHEI: PROMETÊ E NÃO CUMPRIR, DÁ JEITO NOS NEGÓCIOS DOS OUTROS E MANDAR LEMBRANÇA”.
“AQUI NÃO GUARDO AVES E MUITO MENOS GALINHAS OU DA FAMÍLIA”.
“ HÁ ENTRE O HOMEM E O TEMPO CONSEQUÊNCIAS BEM FATAIS. O TEMPO FAZ E NÃO DIZ, O HOMEM DIZ E NÃO FAZ. O HOMEM NEM TRÁS NEM LEVA E O TEMPO LEVA E TRÁS”.
“MORRE A MULHER FICA A SAIA, SECA A MARÉ, FICA A PRAIA, BOI MORTO NÃO SE LEVANTA, QUEM NÃO NASCEU PRA CANTÁ, MORRE DANADO E NÃO CANTA”.
“ A MEDIDA DE PREVENI NÃO TEM COMPARAÇÃO COM A DE REMEDIAR. É MELHOR COM PENA SENTIR DO QUE SEM REMÉDIO CHORAR. VÊ LÁ! COMO ENVELHECER ACHANDO BOM, NOÉ SABE”.
“NO MUNDO VENCE OS QUE TEM CALMA E FRACASSAM OS VIOLENTOS OU QUE DESESPERAM ANTES DO TEMPO. FOI ASSIM QUE HITLER PERDEU E CHURCHIL GANHOU MAIS FOI A GUERRA”.
“O PAI QUE NÃO FAIS SEUS FILHOS CHORÁ EM PEQUENO, CHORA POR ELES. SEPOIS QUE FAZ TODOS OS GOSTOS A ELES, TEM DESGOSTO POR ELES, E QUEM NÃO FAZ ELES TRABALHAR. TEM TRABALHO POR ELES E MAIS! E MAIS!”
“A PRIMEIRA DE 1964: SE O AMOR DA MULHER NÃO VENCE O HOMEM JÁ NÃO TEM OUTRO PUDER”.
“VIVER TODO O MUNDO SABE, MAS SÓ DEUS SABE COMO VIVER SOFRENDO. NÃO É VIVER QUE EU QUERO VER. E VIVER GOZANDO, E BRINCANDO, E A CANTANDO. ISSO É QUE ME TEM DADO TRABALHO APRENDER”.
“COM GEITO SE ARRANJA TUDO, COM JEITO TUDO DE FAZ, COM JEITO SE LEVA O MUNDO, COM GEITO TUDO É CAPAZ, QUEM NÃO SABE FAZER ISTO, TEM QUE SOFRER DEMAIS”.
“QUEM NASCEU E VIVEU SEM OS CARINHOS DE UMA MULHER QUERIDA, PODE DIZER QUE NASCEU E VIVEU NAS TREVAS, SEM CONHECER O MAIOR PRAZER DA VIDA”.

FRASES QUE NOÉ COLOCAVA NO SERVIÇO DE PROPAGANDA DE ALTO-FALANTES BANDEIRANTE
“DEUS PROTEGE O INOCENTE QUE SE ESCONDE DO MALVADO E ATRAPALHA OS PROJETOS DO MAL INTENCIONADO”.
“BAR E SORVETERIA CONFIANÇA DE NOÉ NUNES FERRAZ”.
“”QUEM É NOÉ? – NÃO É O DA SOVERTERIA?”.
“NOÉ E COMO OS DOZE PARES DE FRANÇA, TEM SIDO EMITADO, MAS NUNCA IGUALADO”.
“QUEM DOMINOU COM PADADRIA 19 ANOS EM CUSTÓDIA?”.
“QUEM DOMINOU COM SECOS E MOLHADOS 27 ANOS EM SERRA TALHADA?”
“QUEM ESTÁ DOMINANDO HÁ 33 ANOS COM BAR, SORVETERIA E RESTAURANTE EM RIO BRANCO?”.
“NOÉ. NO BAR E SORVETERIA CONFIANÇA, VOCÊ ENCONTRARÁ OS MELHORES PETISCOS E TANTO COMPRA GÁS, CHARUTOS, CIGARROS, OVOS, CARAMLOS, CAVIAR, COCO, SABÃO, LÍNGUA DE ROUXINOL, MANGA DE CANDEEIRO, AZEITONA, MELHORAL, ALPAGATAS, GALINHA, AÇUCAR, LINGÜIÇA, COCADA, MEL DE ABELHA, BARBANTE E CABO DE VASSOURA, COMO ENTRE OUTROS GÊNEROS, ELIXIR SANATIVO. ESTAREMOS VENDENDO TAMBÉM LOGO MAIS, PAU DE CANGALHO”.
“É NOÉ SEMPRE O MESMO DE PAZ E DO AMOR! É NOÉ NUNES FERAZ”.
Mas foram os episódios divertidos que mais marcaram a sua vida e ficaram no nosso folclore e anedotário.
EPISÓDIOS E CAUSOS DO SEU NOÉ
“Certa vez uma dona muito chata entrou no bar e perguntou: “Tem ovos?” Ele respondeu sério: “Tem não senhora”. E a dona: “Deveria ter”. Noé em cima da bucha: “ De veria tem, a senhora quer?”
“Um cara comprou um picolé e encontrou dentro algo parecido com um pedaço de gravata borboleta que Noé usava. Foi reclamar. Cheio de direitos disse: “Olhe o que eu encontrei dentro de um picolé que comprei aqui, um pedaço de gravata”. Noé ouviu com atenção e mordaz respondeu: “E pelo preço que pagou você queria encontrar uma gravata inteira?”
“Esta, no meu entender, foi a que mais marcou o espírito crítico de Noé, a pessoa realista que Lee era. Logo depois do golpe de 1964, no auge do “pega-pra-capar”, estavam dois sujeitos discutindo no bar, um a favor da “redentora” e outro contra. Noé só ouvindo. Como não chegaram a um acordo, eles pediram a opinião de Noé. Ele foi taxativo: “ Se a comida é essa, para que engulhar?”
“A campanha política de Napoleão X Cursino, foi uma guerra. Dividiu a cidade. Noé, como era do seu feitio, não tomou partido. Mas não pode se furtar a um comentário seco, sério e definitivo sobre os dois candidatos: “ Um não fala com ninguém (Cursino) e o outro a gente não pode falar com ele (Napoleão)”.
“uma noite, algum tempo antes do dia que morreu, Milton (filho de seu Vicente Gomes, esta último dono de um armazém de compra de feijão, milho e mamona em Rio Branco, vizinho à “Sertaneja” de seu Manoel Novais), passou pelo Bar e Sorveteria Confiança e estava Noé cochilando, sentado numa cadeira na calçada. “Ai não é”, disse Milton, e continuou em seu caminho para o cinema. “È meu velho amigo”, respondeu Noé no mesmo instante, abrindo os olhos e continuando a cochilar na maior paz do mundo. Pode me chamar de “não é” que eu hoje estou velho e velho não é mesmo de nada”.
“Noé era maluco por buchada. Sobre essa sua preferência conta Luiz Cristóvão no prefácio do clássico “Minha Cidade, minha saudade” de Luiz Wilson, obra importante e definitiva da história arcoverdense: Um dia um rapaz foi ao Bar de seu Noé ( Noé era, àquele tempo, delegado de polícia de Rio Branco) queixar-se de que haviam roubado um carneiro do quintal de sua casa na Rua do Quipá. Como era esse carneiro; meu filho? O maturo estão com a esperança lampejando no olhos, pintou o animal com riqueza de detalhes: Ah! “seu” Noé, era um baita carneiro, capado e gordo, com as mãos pretas e uma mancha na testa. Dava gosto ver o bicho!
O velho se levantou da cadeira em que estava sentado, sungou as calças e foi a calçada do bar, para onde chamou o rapaz dizendo-lhe “na maior inocência do mundo”, a um canto de uma janela da casa de Antônio: “Meu filho, com esse carneiro eu não posso bulir, porque já fui chamado para comer a “buchada” dele amanhã. Volte para casa tranqüilo e não fale coisa alguma a ninguém. Se roubarem outro carneiro o senhor venha me dizer e aí você não pode imaginar o que eu vou fazer com o ladrão”.
“Noé já meio idoso, romântico e solitário, mas ainda se sentindo com bastante vigor, quis afogar a solidão com uma mulher bem mais jovem do que ele, com quem viveu maritalmente vários anos, mantendo-a numa rua bem afastada de seu estabelecimento comercial. Repetidas vezes, ao sair ou ao chegar na casa de sua jovem amante, notava nas proximidades da residência, a presença de um rapaz jovem, tipo almofadinha e olhava-o com desconfiança. Posteriormente certificou-se tratar-se de um ursinho, mimado carinhosamente pela sexualidade erótica e extasiante de sua jovem amante o que lhe deixou devera contrariado. Entretanto, Noé não era o tipo de homem que briga por mulher nenhuma. Muito pelo contrario, era um verdadeiro filósofo, resolveria tudo nos ditames das filosofia. Certo dia inesperadamente, encontrou-se com o dito cujo, e cumprimentou-o amavelmente, deixando o ursinho surpreso. Noé deu as cartas e jogou de mão. “Bom dia, meu jovem urso”. E prosseguiu: “ Trabalhe muito, ganhe bastante dinheiro para quando estiver da minha idade poder sustentar mulher para os ursos da via, como eu faço agora”. Rindo deixou o urso pasmado e foi embora”.
Hoje ele é nome de rua. È pouco, mas já é alguma coisa. A homenagem maior teria sido impedir a demolição do seu bar. Mas a nossa indiferença ante a voracidade do progresso é mais forte.
São muitas as estórias que contam de Noé, em Rio Branco, hoje como Arcoverde.
Finalmente, como dizia Guimarães Rosa: “ Há pessoas que não morrem, se encantam”, Noé foi uma delas.

 

BAÚ DE ESTÓRIAS QUE O POVO CONTA DE ARCOVERDE




"CASA SALVIO NAPOLEAO"  MÁRIO CABORE
"Seu" Sálvio (o Cap. Salvio Napoleão Arcoverde), neto de um dos irmãos do Cap. Budá, chegou a Rio Branco, procedente da velha Conceição da Pedra, a 2 de janeiro de 1912, onde se estabeleceu com uma casa de comércio.
Arcoverde (cujo município tem de superfície, pelos antigos limites do distrito, 417 quilômetros quadrados, ou 498 pelos fixados na Lei 2078, de 07 de agosto de 1930), no fim do século passado já era, talvez, uma cidadezinha de "mascate", "vocábulo de origem asiática que é o nome de uma cidade do golfo de Oman, naturalmente tomado para designar o mercador ambulante entre nós, alguns mouros daquela procedência, que apareceram na Colônia, vendendo as suas mercadorias pelas ruas e povoados". Já no alvorecer do século XVII comprova-se no país, segundo o autor dos "Diálogos e Grandezas do Brasil", a procedência de árabes de Mascate.
O qualificativo estendeu-se, concomitantemente, na Colônia, aos portugueses em geral, como designação depreciativa, vindo daí a de-nominação histórica de "Guerra dos Mascates", dada ao movimento emancipacionista de 1710, "em alusão à tenaz oposição que fizeram os portugueses àquela justa e legítima aspiração dos pernambucanos". "Mascate" passou, depois, a designar todos os comerciantes, tanto o português como o brasileiro, e tanto o ambulante como o estabelecido, que na maioria das vezes também mascateava, ou mandava mascatear.
"Seu" Silvio, filho de Antônio Napoleão de Siqueira e Teresa Bezerra Cavalcanti (Bezerra  Cavalcanti, de Pesqueira e de toda aquela região, é uma abreviatura de Bezerra Cavalcanti de Albuquerque, Orlando Cavalcanti, "Famílias do Nordeste", "Diário de Pernambuco" de 10.01.71, 3° Caderno), antes de ir para Rio Branco, em 1912, era dono de um pequeno sítio, na Pedra, onde dava duro.
Dona Almerinda, sua esposa, era agente do Correio, em uma casa na rua do Jatobá. A Agência mudou-se depois para a rua das Lombrigas.
Antônio Napoleão, o filho mais velho do casal, fazia o serviço da Agência, ou ajudava dona Almerinda e, com uma calça de brim "0zford-Caioelo" (da Fábrica Paulista), frequentava a Escola do prof. Brasiliano da Costa Lima, pai do "Marechal" Osvaldo Lima, do ex-deputado Luis de França, do Dr. José Donino e de outros filhos. O professor Brasiliano da Costa Lima (filho de Francisco da Costa Lima, um dos chefes políticos de Igaraçu, ou de outra cidade daquele mundo, no século passado), em cuja Escola, com uma palmatória reforçada em cima da mesa, estudaram, além de Napolcão, Maninho (Demócrito Japyassu), Dedé, Jorge e Joca Neiva (filhos do major Noiva, Inspetor do Telégrafo) e muitos outros alunos, ensinou, na Pedra, 21 anos, e sua esposa, dona Amália, 18 anos. Ali, tenho a impressão de que nasceram todos os filhos do casal, com exceção do "Marechal", largado pela Cegonha, em Igaraçu, a 25.5.1894.
Dona Amália, com um "Chernoviz", em casa, atendia também à matutada quando adoecia ou era mordida por cobra. Não havia médico em toda a redondeza, exceto em Pesqueira, onde clinicava o Dr. Diniz Passos, e mais tarde, em 1912, ainda também em Pesqueira, o Dr. Lídio Paraíba.
O Dr. Luis Coelho só viria clinicar, em Rio Branco, logo depois de formado, em 1920 ou 1921. Freire Filho, nascido no antigo Olho d'Água dos Bredos, parece que só veio, na realidade, ficar em Rio Branco e fazer clínica depois de 1937, quando ali apareceu representando uma nova marca de aguardente, a Cana Vita, alias, excelente, na opinião do meu amigo Altamiro Amaro, que a consumia em larga escala, no Bar e Sorveteria Confiança, de "seu" Noé. Antes disto, o Dr. Freire, que depois seria prefeito do Município, aparecia na "cidade", passava seis meses ou um ano, e ia embora. Era proprietário dos terrenos do atual Campo da Sementeira, que vendeu cie Estado há muitos anos.
No mesmo ano em que chegou a Rio Branco, em 1912, estabeleceu-se Sálvio com uma casa de tecidos. A loja foi, a mais antiga do município. Não creio que exista outra da mesma época, em todo aquele mundo. Subsistiu à grande crise de 1929 e vem subsistindo a tudo. Subsistiu, inclusive, ao saudoso Mário Caboré.
Quando, entre os anos de 1926 e de 1928 ou 29, Antônio Napoleão foi tentar a vida no Recife. Caboré ficou na frente do negócio. Caboré, que era o cão em pintura de gente, danou-se a namorar e a mandar buscar cortes de fazendas caras, no Recife, para presentear as namoradas. O velho Mário quase que atola o "time"...
Em minha época de estudante de Medicina e, mesmo por muitos anos, depois de formado, sempre que eu ia a Rio Branco, conversando até altas horas da noite em uma das esquinas de um beco da cidadezinha, Cabore gostava de assoviar "Luar do Sertão", velha modinha conhecida e admirada em todo o mundo, e interpretada, entre outros famosos cantores, por Tito Schipa, Alfonso Ortiz Tirado e Gabriela Benzansoni. Contam que Catulo a cantou, certa ocasião, para Ruy Barbosa e ele comoveu-se até as lágrimas.
"Oh, que saudades do luar da minha terra, lá na serra branquejando folhas secas pelo chão! Este luar cá da cidade, tão escuro, não tem aquela saudade do luar lá do sertão"...
Até o ano de 1924 o nome da "Casa Salvio Napolcão" era "O Amigo do Matuto". No frontão da loja, lá no alto, Antônio Napoleão pintou 3 ou 4 burros como se fossem no rumo de Vila Bela. Um almocreve os tangia com um buranhém.
Em outra época, os trilhos da Great Western foram o grande fator de progresso e civilização do sertão, onde viajar antes era, na realidade, uma aventura e os meios de condução eram o burro, o cavalo, o carro do boi, a rede e, às vezes, uma diligência.
















FLORISMUNDO JOSÉ DE OLIVEIRA, Farmacêutico



Farmacêutico Prático, autorizado pelo CRF, proprietário e responsável farmacêutico da Pharmacia Oswaldo Cruz, Av. Antonio Japiassú, Arcoverde-PE. Nascido em Alagoas de Baixo (Sertânia,PE), em 10.06.1901 e falecido em Arcoverde em 04.04.1992. Calmo, paciente, bondoso, compreensivo. Pioneiro, possuiu durante anos, a única farmácia da cidade.

Florismundo José de Oliveira
TEXTO: A PARTIDA DE FLORISMUNDO

O meu livro "Baú de Arcoverde" contém muitas omissões. A maior delas é sem dúvida omitir, tanto na série "Nossa Gente" como no "Baú do Passado", a figura de Florismundo de Oliveira e da sua Pharmacia Oswaldo Cruz. Confesso que essa omissão se deu mais por incapacidade que por descaso. Tentei várias vezes escrever sobre o assunto, mas não consegui, achava que os textos estavam ruins, não faziam justiça ao que representava para Arcoverde a figura de "Sêo Floris" e da sua Farmácia. O fato é que quando olho para a capa do livro sempre me lembro de que ele está incompleto. Como é que se pode escrever sobre Arcoverde e omitir algo tão importante? Quando recebi a notícia da partida de "sêo Floris" tive o mesmo sentimento de quando fui notificado da partida de tia Izaura (esposa dele), do tio Nelson e da minha avó, dona Neném. É como se a gente entendesse que um ciclo se fechou, que uma pessoa muito querida partiu para outro estágio de vida. Sempre que recebo esse tipo de notícia me recordo de um livrinho que minha tia Izaura deu a meu pai, onde havia um título que nunca esqueci: "A morte não interrompe a vida". Acho que essa é a chave para a compreensão do fenômeno da morte física, a qual é apenas passagem para outro plano de vida. Eu sei mesmo que essa abordagem do assunto é muito superficial, mas é nisso que eu creio, e isso me basta. "Sêo Floris" foi uma figura simpaticíssima. Junto com a sua esposa, dona Izaura, formavam o casal mais tranqüilo e afinado que conheci.
Como era bonito vê-los! Que serenidade passavam! Que relacionamento bonito! Florismundo foi o exemplo de cidadão. Foi o grande cidadão de Arcoverde. Um cidadão completo: íntegro, honesto, trabalhador, educado gentil e solidário. Penso que ninguém nunca o viu com raiva, com um sentimento menor, se desentendendo com quem quer que fosse. A sua Farmácia, já se disse certa feita, era a ONU de Arcoverde. Sim, porque naquelas cadeiras sentavam pessoas de mais variadas tendências políticas e nunca discutiam. Ali reinava a paz, ninguém brigava, é como se aquele local fosse uma zona neutra que todos respeitavam, respeitando, sobretudo, aquele homem baixinho, sempre de gravata, com aqueles olhos de míope que lembravam um intelectual, mas com aquela simplicidade do nosso homem comum, com aquela educação fina, sempre mexendo naquelas fórmulas de remédios, mas sem se descuidar de atender ao balcão e conversar com os amigos. Todas as vezes que eu entrava na farmácia ele perguntava: "O que é, molóide? Já tá doente de novo?", e me despachava dois Filinasma e dois Asmac, sem esquecer de emendar: "Esses comprimidos não servem para nada, molóide". A posição política de "sêo Floris" sempre permaneceu secreta, nunca ninguém soube do seu partido. Certa vez, no antigo "Senadinho", um dos "senadores", me parece que Dadá de Cravo, afirmou que ele tinha jeito de quem formava no "time do lenço branco, do Brigadeiro", isto é, na UDN, mas foi só especulação. Já que os demais membros do "senado" ficaram calados, a posição dele permaneceu um mistério. Na minha opinião ele preferiu exercer a sua cidadania dando exemplo de cidadão correto, cumpridor dos seus deveres, homem de bem acima de quaisquer suspeitas. Se eu tivesse de apontar um exemplo de cidadão e de caráter em Arcoverde, não hesitaria em apontar Florismundo Oliveira.

Infelizmente, como tudo na vida terrena tem prazo certo, nada dura para sempre, ele se desfez da sua "Pharmacia", mudou-se para outra rua, ficou evidentemente mais velho, chegou aquele tempo que teve que descansar e curtir sua velhice. Porém, mesmo depois da partida da sua esposa, minha tia Izaura, ele esteve sempre lúcido e forte, sempre fazendo suas caminhadas, até que chegou o momento em que adoeceu e se encantou. Digo se encantou, parodiando Guimarães Rosa, porque pessoas como Florismundo não morrem, elas são tão íntegras e tão puras que mesmo em outro plano de vida ocntinuam nos acompanhando, quem sabe a esta hora ele não estará lendo estas mal-traçadas e, dando um pigarro, afirmando: "Esse molóide não tem jeito não, para que escrever essas coisas?". Simplesmente para tentar pagar um débito impagável junto ao senhor, "sêo Floris", personagem inesquecível do meu Arcoverde.

(Crônica do jornalista William Porto, transcrita do JORNAL DE ARCOVERDE - edição do dia 1o de junho de 1992)

Registro n. 00093, Janeiro 1963.



CRÔNICA: UMA CARTA AO MEU PAI

Meu pai,


Fui surpreendido esta semana com a triste manchete nos jornais: o super-homem morreu! Ora, há uma confusão enorme. O super-homem, ao que eu saiba, era um homem singelo; baixinho, de óculos e gravata. Plácido, soberbo, majestoso. Em minhas anotações, ele está lá. Não haveria inverdades nessas notícias apressadas? Fico preocupado. Mas Clark Kent não era reconhecido por ninguém ao simples fato de colocar óculos... É como ocorre com Dom Diego e Zorro! Admirável! Isso é genuinamente verossímil, embora inacreditável. Só mais surpreendente que estas elucubrações é o fato que “seo Floris” nunca foi reconhecido pela maioria dos arcoverdenses, com ou sem sua gravata! Meu herói nunca brigou com vilões. Tampouco com quem quer que seja. Jamais sequer elevou a voz. Benévolo, voluntarioso, verdadeiro gentleman, na acepção do termo. Confesso baixinho, apenas aos idosos: Cá para nós, o super-homem sempre existiu. Digam-no os arcoverdenses que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Jovens: agora que asseguram-no morto, sua identidade secreta pode (até) ser revelada; mas vós não sabereis quem foi Florismundo José de Oliveira. A ti, um abraço, pai. Certamente a notícia é um verdadeiro choque. Contudo, espero que nenhuma pessoa guarde mágoas pela revelação dessa identidade secreta. Afinal, tupiniquins, muitos poderão pensar: super-herói tem necessariamente que ser internacional, forte e enfrentar (de uma única vez) um magote de "bandidos". Batman. Rambo. Sr. Presidente dos EUA... Brasileiro mesmo é Jeca Tatu ou Macunaíma. Meu beijo.

Recife, 14 de Outubro de 2004.
Hélio Magalhães de Oliveira





FLORISMUNDO & IZAURA 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

@arcoverde.e.cia

Follow Me